Em parceria com a Nestlé, Recicleiros faz pesquisa socioeconômica e de impacto com catadores

O Instituto Recicleiros, em parceria com a Nestlé, realizou uma pesquisa socioeconômica com catadores de materiais recicláveis que fazem parte do Programa Recicleiros Cidades. O objetivo é compreender a situação dos cooperados, medir a percepção dos profissionais sobre o trabalho realizado nas praças para desenvolver ações que contribuam positivamente e gerem impacto social tanto para as pessoas quanto para as cooperativas incubadas por Recicleiros.

“Nossa parceria é construída com base no conceito de inovação aberta. Convidamos a Nestlé não apenas para investir na Academia Recicleiros do Catador, mas para participar ativamente e trabalharmos juntos para gerar dados que vão servir de base para criar soluções e melhorias que impactem diretamente o dia a dia das organizações de catadores”, diz Ana Carolina Finardi, coordenadora de Negócios do Instituto Recicleiros. 

Promovida pelo segundo ano consecutivo, a pesquisa evoluiu e abordou neste ano cinco aspectos centrais: perfil; alimentação; trabalho nas cooperativas; avaliação das cooperativas; e visão sobre o Instituto Recicleiros. Esses dois últimos temas foram as novidades em relação à pesquisa do ano anterior.

“Como organização da sociedade civil, nossa missão estatutária inclui a promoção do desenvolvimento econômico e social, o combate à pobreza e a mobilidade social de indivíduos em situação de vulnerabilidade. O Programa Recicleiros Cidades é uma das principais ferramentas que utilizamos para atingir esses objetivos. A pesquisa de impacto com catadores é essencial para garantir que estamos no caminho certo. Essa pesquisa não só avalia se nossos esforços estão gerando os resultados desejados, mas também oferece indicadores valiosos que nos permitem medir a eficácia do programa ao longo do tempo”, afirma Ana Luisa Beall, Head de Compliance e Governança do Instituto Recicleiros.

“Com base nas informações coletadas, podemos identificar os pilares do programa que necessitam de melhorias, garantindo uma atuação mais efetiva e direcionada. Assim, a pesquisa de impacto se torna uma ferramenta estratégica para assegurar que nossa organização continue a promover mudanças significativas na vida dos catadores e na comunidade em geral”, acrescenta Ana.

Números da pesquisa

Ao todo, foram ouvidas 189 pessoas, a maioria mulheres (63%). 30% têm entre 25 e 34 anos e 27% entre 18 e 24 anos. Com relação à escolaridade, 30% possuem ensino médio completo, 21% ensino médio incompleto e 20% possuem ensino fundamental incompleto. Quanto à raça, 53% se identificam como pardos, 26% como brancos e 17% como pretos. No que se refere à moradia, a maioria reside em casas alugadas na periferia da cidade.

No aspecto da alimentação, a pesquisa constatou que a principal refeição do dia para os cooperados é o almoço. Entre os entrevistados, 22% afirmaram receber doações de refeições ou alimentos.

Em relação ao trabalho na cooperativa, 88% relataram uma melhoria na qualidade de vida após ingressarem na Unidade de Processamento de Materiais Recicláveis (UPMR). Desses, 71% citaram os treinamentos e aprendizados no trabalho, 67% o aumento da renda e 57% mencionaram que se sentem mais valorizados no dia a dia. 

O ambiente geral da cooperativa – acolhimento, limpeza, organização, segurança, iluminação e saúde e bem-estar – foi amplamente bem avaliado, com exceção da temperatura, que ficou abaixo da média.

“Realizar a pesquisa com os catadores das cooperativas assessoradas por Recicleiros foi uma experiência bastante reveladora. Além de possibilitar conhecer a efetividade do nosso trabalho no processo de incubação da cooperativa, a pesquisa apresentou informações valiosas sobre a repercussão na vida dessas pessoas. Vimos percebendo que de fato há o impacto econômico, nas citações de melhoria das condições de vida e de trabalho, mas o que também tem chamado a atenção, é que muitos expressam o desejo de retomar a vida escolar, preocupação com as questões dos cuidados com a própria saúde e da família”, analisa Lusimar Guimarães Pereira, gerente do Núcleo de Desenvolvimento do Catador do Instituto Recicleiros.

A maioria dos cooperados recomendaria a cooperativa a um amigo ou conhecido como local de trabalho. 46% dizem estar satisfeitos em trabalhar na cooperativa e 34% se dizem muito satisfeitos. De modo geral, os cooperadores se sentem valorizados e reconhecem o impacto positivo que têm tanto para si mesmos quanto para a cooperativa. Além disso, consideram-se bem instruídos para realizar suas atividades diárias.

Por fim, os entrevistados reconhecem que o Instituto Recicleiros apoia de maneira positiva o seu trabalho, com o objetivo de promover mais dignidade e autonomia.

Recicleiros é uma OSC. Mas, o que isso significa?

OSC, OSCIP, ONG … o universo do terceiro setor tem algumas siglas que às vezes podem causar certa confusão no público. Porém, é importante conhecer algumas terminologias e suas conceituações. Assim, neste post vamos trazer luz a esse tema tão interessante.

Recicleiros é uma OSC, qualificada como OSCIP, e que também pode ser chamada de ONG. Complexo? Num primeiro momento, pode até parecer que sim. Mas, vamos começar esclarecendo as siglas, o que já vai deixar tudo mais claro. 

OSC é uma Organização da Sociedade Civil, ou seja, uma entidade que desenvolve ações de interesse público e relevância social sem visar lucro. O termo OSC está na Lei n° 13.019/2014, o Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil (MROSC), legislação que regulariza a atuação das OSCs no Brasil.

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OSCIP é a sigla de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público. Essa qualificação é concedida pelo Ministério da Justiça para organizações que atendam os requisitos da Lei nº. 9790/99 e tenham ao menos três anos de constituição. As duas leis (OSC e OSCIP) trazem requisitos referentes às boas práticas de governança; formas de relacionamento com o poder público e possibilidade de receber doações de empresas com incentivo fiscal. 

Por fim, uma ONG é uma Organização Não Governamental, isto é, uma entidade de caráter privado, sem fins lucrativos e que se dedica a diferentes causas, tais como sociais e ambientais. É uma espécie de apelido para as Organização da Sociedade Civil, nome este mais usual hoje em dia.

Na prática, o Instituto Recicleiros é uma Organização da Sociedade Civil (OSC), legalmente estabelecida, logo, uma associação sem fins lucrativos que está adequada à lei do Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil e conta com a qualificação de OSCIP e, portanto, pode receber investimentos público ou da iniciativa privada para o desenvolvimento de suas atividades. E, também, pode ser chamada de ONG.

Associação sem fins lucrativos, mas com movimentação financeira?

Nesse contexto, o que significa ser uma organização sem fins lucrativos? Afinal, o Instituto Recicleiros tem movimentação financeira. Significa que pode ter atividade econômica, mas todo lucro, que é chamado de superávit no terceiro setor, deve ser investido nas finalidades a que se propõe, as quais estão estabelecidas no estatuto social, formado por regras internas que a própria organização define mais aspectos legais. 

O lucro por sua vez, não pode ser distribuído entre a diretoria, associados e os colaboradores, isso não é permitido pela lei. Então, quanto maior e mais impacto a OSC gerar, melhor. 

“Com regras mais rígidas que uma empresa, a OSC segue vários requisitos e princípios de boas práticas de governança que precisam ser cumpridos. Por exemplo, a organização tem que ser apartidária, divulgar as atividades financeiras, os relatórios de atividades, o estatuto social e a composição dos órgãos dirigentes”, explica Paula Mello, advogada e consultora jurídica do Instituto Recicleiros. 

Por fim, toda a movimentação financeira é pública, os documentos contábeis das OSCs são públicos porque essa é a prerrogativa legal. A sociedade pode ter acesso a essas informações das organizações. 

Na página de Transparência de Recicleiros, estão disponíveis ao público vários documentos, por exemplo, Balanço Patrimonial, Relatório Anual de Atividades, Estatuto Social, Certidões e Qualificações.

Recicleiros lança Relatório de Impacto Socioambiental 2023

Alinhada com sua política de inovação, transparência e governança, o Instituto Recicleiros lança oficialmente neste 17 de julho, a versão 2023 do seu Relatório de Impacto Socioambiental. 

Em sua segunda edição, o documento aberto ao público mostra os principais feitos da organização no decorrer de todo o ano passado em suas mais variadas frentes. E, mais do que isso, como esse movimento integrado da instituição está criando impacto socioambiental positivo ao envolver todo ecossistema da reciclagem, ou seja, catadores, gestão pública, setor empresarial e sociedade.

Ao longo de mais de 50 páginas, a nova edição do relatório anual traz um raio-x com os números atualizados das cooperativas que fazem parte do Programa Recicleiros Cidades, e também mostra como as iniciativas pioneiras de Recicleiros estão promovendo a mobilização social das catadoras e dos catadores que fazem parte das cooperativas de reciclagem incubadas.

Baixe aqui o Relatório de Impacto Socioambiental 2023 do Instituto Recicleiros.

Boa leitura!

A importância da gestão pública para o sucesso da reciclagem

O Brasil ainda está distante de taxas minimamente aceitáveis de reciclagem. Apesar da Política Nacional de Resíduos Sólidos, a reciclagem caminha a passos lentos por uma série de razões e ainda tem um longo caminho pela frente. Nesse contexto, qual a importância da gestão pública para o sucesso da reciclagem?

Colocar os materiais de volta ao ciclo produtivo, proporcionar a reciclagem, é tarefa do município, mas como fazer? “Cabe ao município saber a quantidade de resíduos que seu município produz e as suas características. Após essa etapa, é hora de buscar ajuda técnica para poder mensurar e ter proposições de como ter a coleta seletiva. Às vezes, para um município menor, somente alguns pontos de entrega voluntária já são suficientes para receber todo material reciclável da cidade. Em outros casos, é preciso mensurar uma frota de caminhões que consigam cobrir a cidade, ou até mesmo ter as soluções conjugadas”, diz Andréa Portugal, gerente de operações do Instituto Recicleiros.

A coleta seletiva deve ter um local adequado para levar esses resíduos de forma que eles possam ser separados por tipo e comercializados. Assim, evita-se que o aterro sanitário esgote seu tempo de vida útil antecipadamente, o que gera mais custos e impactos ambientais ao município. É nesse momento que entram as organizações de catadores que, preferencialmente, devem receber esse material e, obviamente, serem remuneradas pelo serviço que prestam à cidade.

Mas, a responsabilidade do município não para por aí. Agora que começa a parte mais sensível: como informar e educar os seus munícipes, para que todo sistema de coleta seletiva funcione? As informações referentes a coleta seletiva e reciclagem devem ser repassadas com recorrência. E as repartições públicas devem ser o primeiro lugar onde essa prática deve acontecer. Logo, treinar os servidores é fundamental, afinal, a prefeitura deve dar o exemplo para toda a população.

A escola é outro local de vital importância para o sucesso da reciclagem. Um município com resultados efetivos passa pelo trabalho na base. O engajamento no dia a dia de todas as escolas fazendo a separação e a destinação é de extrema importância. A cultura da coleta seletiva e reciclagem precisam fazer parte do currículo escolar, da diretoria e do corpo docente. Portanto, deve haver treinamento e condições de se levar as boas práticas aos alunos.

A responsabilidade da gestão pública dentro da coleta seletiva e reciclagem

É bom recordar que a coleta seletiva está dentro dos serviços de saneamento básico sob a responsabilidade da municipalidade, como está descrito na Política Nacional de Saneamento Básico, de 2007. 

Os gestores municipais devem oferecer aos munícipes os serviços de coleta seletiva para 100% de sua população, ou seja, não se trata de luxo, mas de um serviço essencial, uma obrigação prevista em lei a fim de dar condições para que esse material seja processado e volte ao ciclo produtivo, dentro de uma economia circular.

“Conforme a Política Nacional de Resíduos Sólidos, é obrigação do município dar destinação adequada aos resíduos gerados dentro de seu território, e a coleta deve ter ao menos duas frações: os recicláveis secos – plásticos, vidro, papel e metal – e orgânicos mais rejeitos. Cabe ao município garantir que somente irá para o aterro sanitário, ou outra forma permitida de disposição final, rejeito que não tenha outra possibilidade que não essa”, acrescenta Andréa.

Fato é que quando os gestores públicos entendem que a coleta seletiva é um ganho para o município, tudo tende a fluir. Quando todo o sistema funciona, o que se vê é geração de trabalho e renda, desonerando a parte assistencial do município; redução dos pontos de descarte irregular, o que reduz os casos de doenças ocasionados pelos vetores que ali se hospedam; a vida útil dos aterros aumenta, entre outros benefícios. Dessa forma, os resultados da coleta seletiva devem ser muito bem divulgados junto à sociedade.

Responsabilidade compartilhada

Há um grande desafio quando falamos de responsabilidade compartilhada dentro da legislação, pois não está claro até onde vai a responsabilidade de cada ator. 

O Programa Recicleiros Cidades deixa essas responsabilidades mais nítidas quando, por exemplo, faz a proposição da realização da coleta seletiva pela prefeitura, como previsto na legislação atual, a alocação de recursos da logística reversa para estruturação do processo de triagem e qualificação das cooperativas, incluindo o cidadão, que também deve fazer a sua parte separando e destinando os recicláveis para a coleta seletiva.

“Recicleiros vem testando e mapeando as melhores práticas no processamento de recicláveis, em especial de embalagens, que representa cerca de 70% do resíduo reciclável recolhido na coleta seletiva. O Instituto está empreendendo esforços para levantar seu custo para que seja possível apresentar a indústria e governos as etapas necessárias para o retorno ao ciclo produtivo. Esse custo tem de considerar um local com condições adequadas e uma remuneração mínima aos profissionais envolvidos no processamento, os catadores”, explica Andréa Portugal.

Educação ambiental e fiscalização

De acordo com Andréa, a gestão pública deve trabalhar de forma assídua na educação ambiental. Porém, deve-se, em primeiro lugar, repensar a ideia que educação ambiental é cartilha, folheto e palestras, porque é muito mais.

“Começa nas escolhas feitas pela prefeitura, por exemplo, com as compras públicas, que devem ter menor impacto. Afinal, viver é gerar resíduos, então a gestão pública deve cuidar de cada ato, como eliminar o uso de copos descartáveis de uso único, retirar as lixeiras debaixo das mesas e oferecer recipientes para descarte de recicláveis secos e orgânicos. São ações simples que fomentam uma mudança de comportamento”, sugere.

Ela acrescenta que o gestor público deve, em um primeiro momento, fazer o dever dentro de casa. Ou seja, todas as repartições públicas, em especial as que recebem público externo, como unidades de saúde, assistência social, escolas etc, com pessoas treinadas. Junto disso, informar a todo tempo a população como separar os recicláveis para a coleta seletiva, seja por meio de treinamentos, cartilhas, folhetos, rádio e outros, assim como é feita a mobilização para uma campanha de vacinação. 

Com relação à fiscalização, existe a necessidade de ter uma legislação sobre responsabilidades bem clara no município. Recicleiros, inclusive, disponibiliza dentro da sua plataforma voltada para a formação do gestor público, projetos de lei para que as prefeituras consigam embasar a fiscalização.

“Para a coleta seletiva acontecer, precisa haver a fiscalização por parte da gestão pública. Primeiro, a coleta seletiva tem de estar constituída, depois informar e educar a população e depois disso, pedagogicamente, multar quando for necessário”, diz Andréa Portugal.

Taxa para serviço municipal de coleta seletiva

O Marco Legal de Saneamento Básico, na lei 14.026/2020, apresenta a determinação do governo federal de que os municípios devem cobrar a taxa para cobrir os custos do serviço municipal de coleta de lixo. Quando esse valor para prestação desse serviço não é cobrado, assim como acontece com energia e água, por exemplo, o que de fato ocorre é que esse valor acaba saindo dos cofres públicos, sem a transparência que deveria ter.

“Os gestores públicos precisam entender que coleta seletiva e reciclagem não tem a ver com um mandato, mas uma política pública. Esse aspecto é fundamental”, encerra.

Cooperativa ou associação: qual a forma mais adequada para a atividade de reciclagem?

A Formação Técnica e Humana para Cooperativas de Reciclagem, ministrada pelo Núcleo de Desenvolvimento do Catador (NDC), e que integra a plataforma online Academia do Catador – com lançamento previsto para o segundo semestre de 2024 –, foi concebida especialmente para ser desenvolvida no modelo organizacional cooperativista. Isso se deve principalmente pelo apreço aos fundamentos do cooperativismo, mas também por questões técnicas e legais. 

Portanto, é fundamental conhecer a diferença entre cooperativa e associação para entender a recomendação do NDC, a fim de que as organizações de catadores que desejam se beneficiar da Formação Técnica oferecida gratuitamente pelo Instituto Recicleiros, se constituam como cooperativas.

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Fato é que a maioria das organizações de catadores do país estão constituídas sob a forma jurídica de Associação ou de Cooperativa. A opção por Associação se deve ao contexto dos grupos de catadores, que, de modo geral, necessitam de apoio da assistência social, além da simplicidade do processo de registro da organização, que é realizada em cartório. No caso de Cooperativa, por sua vez, a organização é registrada obrigatoriamente na Junta Comercial, que cuida criteriosamente da forma de institucionalização. 

Associação x Cooperativa

As associações são indicadas para levar adiante uma atividade social: o gerenciamento é mais simples, o custo de registro é menor e têm como finalidade a promoção de assistência social, educacional, cultural, representação política, defesa de interesses de classe ou filantropia. Está amparada na Constituição Federal – art. 5º, de XVII a XXI, e art. 174, §2º e Código Civil (Lei nº 10.406/2002).

Já as cooperativas têm objetivo essencialmente econômico, e seu principal foco é viabilizar o negócio produtivo dos associados no mercado, além de ser o meio mais adequado para desenvolver uma atividade comercial em média ou grande escala, de forma coletiva. Do ponto de vista jurídico, está amparada pelas Lei nº 5.764/1971; Lei nº 12.690/2012; Constituição Federal – art.5º, de XVII a XXI, e art. 174, §2º e Código civil (Lei nº 10.406/2002).

Ambos são modelos organizacionais associativos, mas é importante conhecer as diferenças e semelhanças, para fazer a escolha mais apropriada.

Principais diferenças

Essa diferença de natureza estabelece as responsabilidades dos gestores e associados, o tipo de vínculo e a participação nos resultados das organizações. Veja as principais diferenças entre Cooperativas e Associações.

Patrimônio

Na cooperativa, os associados são os donos do patrimônio. Ao deixar a cooperativa ou no caso de liquidação da sociedade, o cooperado tem direito à devolução do seu capital. Na associação, o patrimônio pertence à associação (pessoa jurídica). Ao deixar a associação, o associado não terá, necessariamente, direito à restituição de seu capital. O patrimônio acumulado, no caso de sua dissolução, deve ser destinado a outra instituição semelhante.

Resultados

Os resultados da atividade da cooperativa revertem para os seus cooperados. Por deliberação de assembleia geral, os resultados econômicos (as sobras) das operações anuais, podem ser distribuídos entre os cooperados. Já na associação, os resultados revertem para seus objetivos organizacionais, e não podem ser distribuídos entre os associados, retornando à própria associação.

Remuneração

O trabalho realizado pelos cooperados por meio da cooperativa deve ser, necessariamente, remunerado. No caso da associação, o associado poderá realizar trabalhos remunerados, voluntários ou sequer realizar atividades profissionais.

Compromissos financeiros

Os cooperados são igualmente responsáveis pelos compromissos financeiros da cooperativa. Isso facilita o acesso a financiamentos ou empréstimos por instituições financeiras e outros compromissos e contratos comerciais e processos de capitalização. Os associados não são diretamente responsáveis pelos compromissos financeiros da associação. Isso dificulta a aquisição de financiamentos e empréstimos. Contratos comerciais são limitados pelos objetivos sociais.

Qual é o modelo mais adequado para sua organização?

A compreensão dessas diferenças é o que determina a melhor adequação de um ou outro modelo. Enquanto a Associação é adequada para uma atividade social, a Cooperativa é mais compatível para desenvolver uma atividade econômica de forma coletiva.

Agora que você sabe a diferença entre elas, com qual modelo apresentado a sua organização mais se assemelha? Se parece com uma cooperativa, mas é uma associação, talvez seja o momento de corrigir isso. Atuar em um formato jurídico não apropriado pode prejudicar as relações com o mercado e restringir o desenvolvimento adequado da organização.

E se você faz parte de um grupo de pessoas que pretende montar um empreendimento coletivo de interesse comum com o objetivo de melhor remunerar o trabalho de seus membros, por meio da atividade de reciclagem, o modelo oportuno e juridicamente adequado é o de cooperativa.

Ao longo de sua história, o Instituto Recicleiros, por meio do Núcleo de Desenvolvimento do Catador, já formou 11 cooperativas de reciclagem do zero e, também, apoiou associações a se tornarem cooperativas dentro do Programa Recicleiros Cidades.

Reciclando o Futuro: conheça o projeto Recicleiros de educação ambiental nas escolas municipais

O Instituto Recicleiros, por meio do time de Mobilização e Marketing, iniciou neste ano um projeto piloto diferenciado de educação e conscientização ambiental nas escolas municipais, em parceria com prefeituras e secretarias de educação e meio ambiente. 

Batizado de Reciclando o Futuro, o objetivo é promover educação ambiental constante para esta e as próximas gerações nas cidades em que o Programa Recicleiros Cidades está em andamento. No momento, o projeto está em operação em seis municípios: Caçador (SC), Cajazeiras (PB), Caldas Novas (GO), Garça (SP), Naviraí (MS) e Serra Talhada (PE).

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A ideia surgiu da vontade de estar presente dentro das escolas, levando a educação ambiental, os materiais recicláveis e a coleta seletiva para o dia a dia dos alunos nos anos iniciais do ensino fundamental, sempre evidenciando a importância da reciclagem. E a expectativa do projeto é impactar a população das cidades por meio da educação ambiental, acarretando no aumento de massa para a cooperativa de reciclagem através da coleta seletiva municipal.

“O Reciclando o Futuro é voltado para alunos do ensino fundamental I, porém, impacta diretamente os docentes que têm acesso às atividades, planos de aula e material de apoio, e são responsáveis por repassar o conteúdo no melhor formato e didática. E indiretamente também atinge os responsáveis pelos alunos, que também são encorajados a participarem do projeto dentro de casa junto com as crianças”, explica Flavia Natero, analista de marketing do Instituto Recicleiros.

Educação ambiental na teoria e na prática

A equipe de Mobilização e Marketing de Recicleiros é responsável pela criação dos conteúdos e materiais, os mobilizadores locais enviam para as secretarias ou diretorias de escolas, que distribuem aos professores. Esses, por fim, aplicam os conteúdos em sala de aula. Todo mês tem uma atividade diferente.

“O diferencial do Reciclando o Futuro é ter uma trilha de conhecimento muito didática e apropriada para a idade. No primeiro semestre, convidamos os alunos a conhecerem os materiais recicláveis e a terem um olhar sobre o seu próprio consumo e como realizar o descarte correto. Já no segundo semestre, o intuito é falar sobre o descarte de forma incorreta, mostrando as consequências das suas ações e da irresponsabilidade do seu consumo. Tratamos também da destinação final daquele reciclável que o aluno teve tanto contato o ano inteiro, encerrando assim com a economia circular”, conta Mariana Almeida, analista de marketing do Instituto Recicleiros.

O projeto tem duração de 11 meses. Na teoria, percorre a trilha de conhecimento proposta por Recicleiros mês a mês e, na prática, faz atividades lúdicas mensalmente com os alunos em sala de aula para demonstrar, de fato, como é fácil e importante reciclar.

Mascotes para tornar a reciclagem mais lúdica

Para tornar a reciclagem mais amigável e próxima das crianças, o projeto conta com mascotes que representam cada um dos recicláveis – plástico (Pati), vidro (Vitor), papel (Pepe), metal (Mel) e óleo de cozinha (Léo) –, além do rejeito (Renê). “Pensamos que as crianças precisavam ter mais intimidade e afeto com os recicláveis para criarem vínculo com o tema e de fato terem vontade de realizar a ação corretamente. Assim surgiram os personagens com representatividade e acolhimento”, comenta Flavia.

As primeiras impressões do Reciclando o Futuro são positivas. Até o momento, as cidades que estão aplicando a trilha do conhecimento têm dado bons retornos. Os alunos estão se envolvendo com as atividades e se identificando com as personagens e os professores estão se mostrando satisfeitos com os planos de aula. 

A intenção do time de Mobilização e Marketing é que o projeto Reciclando o Futuro se torne perene, replicado nos anos seguintes com novos conteúdos e até mesmo, para novos anos escolares, a fim de difundir cada vez mais a educação ambiental e a importância da reciclagem nos municípios brasileiros.

Recicleiros e Owens-Illinois retiram 130 toneladas de vidro na Vila de Jericoacoara

O Instituto Recicleiros e a Owens-Illinois se juntaram para retirar, no início deste ano, 130 toneladas de embalagens de vidro, equivalente a cerca de 650 mil garrafas da Vila Jericoacoara, no Ceará, um dos destinos turísticos mais conhecidos do Brasil. A Vila costuma gerar em média, por dia, nada menos do que 2,5 toneladas de vidro.

A ação inédita também contou com a Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis de Jericoacoara e o Grupo HEINEKEN para fazer a destinação ambientalmente correta dos materiais, encaminhados para a reciclagem. 

Para resolver a situação pontual, Recicleiros, O-I e a Cooperativa, com apoio do Grupo HEINEKEN, se uniram numa força tarefa para viabilizar um esquema logístico emergencial e, em aproximadamente 30 dias, retiraram o material acumulado na Vila para um transbordo localizado no município Jijoca (CE), de onde partiram grandes caminhões com esse vidro para reciclagem.

Ao todo, foram enviados quatro caminhões carregados de vidro tendo como destino a planta da Owens-Illinois em Recife (PE). O custo da operação considerou uma remuneração justa e ética por tonelada processada pelo trabalho da Cooperativa.

Os desafios da operação

 A geografia complexa na região, formada por dunas de areia que cercam a Vila de Jericoacoara, torna a reciclagem de garrafas de vidro muito desafiadora. Escoar o vidro de Jeri para reciclagem é uma tarefa que exige uma infraestrutura logística bem estruturada, além da proximidade da indústria recicladora ao local. 

Portanto, para que a operação se torne economicamente viável, é necessário carregar a maior quantidade possível de vidro em cada caminhão, pois a indústria recicladora mais próxima está a mais de 1000 km de distância, no Recife (PE). 

Tudo isso tem feito da destinação ambientalmente adequada do vidro descartado em Jeri um desafio que exige uma visão integrada e colaborativa entre o ecossistema envolvido.

“O vidro é um material permanente, inerte e infinitamente reciclável. A principal barreira para que continue sua jornada circular na cadeia é conseguir com que ele chegue em boas condições até nossas fábricas. Através da responsabilidade compartilhada e união de esforços entre diferentes atores, estamos comprometidos em buscar soluções para tornar possível e viável que o vidro consumido em destinos paradisíacos e com longas distâncias de fábricas não acabe seu ciclo de vida de forma precoce, e possa se tornar uma nova garrafa, diminuindo a necessidade de extração de matéria-prima virgem”, comenta Alexandre Macário, gerente de economia circular da Owens-Illinois. 

Agora, os esforços do Grupo HEINEKEN, Recicleiros e O-I estão voltados para o estabelecimento de uma solução para que o retorno desse material para a cadeia produtiva seja feito de maneira permanente e definitiva. A expectativa é que sejam realizados investimentos em infraestrutura e processos otimizados, além da garantia de compra do vidro para que seja transformado em novas embalagens e garanta assim a economia circular do material com  impacto social.

“Essa estruturação trará eficiência operacional e redução de custo na logística da recuperação do vidro na vila”, comenta Erich Burger, fundador e diretor institucional de Recicleiros.

Jeri e o Programa Recicleiros Cidades

A Vila de Jericoacoara foi o território piloto do Programa Recicleiros Cidades, iniciativa estruturante em coleta seletiva e reciclagem inclusiva, focada na geração de adicionalidade nos municípios brasileiros e viabilizada pelo conceito de Massa Futura – posteriormente regulamentado pelo decreto federal 11.413/23.

“Estamos gratos a equipe inteira envolvida junto à Cooperativa. Geramos hoje em torno de 75 toneladas/mês de vidro e ele se acumula muito rápido. A retirada constante desse material é de extrema importância para a preservação de Jeri e para a renda dos cooperados”, enfatiza Edicarlos Araújo, presidente da Cooperativa de Catadores de Jericoacoara.

Atualmente, o município conta com uma Lei Municipal de Coleta Seletiva, um sistema de cadastramento e fiscalização de grandes geradores e uma unidade de triagem equipada, com processos produtivos definidos e catadores treinados para operação e gestão.

 

Recicleiros fecha parcerias para promover mudança de comportamento para reciclagem

O Brasil recicla hoje apenas 4% de seus resíduos sólidos, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Esse percentual está muito aquém dos 16% vistos em países como Chile, Argentina, África do Sul e Turquia, cuja faixa de renda e grau de desenvolvimento econômico são semelhantes, conforme dados da International Solid Waste Association (ISWA).

Fato é que esse baixo índice de materiais que voltam para a cadeia produtiva nas indústrias passa diretamente pelos hábitos arraigados dos brasileiros, que ainda misturam orgânicos com materiais recicláveis, e pouco destinam seus resíduos para a coleta seletiva. Portanto, sem dúvida, é preciso avançar de forma significativa na mudança de comportamento dos cidadãos, sobretudo no que diz respeito à reciclagem. 

Dentro deste cenário, o Instituto Recicleiros, ciente de sua vocação laboratorial e alinhado com seu compromisso com a sociedade brasileira, tem testado novos caminhos para facilitar a educação ambiental e contribuir para a expansão perene e gradual da coleta seletiva e reciclagem no país. Por isso, tem trabalhado em parceria com outras instituições comprometidas com o mesmo propósito: a mudança de comportamento das pessoas em benefício da reciclagem.

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Hoje, Recicleiros desenvolve atividades junto a outras duas instituições que servem a essa mesma causa: Delterra e Espaço Urbano. O objetivo é unir esforços, trocar experiências práticas e insights, e testar em uníssono novas possibilidades, a fim de fomentar a cultura da reciclagem por meio de novos hábitos e atitudes.

“Estamos unindo esforços de olho na mudança de comportamento das pessoas, inclusive para aumentar o volume de massa de recicláveis dentro das cooperativas incubadas por Recicleiros, gerando mais renda para os cooperados. Delterra e Espaço Urbano estão fazendo trabalhos parecidos, então, por que não unir para potencializar os resultados?”, diz Luciana Ribeiro, analista de projetos do Instituto Recicleiros.

Duas parcerias e novos testes e abordagens

Cada parceria tem as suas particularidades e seus objetivos específicos, embora todos estejam alinhados com a mudança de comportamento. E cada uma funciona em um território diferente: Guaxupé (MG) e Piracaia (SP), todas cidades nas quais operam uma Unidade de Processamento de Materiais Recicláveis (UPMR) em fase de incubação por Recicleiros.

A união com Delterra tem como território base a cidade de Guaxupé (MG), e a proposta é desenhar um modelo de ação amparado na experiência do usuário. Isso envolve pesquisa de campo, testes, entrevistas presenciais e online para a criação de uma campanha de comunicação massiva em favor da reciclagem. 

Neste momento, o conceito criativo da campanha está pronto, e o passo seguinte é testar em um microterritório, que pode ser um bairro ou uma rota de coleta, para avaliar a efetividade e eventualmente adaptá-lo para que seja expandido em todo o município mineiro. Vale citar que Delterra e Recicleiros são apoiadas pela AEPW, Alliance to End Plastic Waste.

“É um prazer para a Delterra unir forças com um parceiro consagrado e apaixonado como a Recicleiros, temos tanto em comum. Através da troca de aprendizagens e experiências em mudança de comportamento e outras áreas relacionadas com a gestão de resíduos, a nossa esperança é encorajar a expansão deste tipo de projeto, que beneficia tanto o ambiente como as comunidades locais”, diz Federico Di Penta, Diretor Regional da América Latina.

Com relação a Espaço Urbano, que iniciou as ações no município de Piracaia (SP), a abordagem é diferente, vai por outro caminho, mas tem o mesmo fim: a mudança de comportamento. A metodologia testada é atrelar a reciclagem a assuntos diversos, utilizando a gamificação, ou seja, a partir de mecanismos e dinâmicas para motivar e, ao mesmo tempo, ensinar as pessoas de forma lúdica. Por exemplo, os munícipes são incentivados a doar seus recicláveis a fim de ajudar a causa animal – os materiais recicláveis valem ração para atender cães de rua.

Além disso, a Espaço Urbano não dialoga diretamente com os consumidores, mas trabalha junto a influenciadores sociais, como religiosos, líderes sociais, com a ideia que eles sejam multiplicadores da mensagem e possam impactar as pessoas que estão ao seu redor em favor da reciclagem. Assim, a organização não mobiliza pessoas, mas forma mobilizadores.

Criação de novos hábitos em Campo Largo

Em Campo Largo (PR), a startup so+ma, especializada em engajamento do consumidor, e tendo como base princípios da ciência comportamental e tecnologia, soma com o Instituto Recicleiros, mudando os hábitos dos cidadãos e trazendo mais volume e de qualidade para a unidade local do Recicleiros. 

Presente em quatro estados brasileiros, o programa so+ma vantagens reconhece as atitudes socioambientais do participante oferecendo benefícios e promovendo a economia circular na prática. A parceria com o Instituto Recicleiros se concretizou por meio da SIG, patrocinadora semente de Recicleiros, que oferece soluções para embalagens cartonadas assépticas, e grande apoiadora das duas organizações.

A ação em Campo Largo (PR), que tem também o apoio do Governo do Paraná e Prefeitura de Campo Largo, atua em duas frentes: com uma unidade de recebimento chamada casa so+ma e aprendizagem na prática em escolas. A casa so+ma é um ponto de recebimento onde os munícipes trocam seus recicláveis por pontos que podem ser convertidos em benefícios como alimentos, itens de higiene, cursos, entre outros produtos.

Em ação com escolas municipais, os alunos levam seus recicláveis, são cadastrados, acumulam créditos e podem trocar por materiais escolares, brinquedos, ingressos de cinema e vale-cultura.    

Todo o material recebido através do  programa so+ma vantagens é doado para a Recicla Campo Largo, cooperativa incubada pelo Instituto Recicleiros por meio do Programa Recicleiros Cidades. Em menos de doze meses, já foram quase 90 toneladas de recicláveis recebendo destinação correta através do programa com engajamento da população.

Em parceria com Instituto Heineken, Academia do Catador promove treinamento de consumo consciente de álcool para catadores

Com o objetivo de conscientizar catadoras e catadores de materiais recicláveis sobre o consumo consciente do álcool, o Instituto Recicleiros, por meio da Academia do Catador, promoveu um treinamento específico sobre o tema em parceria com o Instituto HEINEKEN. A jornada completa da Formação Técnica e Humana de Cooperativas de Reciclagem já foi aplicada em 12 cooperativas incubadas pelo Instituto Recicleiros. Ao todo, 248 catadoras e catadores de várias partes do país participaram do curso.

Com duração de 12 horas, o curso está divido em 3 módulos com temas e objetivos específicos: A sociedade e o consumo do álcool; Causas e efeitos do consumo do álcool; e Direcionamento e soluções. Junto à formação, os catadores e catadoras receberam uma cartilha desenvolvida em parceria com o Instituto HEINEKEN que trata da importância de beber com responsabilidade para viver melhor e mais feliz.

Discussões sobre temas que envolvem vida e trabalho

Para Kellen Sanches e Lusimar Guimarães, que fazem parte do time da Academia do Catador do Instituto Recicleiros, e responsáveis pelo desenvolvimento do curso e a preparação dos multiplicadores do conteúdo, abordar a questão do consumo de álcool para o público das cooperativas significa envolvê-los em um tema que afeta a vida pessoal e profissional.

“Levar o assunto para os cooperados e poder debater sobre ele de forma transparente, evitando qualquer viés moral, demonstrando que o consumo em excesso pode ser considerado uma doença, proporcionou que os grupos fizessem correlação com situações do dia a dia das famílias, das organizações”, conta Lusimar, gerente do Núcleo de Desenvolvimento do Catador (NDC).

Kellen complementa: “desenvolver esse curso, sem dúvida, foi um grande desafio, ainda mais quando pensamos em nosso público e toda a sua vulnerabilidade, e foi pensando nisso que optamos por transformar as falas e exemplos da forma mais leve possível. Sem dúvida, aí está o grande diferencial, falar de algo tão importante de forma única e exclusiva. Foi um grande prazer!”.

Treinamento estará disponível gratuitamente na Academia do Catador

Este treinamento será aplicado periodicamente para novos cooperados que ingressarem nas cooperativas incubadas por Recicleiros e, ainda no primeiro trimestre de 2024, estará disponível gratuitamente na Academia do Catador, plataforma online que será lançada com apoio do Instituto HEINEKEN, da SIG Group e Nestlé, e terá conteúdos formativos diversos para catadoras e catadores de todo o Brasil que atuam em cooperativas de reciclagem.

“O Instituto Heineken tem como objetivo oferecer capacitação, contribuir com o desenvolvimento de habilidades socioemocionais e empreendedoras, e com a geração de renda a catadores e catadoras, profissionais que muitas vezes são invisibilizados pela sociedade, mas que são essenciais para a cadeia da reciclagem no Brasil. Acreditamos que a transformação da sociedade por meio do equilíbrio é fundamental, e por isso investimos em iniciativas como a Academia do Catador, que fornece informações sobre o consumo responsável de álcool. Essa é uma ação importante para uma sociedade mais sustentável no longo prazo e para uma melhor relação das pessoas com nossos produtos”, afirma Vânia Guil, gerente executiva do Instituto HEINEKEN.

A visão das cooperadas

“Aprendi muitas coisas, como consumir álcool com responsabilidade, quando beber não dirigir como forma de respeitar a si e ao próximo, e da importância do consumo com moderação. O alcoolismo é muito perigoso, vivi isso com a minha família”, conta Doralice de Oliveira, da Recicla Piracaia (SP).

“O treinamento do Consumo Consciente de Álcool me ajudou. Entendi, por exemplo, a importância de estar alimentada para consumir minha cerveja, então hoje consigo me alimentar melhor e beber cerveja com mais consciência”, afirma Cleiciane Soares de Moura, da Recicla Caldas Novas (GO).

Conheça os 21 municípios classificados para a segunda fase da Seletiva 2024 do Programa Recicleiros Cidades

A “Seletiva 2024: Qualificar para Transformar”, promovida pela Academia Recicleiros do Gestor Público, encerrou a primeira fase neste mês de março e, assim, a lista dos municípios classificados para a próxima fase está consolidada.

Ao todo, foram 70 inscrições gerais em 14 estados brasileiros. Dessas, foram 21 inscrições oficiais de municípios. O Piauí, com cinco representantes, liderou a lista de estados com mais inscritos. Depois, aparecem Bahia e Rio Grande do Sul com quatro, Mato Grosso com três, Amazonas e Sergipe com dois e Maranhão com um.

Neste ano, vale lembrar, a Academia Recicleiros do Gestor Público está direcionando esforços na qualificação de municípios localizados em estados nos quais a logística reversa já foi regulamentada. São eles: Amazonas, Bahia, Maranhão, Mato Grosso, Piauí, Rio Grande do Sul e Sergipe.

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Veja abaixo a lista de municípios classificados para a próxima fase da Seletiva 2024:

  • Itacoatiara (AM)
  • Manacapuru (AM)
  • Jaguaquara (BA)
  • Jaguarari (BA)
  • Senhor do Bonfim (BA)
  • Cruz das Almas (BA)
  • Paço do Lumiar (MA)
  • Cáceres (MT)
  • Poconé (MT)
  • Paranatinga (MT)
  • Cocal de Telha (PI)
  • Floriano (PI)
  • Porto Alegre do Piauí (PI)
  • Queimada Nova (PI)
  • Uruçuí (PI)
  • Charqueadas (RS)
  • Dom Pedrito (RS)
  • Gramado (RS)
  • Montenegro (RS)
  • Estância (SE)
  • São Cristóvão (SE)

A segunda fase da Seletiva 2024, que acontece até meados de abril, envolve a qualificação desses territórios. Nesse período, os gestores públicos deverão percorrer a Trilha do Conhecimento na Plataforma on-line da Academia Recicleiros do Gestor Público, assistir as Mentorias Técnicas e participar dos plantões de dúvidas com especialistas.

Ao final deste processo, os municípios aptos e mais engajados e comprometidos com a causa socioambiental serão convidados a participar de rodadas de consultorias exclusivas com especialistas Recicleiros, além de concorrerem a uma vaga no Programa Recicleiros Cidades.

“A Seletiva 2024 teve seu foco em estados importantes para Recicleiros. Não apenas pela necessidade de implantarmos unidades produtivas, mas também pela nossa missão estatutária: de levar nosso conhecimento acumulado ao longo de quase duas décadas de atuação, para que o municípios possam implementar suas políticas públicas de coleta seletiva de reciclagem, com ou sem aporte de recursos do Instituto. Nosso objetivo é o de estar presente nesses territórios”, afirma Cezar Augusto, gerente da Academia Recicleiros do Gestor Público.

Vale ressaltar que os municípios cuja população na região urbana esteja entre 32,5 mil e 200 mil habitantes, estão aptos a integrarem o Programa Recicleiros Cidades e podem receber até R$ 5 milhões que são investidos em soluções para implementação da reciclagem inclusiva, como infraestrutura, gestão, assessoria técnica, comunicação e muito mais.