Cooperativas incubadas por Recicleiros são referência em estudos de gravimetria

O Instituto Recicleiros se consolida, ao longo de sua história, como um verdadeiro laboratório vivo à disposição da sociedade para o avanço da reciclagem no Brasil. Essa trajetória ganha ainda mais relevância com os recentes estudos de gravimetria realizados nas Unidades de Processamento de Materiais Recicláveis (UPMRs) que fazem parte do Programa Recicleiros Cidades.

Além de receber, processar e comercializar os recicláveis e, assim, transformar a realidade socioambiental nos municípios, as cooperativas de reciclagem lideradas por catadoras e catadores, com assessoria técnica do Instituto Recicleiros, estão gerando informações e conhecimento compartilhável e, portanto, servindo não apenas à comunidade local, mas produzindo conhecimentos acadêmicos, tão importantes para tomadas de decisão sobre a reciclagem no Brasil.

Ainda que a gestão de resíduos sólidos seja um assunto que ganha cada vez mais pauta, existe uma carência de dados no país sobre a área de reciclagem de resíduos, inclusive entre o meio acadêmico. Ter a oportunidade de abrir nossas portas para parcerias interessadas em conhecer e pesquisar essa realidade é motivo de muita satisfação. Sem falar que, além de compartilhar nossa expertise, também aprendemos coisas novas no processo”, conta Luciana Ribeiro, Analista de Projetos do Instituto Recicleiros.

Todo esse trabalho de pesquisa e organização do conhecimento, é bom lembrar, é administrado pelo Vox Lab, área da organização responsável por produzir conteúdo com metodologias científicas e dividi-los abertamente com toda a sociedade brasileira. O objetivo principal? Contribuir para o desenvolvimento de ações eficientes para o aprimoramento da coleta seletiva e reciclagem de impacto no país.

A importância do estudo gravimétrico

Antes, porém, de detalhar as ações recentes ligadas à gravimetria que aconteceram nas cooperativas de reciclagem incubadas por Recicleiros, é prudente entender a relevância dessas análises.

O estudo gravimétrico é essencial para compreender o perfil dos resíduos gerados em um determinado município, o que envolve uma análise detalhada da quantidade e da qualidade do lixo. Para além de um diagnóstico, a gravimetria é fundamental para se planejar ações eficientes na gestão de resíduos sólidos, logo, permite técnicos e gestores públicos tomarem decisões embasadas e mais conscientes.

Nesse contexto, a gravimetria dos resíduos exerce uma função importante para o planejamento adequado dos serviços de coleta, transporte, tratamento e destinação final dos resíduos, uma vez que evita desperdícios e, ao mesmo tempo, promove a sustentabilidade.

Outro ponto importante é que o estudo gravimétrico oferece percepções interessantes para a criação de políticas públicas alinhadas à realidade local, já que permite ligar a geração de resíduos a fatores socioeconômicos e culturais da população. Dessa forma, cada município comprometido com a coleta seletiva e reciclagem pode desenvolver novas estratégias a fim de garantir uma gestão de resíduos mais inteligente e eficiente.

Por que estudos gravimétricos nas cooperativas apoiadas por Recicleiros?

As Unidades de Processamento de Materiais Recicláveis (UPMRs) têm se mostrado um ambiente fértil e produtivo para pesquisas por uma razão principal: são estruturadas e organizadas. As plantas que integram o Programa Recicleiros Cidades seguem padrões de produção diferenciados. Por exemplo, a eficiência no processo de triagem e prensagem dos materiais, que facilita a obtenção de dados precisos sobre a composição dos resíduos, são ideais para pesquisas de gravimetria.

Em Caçador (SC), foi feita uma gravimetria contratada pelo município para um Instituto de Pesquisa com sede na capital Florianópolis. A cooperativa Recicla Caçador, incubada por Recicleiros, participou tanto da separação dos materiais quanto da análise da qualidade dos materiais, assim como sugestão de melhorias no processo. 

Outro exemplo notável aconteceu na Cooperativa Recicla Campo Largo. Ricardo Beckert Trevisan, Mestrando em Ciência e Tecnologia Ambiental na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), está investigando como os rejeitos de cooperativas e associações de reciclagem podem se tornar Combustível Derivado de Resíduo Urbano (CDRU), uma solução que evita aterros sanitários e gera energia. 

“Foram quatro visitas, três delas dedicadas à análise gravimétrica detalhada dos rejeitos gerados na Cooperativa, onde os materiais foram classificados por tipo e por categoria. A Recicla Campo Largo é exemplar: limpa, bem estruturada e com dados em tempo real. Foi interessante ver como um bom gerenciamento pode transformar o que seria lixo em uma fonte de energia sustentável, ao invés de ser destinado ao aterro sanitário”, comentou Trevisan.

Por fim, vale destacar o estudo em andamento sobre gravimetria de rejeitos, realizado dentro do Acordo de Cooperação entre o Instituto Recicleiros e o Núcleo de Estudo e Pesquisa em Resíduos Sólidos (Neper), da Universidade de São Paulo. Neste caso, a UPMR referência para o desenvolvimento do trabalho é a cooperativa Recicla Guaxupé, em Minas Gerais.

A pesquisa “Análise Qualitativa e Quantitativa dos Rejeitos da Coleta Seletiva dos Resíduos Domiciliares Gerados no Município de Guaxupé Visando Melhorias no Seu Gerenciamento” está sendo conduzida pelo mestrando Rafael da Cunha Faria.

“A Recicla Guaxupé é referência e a experiência dentro da unidade tem sido fantástica. O ambiente de trabalho é adequado, os cooperados têm condições dignas, usam equipamentos de proteção, além de uma infraestrutura geral muito boa. A rotina da cooperativa vale ser destacada. Com o trabalho de educação ambiental, os resíduos que chegam na cooperativa tem qualidade e o índice de recuperação de resíduos é muito bom. Os processos internos são muito bem definidos”, comenta Rafael.

“Tenho recebido todo o suporte necessário, o time Recicleiros está sempre presente e tem sido peça fundamental para o estudo. O interesse de Recicleiros em produzir informação e deixar pública, gerando valor, principalmente na área de rejeitos que ainda é estigmatizada, é muito significativo”, finaliza.  

Com todas essas movimentações de estudos e pesquisas dentro das cooperativas, as Unidades de Processamento de Materiais Recicláveis (UPMRs) do Programa Recicleiros Cidades não apenas promovem a gestão eficiente dos resíduos sólidos, mas também se tornam referências acadêmicas e práticas para estudos de gravimetria. Essa sinergia entre prática e pesquisa fortalece políticas públicas e impulsiona o avanço da reciclagem e sustentabilidade no Brasil.

Instituto Recicleiros, SIG, Nestlé, Instituto Heineken e Alcoa Foundation promovem evento com debates sobre inclusão socioprodutiva de catadores

O Instituto Recicleiros e patrocinadores da Academia do Catador (SIG, Nestlé, Instituto Heineken e Alcoa Foundation) promovem o evento “Inclusão Socioprodutiva de Catadores: construindo capacidade na base da cadeia de valor”, que acontecerá no dia 29 de maio, em São Paulo (SP), com transmissão ao vivo pelo YouTube (@Recicleiros)

O encontro promoverá debates com representantes do governo e lideranças do setor sobre os principais temas que impactam o trabalho das cooperativas de reciclagem. Além dos debates com especialistas, o evento marca o lançamento oficial da Academia Recicleiros do Catador, uma tecnologia social inovadora para fortalecer cooperativas de reciclagem, que conta com a cooperação técnica do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. 

Veja a Programação Completa: 

9h às 10h30 – Painel 1: Política Nacional de Resíduos Sólidos e o protagonismo dos catadores: avanços, entraves e caminhos futuros na visão do governo federal. 

Adalberto Maluf (Secretário Nacional de Meio Ambiente Urbano e Qualidade Ambiental – MMA/MMAMC) 

Ary Moraes Pereira (Secretário Executivo do CIISC) 

Lucas Ramalho Maciel (Diretor do Departamento de Economia Circular e Resíduos Sólidos – MDIC) 

10h30 às 11h45 – Painel 2: O que ainda limita a inclusão plena dos catadores no sistema de reciclagem. 

Tião Santos (Movimento Eu Sou Catador – MESC)  

Telines Basilio – Carioca (Confederação Nacional de Cooperativas de Trabalho e Produção de Recicláveis – CONATREC) 

Aline Souza (Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis – MNCR) 

Nanci Darcolete (Pimp My Carroça) 

11h45 às 12h15 – Visão Estratégica: Por que fazer com catadores? Eficiência, legalidade e valor compartilhado na cadeia da reciclagem. 

Rafael Henrique, Diretor de Operações do Instituto Recicleiros 

13h30 às 14h45 – Lançamento da Academia Recicleiros do Catador. 

14h45 às 15h15 – Visão Estratégica: Ecossistemas virtuosos como uma necessidade para a reciclagem inclusiva, eficiente e de longo prazo. 

Erich Burger, Diretor Institucional do Instituto Recicleiros 

15h15 às 16h30 – Painel 3: Cadeia ética – integridade e adicionalidade nos resultados de reciclagem. 

Isabella Tioqueta (Coordenadora de Saneamento Ambiental e Economia Circular – SEDEST/PR) 

Ana Luiza Ferreira (Secretária de Meio Ambiente Pernambuco) 

Dr. Juliano de Barros Araújo (Promotor de Justiça do MP-GO) 

Fernando Bernardes (CEO Central de Custódia) 

16h30 às 17h45 – Painel 4: Circularidade com propósito: como empresas líderes podem redefinir a lógica da cadeia de reciclagem.

Isabela De Marchi (Gerente de Sustentabilidade SIG)

Taissara Martins (Head de Sustentabilidade Nestlé Brasil)

Cristiane Tolotti Rossi (Gerente de Economia Circular Braskem)

Serviço: 

Inclusão Socioprodutiva de Catadores: construindo capacidade na base da cadeia de valor. 

Data: 29 de maio. 

Horário: das 9h às 17h45 

Transmissão: Ao vivo pelo YouTube @Recicleiros

Programa Recicleiros Cidades: conheça a história do jingle que avisa as pessoas que o caminhão da coleta está chegando

O dia 6 de janeiro entrou para a história do Instituto Recicleiros. Foi na noite daquela segunda-feira que, em meio à matéria especial do Jornal Nacional sobre reciclagem, surgiu a música “Plástico, vidro, papel, metal e óleo de cozinha… não jogue no lixo comum, separe pro dia do caminhão da reciclagem”.

O jingle, criado em 2018, e que está até hoje sendo tocado nos caminhões de coleta seletiva nos municípios que integram o Programa Recicleiros Cidades, abriu a participação do Instituto Recicleiros na série especial de quatro episódios sobre reciclagem exibido no maior e mais tradicional telejornal brasileiro.

Mas, qual é a história por trás dessa música leve e convidativa que vem marcando época e serve como um lembrete às pessoas que o caminhão da reciclagem está chegando?

 

O jingle que ganhou o Brasil

Há 7 anos, Recicleiros buscava iniciativas para conscientizar as pessoas dos municípios beneficiados com o Programa Recicleiros Cidades. A proposta era alertar a população que o caminhão da reciclagem estava passando para que os munícipes, dia a dia, adotassem o hábito de fazer a separação e a destinação correta. Afinal, para a reciclagem acontecer, de fato, é essencial que os materiais cheguem às Unidades de Processamento de Materiais Recicláveis (UPMRs).

“Então surgiu a ideia de usar o caminhão como mídia porque o veículo passa em frente à casa das pessoas, além de um jingle para ser veiculado nas rádios locais”, lembra Felipe Sauma, Diretor de Criação, responsável por coordenar o desenvolvimento desse material.

De acordo com Sauma, o processo criativo considerou uma música que ficasse na mente dos ouvintes – lembra da música do caminhão do gás? –, mas sem criar poluição sonora. Havia o compromisso de ser uma música leve, cadenciada, mas com um tom animado, e com um refrão e uma instrução no final.

A música, desenvolvida em cerca de um mês, conta com elementos sonoros de materiais recicláveis, que serviram como percussão. Todos os itens estavam representados. “Estudamos os timbres para ver quais funcionariam melhor na música. Por exemplo, utilizamos sons de garrafas de vidro, papel amassado, tina de plástico e latão de metal”, acrescenta que se diz realizado com essa produção: “estamos trabalhando a mudança de cultura das pessoas, que estão cuidando do meio ambiente”.

Propósito de informar e conscientizar

Como a separação e o descarte correto são essenciais para a reciclagem funcionar, o jingle cumpre uma missão importantíssima na adesão da coleta seletiva e reciclagem. É isso o que tem ficado evidente nas praças que contam com cooperativas de reciclagem incubadas pelo Instituto Recicleiros.

Nas pesquisas Vox Lab realizadas por Recicleiros nos municípios onde o Programa está em pleno funcionamento, o carro de som foi um dos meios de comunicação mais votados pela população como um bom local para receber informações sobre a coleta, atrás apenas do rádio e redes sociais.

Durante as mobilizações porta a porta, é muito comum que os munícipes se refiram ao caminhão da coleta seletiva como “aquele da musiquinha”. Também não é raro ver moradores que preferem entregar o material para os coletores e, para isso, esperam ouvir a música se aproximando. E é claro, outro grande indicador de sucesso sempre será o engajamento das crianças, que costumam reproduzir a música em casa ou em atividades escolares. Sinal que o jingle tem cumprido seu propósito.

Ficha técnica

Música

“Separe pro caminhão da reciclagem.”

Direção de Criação

Felipe Sauma

Composição

Daniel Ayres

Felipe Sauma

Rodrigo Scarcello

Produção

Rodrigo Scarcello

Músicos

Ed Encarnação

Raphael Zarella

Rodrigo Scarcello

 

 

Como a reciclagem pode colaborar no combate às mudanças climáticas?

A reciclagem é mais do que apenas um simples ato de separar e destinar resíduos. É um processo de transformação, onde o que se achava que não tinha valor vira algo novo, como uma metáfora para o próprio futuro que queremos para o nosso planeta. À medida que enfrentamos as mudanças climáticas, ela se torna um caminho fundamental para garantir o bem-estar ambiental e social, transformando o ciclo da produção e do consumo em algo equilibrado em todos os sentidos.

Realidade das mudanças climáticas: causas e consequências

As mudanças climáticas representam um dos maiores desafios globais do século XXI. Fenômenos como o aumento das temperaturas médias globais, a frequência crescente de eventos climáticos extremos e a perda irreversível da biodiversidade são consequências de como lidamos coletivamente com a natureza. Grande parte dessa degradação ambiental é impulsionada pela crescente demanda por recursos naturais e pela produção excessiva e descarte inadequado de resíduos sólidos.

No Brasil, aproximadamente 4% das emissões de gases de efeito estufa (GEE) provêm do setor de resíduos sólidos, 64,1% desse total resulta da destinação inadequada de resíduos em lixões, aterros controlados e aterros sanitários, e esse número pode aumentar se não adotarmos práticas de gestão integrada.

Logo, a reciclagem se torna uma estratégia central para mitigação das consequências das mudanças climáticas.

A economia circular 

No Brasil, apenas 4% dos resíduos sólidos são reciclados, segundo dados da Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (ABREMA). Há muito o que se fazer para aumentar essa taxa, dentre as estratégias, podemos aprimorar processos de reciclagem a partir da economia circular, onde os produtos não seguem um ciclo linear de produção-consumo-descarte, mas são constantemente reintegrados no ciclo. Ou seja, em vez de extrair recursos da Terra, se reaproveita os materiais que já foram anteriormente produzidos, isso preserva os ecossistemas naturais e reduz a pressão sobre o que tiramos da natureza, que são recursos finitos.

A reciclagem de plástico, vidro, papel, metal e óleo de cozinha reduz o volume de resíduos nos aterros sanitários e no meio ambiente, evitando a liberação de metano — um gás de efeito estufa com um impacto 82,5 vezes maior que o dióxido de carbono (CO2) ao longo dos próximos 20 anos.

Porém, para que as cadeias de reciclagem sejam capazes de conduzir alguma mudança nesse cenário, é urgente que aconteça a integração dos setores e seus atores e se crie uma cultura de responsabilidade compartilhada.

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A urgência da ação coletiva

Embora as vantagens da reciclagem sejam visíveis, a transição para um sistema de gestão de resíduos sustentável depende do esforço coletivo. É central que governos, indústrias e cidadãos desempenhem seu papel da melhor forma possível.

Governos precisam pensar em políticas públicas que incentivem a reciclagem em larga escala, oferecendo incentivos para as organizações, além de investir em infraestrutura de coleta e processamento de materiais recicláveis. As indústrias, por sua vez, podem adotar a economia circular como modelo de negócios, integrando a reciclagem como uma prática intrínseca em seus processos produtivos. E, por último, os cidadãos precisam compreender as questões de reciclagem como um direito e um dever, compreendendo a importância da separação adequada dos resíduos e se comprometendo com o consumo responsável, tudo isso com possibilidade de acesso à informação e fortalecimento comunitário.

O Instituto Recicleiros é uma das organizações comprometidas com essa pauta, atuando como um agente integrador entre prefeituras, empresas, catadoras e catadores. Por meio de sua atuação, o Instituto capacita gestores públicos municipais para implementar políticas públicas voltadas à coleta seletiva e à reciclagem, enquanto apoia processos de incubação de cooperativas de reciclagem, colaborando para que se tornem empreendedores coletivos organizados. Além disso, busca mobilizar a população através de ações de educação socioambiental para que a cadeia da reciclagem entre em circularidade onde todos os atores são engajados.

Ainda há chances

O poder de transformação está em nossas mãos, e com cada gesto, estamos não só protegendo o ambiente, mas também construindo um futuro onde o respeito à natureza é a base para uma convivência harmônica com nosso planeta.

O futuro está sendo moldado hoje. Reciclar é acreditar que um mundo com justiça socioambiental é possível e que as mudanças climáticas não são um destino, mas uma chance para nos reinventarmos.

Fontes:

Global Alliance for Incinerator Alternatives. RESÍDUO ZERO PARA ZERO EMISSÕES: A REDUÇÃO DE RESÍDUOS COMO A VIRADA DE JOGO CLIMÁTICA. out. 2022. Disponível em: <https://polis.org.br/wp-content/uploads/2023/05/completo-ZWZE-paginaunica.pdf>

Como Guaxupé (MG) está desbravando a economia circular, a partir de uma parceria entre Delterra e Recicleiros

Delterra e Recicleiros estão colaborando para implementar abordagens inovadoras no Brasil, trazendo melhorias significativas na participação da reciclagem e nas taxas de recuperação de materiais. Essa parceria público-privada na cidade de Guaxupé (MG), exemplifica como cidades do Sul Global podem desenvolver sistemas sustentáveis de gestão de resíduos.

Guaxupé, cidade brasileira reconhecida por sua produção de café de alta qualidade, vem ganhando destaque nos últimos anos pelos avanços na gestão de resíduos sólidos e nas práticas de economia circular. Recentemente, um projeto colaborativo entre Delterra e Recicleiros tem evidenciado a transformação dos hábitos de reciclagem da comunidade local.

Uma parceria estratégica para um impacto sustentável

O Instituto Recicleiros, uma organização da sociedade civil de destaque no setor de reciclagem no Brasil, traz anos de experiência e um profundo entendimento dos contextos locais para uma parceria transformadora. Reconhecida por seu compromisso com a sustentabilidade socioambiental, Recicleiros tem sido fundamental no fomento ao engajamento comunitário e no apoio a redes de cooperativas em diferentes partes do Brasil, incluindo Guaxupé (MG). O conhecimento e a conexão com a realidade local fortalece o projeto com estratégias sob medida e uma abordagem de confiança.

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A Delterra é uma organização global sem fins lucrativos que trabalha para reduzir resíduos e maximizar o reaproveitamento de materiais, incluindo plásticos e orgânicos. Seus programas abrangem toda a cadeia de valor, colaborando com cidades para construir sistemas de gestão de resíduos e reciclagem que aumentem a qualidade e a quantidade de materiais recuperados e com empresas para desenvolver mercados, ampliar a capacidade de processamento e a demanda, além de tornar as cadeias de valor mais eficientes, transparentes e éticas. Por meio dessa colaboração, a Delterra adaptou seu modelo comprovado de mudança de comportamento — desenvolvido na Argentina e na Indonésia — ao contexto cultural e social único do Brasil.

Juntas, Delterra e Recicleiros, com o apoio da Alliance to End Plastic Waste, estão criando sistemas de reciclagem sustentáveis com foco nas especificidades locais, garantindo um impacto positivo de longo prazo.

Unidade de Processamento de Materiais Recicláveis da cooperativa Recicla Guaxupé.
Imagem: Unidade de Processamento de Materiais Recicláveis da cooperativa Recicla Guaxupé.

Compreender os motivadores culturais para a mudança

O projeto foi lançado com uma fase intensiva de pesquisa envolvendo a comunidade. Residentes, tanto recicladores quanto não recicladores, foram entrevistados individualmente ou em grupos focais, com o objetivo principal de entender os fatores culturais que influenciam o comportamento de reciclagem em Guaxupé. As descobertas ressaltaram a importância de enquadrar a reciclagem como um dever cívico coletivo, além de destacar o aspecto social do serviço — que não apenas beneficia o meio ambiente, mas também apoia os trabalhadores da cooperativa de reciclagem Recicla Guaxupé. Isso levou ao lançamento do programa Separa+, que enfatiza a ideia de que os esforços de cada indivíduo contribuem para uma comunidade mais saudável.

Motivadores culturais para mudança de comportamento em Guaxupé.
Imagem: Motivadores culturais para mudança de comportamento em Guaxupé.

Construir um modelo de sucesso

Após socializar os insights exclusivos destacados pela pesquisa com a população local, Delterra e Recicleiros rapidamente desenvolveram um plano de mudança de comportamento visando expandir a iniciativa para toda a cidade em um ano, começando com um piloto para testar a abordagem. O governo local também foi envolvido no desenvolvimento dessas estratégias, o que aumentou a viabilidade técnica do projeto. Esse processo de cocriação garantiu que todas as intervenções fossem relevantes para a comunidade. Na prática, a abordagem para gerar engajamento e participação combinou interações porta a porta, comunicação digital e em massa, além de um chatbot para guiar os moradores no processo de reciclagem.

Equipes da cooperativa Recicla Guaxupé, Prefeitura, Delterra e Recicleiros trabalhando no plano.
Imagem: Equipes da cooperativa Recicla Guaxupé, Prefeitura, Delterra e Recicleiros trabalhando no plano.

Fortalecer agentes locais de mudança

Um diferencial importante do projeto foi sua integração com a campanha de prevenção à dengue de Guaxupé. Ao trabalhar com agentes de saúde que já realizam visitas regulares às residências como parte de suas funções, foi possível vincular a reciclagem à saúde pública, incentivando ainda mais a participação da comunidade. Isso foi viabilizado pelas altas taxas de receptividade nas visitas e pelas relações de confiança que esses agentes já haviam estabelecido com os moradores atendidos.

Ao mesmo tempo, a cooperativa local, Recicla Guaxupé, continuou seus esforços educativos em residências e comércios, como vinha fazendo consistentemente desde o início da coleta seletiva na cidade, em 2020.

Ao unir esses esforços distintos, essa parceria inovadora maximizou os recursos e criou uma mensagem unificada: a reciclagem proporciona benefícios ambientais e de saúde pública para toda a comunidade.

Membros da cooperativa Recicla Guaxupé—prontos para a ação. 
Imagem: Membros da cooperativa Recicla Guaxupé—prontos para a ação.

Resultados iniciais e impacto duradouro

A fase piloto, conduzida em um dos dez setores de coleta do município, apresentou resultados notáveis, destacando a eficácia da colaboração entre Delterra e Recicleiros. Durante um período de monitoramento de oito semanas no microterritório designado, foram observados os seguintes resultados:

  • A taxa de participação na área (medida pela quantidade de materiais coletados em relação ao potencial de geração de resíduos) alcançou um nível 3,5 vezes maior que no período anterior à ativação.
  • Houve um aumento de 33% no número de residências que passaram a separar materiais recicláveis para coleta nos pontos de descarte designados.

Embora esses resultados preliminares sejam muito positivos, tanto a Delterra quanto Recicleiros continuarão monitorando a participação ao longo do tempo para confirmar mudanças sistêmicas e duradouras. As conclusões finais serão apresentadas ainda em 2025.

Em parceria, Delterra e Recicleiros não apenas alcançaram melhorias nas taxas de reciclagem em curto prazo, mas também seguem desenvolvendo modelos para assegurar que essas transformações sejam profundas e duradouras. Aproveitando as vantagens de cada organização, essa parceria está criando um modelo replicável em outras comunidades pelo Brasil para alcançar o sucesso na reciclagem de resíduos.

Sobre Delterra e Recicleiros

O Instituto Recicleiros é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos fundada em 2006, que atua como um facilitador-chave entre administradores públicos, empresas, catadores de resíduos e a sociedade na abordagem de questões socioambientais. Entre suas iniciativas, Recicleiros foca na criação e incubação de cooperativas – abrangendo operações, administração e gestão – com o objetivo de capacitar catadores a se tornarem empreendedores coletivos qualificados organizados em cooperativas, promovendo o desenvolvimento sustentável de seus negócios. Atualmente, por meio do Programa Recicleiros Cidades, o instituto atua em 14 municípios em todas as cinco regiões do Brasil.

A Delterra é uma organização ambiental global sem fins lucrativos que projeta e desenvolve soluções inovadoras e escaláveis para enfrentar os desafios ambientais mais complexos do mundo – em campo e em larga escala. A Delterra trabalha com cidades, comunidades e o setor privado no Brasil, Argentina e Indonésia para transformar sistemas de reciclagem e gestão de resíduos, melhorando de forma eficaz os resultados ambientais e impulsionando a circularidade, ao mesmo tempo que beneficia a saúde, os meios de subsistência e a economia.

Instituto Recicleiros no Jornal Nacional: Piracaia como exemplo da mudança que queremos

Você já parou para pensar na quantidade de lixo que descartamos diariamente? Será que tudo o que vai para a lixeira deveria realmente estar ali? Um dado alarmante do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima revela que o Brasil desperdiça impressionantes R$ 38 bilhões por ano enterrando ou destinando a lixões materiais recicláveis e orgânicos que poderiam retornar à economia gerando emprego e renda para diversas famílias. 

Além disso, os municípios investem R$ 30 bilhões anualmente em coleta e destinação de resíduos, mas apenas 30% das cidades possuem programas de coleta seletiva.

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Com a aproximação da COP 30, a Conferência do Clima da ONU que será realizada em Belém, o tema da reciclagem ganha ainda mais relevância. Em sintonia com esse debate global, o Jornal Nacional lançou, no dia 6 de janeiro, uma série especial de quatro reportagens, comandada pelo jornalista André Trigueiro, para sensibilizar a população sobre o papel crucial da reciclagem na preservação ambiental e no combate às mudanças climáticas.

Piracaia: referência em reciclagem e inclusão socioambiental

Neste cenário, o Instituto Recicleiros teve seu trabalho em Piracaia (SP) destacado logo no primeiro episódio da série especial apresentada por Trigueiro. Há três anos, o município iniciou seus primeiros passos na separação de resíduos por meio de uma ação colaborativa promovida pelo Programa Recicleiros Cidades, que une empresas, poder público e sociedade para transformar a realidade socioambiental do município. Hoje, Piracaia é referência de como a reciclagem pode gerar resultados concretos, beneficiar a comunidade e promover mudanças duradouras. Essa trajetória reflete claramente o impacto positivo que podemos gerar juntos.

A reportagem mostrou como a coleta seletiva mudou a rotina de Piracaia. Agora, o resíduo reciclável é separado e reaproveitado, gerando renda e dignidade para as famílias que trabalham na cooperativa Recicla Piracaia. Assim, as catadoras e  os catadores passaram a contar com melhores condições de trabalho, e o impacto na renda das famílias se transformou.

Educação ambiental: mudando a cultura da população

Mas a mudança não aconteceu apenas na cooperativa. A população de Piracaia também abraçou a ideia. Com campanhas de educação ambiental e muita conversa, os moradores passaram a separar o lixo seco — plástico, vidro, papel, metal e óleo de cozinha — e a entender que pequenas mudanças de hábito fazem uma enorme diferença.  

O destaque no Jornal Nacional foi um marco para o Instituto Recicleiros. Mais do que uma história de sucesso, a experiência de Piracaia mostra que a reciclagem pode mudar vidas e realidades. Em um país que ainda enterra bilhões de reais em materiais recicláveis, iniciativas como essa provam que é possível virar o jogo.  

A série especial do Jornal Nacional é um convite para refletirmos sobre o impacto do desperdício e a importância de adotarmos hábitos mais conscientes. Reciclar é mais do que uma prática ambiental; é um passo essencial para construir um futuro sustentável, justo e equitativo. Que tal começar hoje?

Para assistir os episódios, acesse:

Reciclagem é tema de série de reportagens especiais no JN

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Soluções para o lixo orgânico melhoram a vida da população

Florianópolis é a única cidade lixo zero do Brasil

Se a sua empresa quer fazer parte dessa mudança socioambiental, vem falar com a gente. Se o seu município quer implementar um sistema de coleta seletiva e reciclagem, vem falar com a gente também.

Por que o atual sistema de créditos de logística reversa não é capaz de resolver a inviabilidade e precariedade da reciclagem nas cidades brasileiras?

E se eu te disser que atualmente no Brasil são raros os casos de unidades de separação de recicláveis que possuem condições adequadas para um trabalho digno, produtivo e seguro? E se eu te disser que, mesmo nesses raros casos de infraestrutura adequada, o custo de processamento de 1 quilo de material reciclável é pelo menos o dobro do valor de venda desses materiais? E, para piorar, poucas cidades brasileiras têm programas efetivos de coleta seletiva para a população, com infraestrutura e serviços adequados ao bom desempenho dos indicadores?

Essas informações expõem o buraco existente no sistema brasileiro responsável por fazer com que a reciclagem de embalagens e resíduos sólidos urbanos aconteça.

Esse buraco torna o mercado absolutamente desinteressante e faz com que nossos resultados de reciclagem sejam pífios, insuficientes ante a emergência climática que vivemos e se arrastem durante décadas, com o pouco que existe acontecendo porque pessoas à beira da miséria se propõem a fazer esse trabalho enquanto não há nada melhor pra fazer.

Desde a origem e até hoje, a reciclagem no Brasil acontece baseada nesse modelo de miséria, onde quem não tem uma alternativa melhor para viver, acaba se dedicando à realização da primeira e fundamental etapa dessa cadeia, que é a separação primária e preparação dos recicláveis para a indústria.

Sem programas efetivos de coleta seletiva, grande parte do pouco que temos de reciclagem vem de pessoas mexendo no lixo, nas ruas e nos lixões. Quando não, a outra face da moeda mostra trabalhadores desempenhando essa atividade sem infraestrutura adequada e sem material de qualidade, o que acarreta em baixa produtividade por hora trabalhada. Baixa produtividade e preços baixos criam a equação demolidora que resulta no óbvio: pouca reciclagem e alto impacto ambiental.

Imediatamente, a melhor desculpa para a situação é empurrar a culpa para o elo mais fraco, e diante desse cenário, ouvimos em coro: “catadores precisam de capacitação!” Capacitação de operadores é sim muito importante, contanto que tenhamos condições para que esses trabalhadores possam e queiram permanecer nessas operações, e, assim, possam evoluir em capacidade e qualidade.

A alternativa viável para destravar esse cenário é enxergar os gargalos do sistema e atuar sobre eles de maneira coordenada:

  1. Desenvolver a coleta seletiva como política pública nos municípios, para garantir que haja abastecimento qualificado e permanente das unidades de separação de recicláveis;
  2. Investir em infraestrutura adequada e capacitação técnica dos operadores que permita o processamento eficiente dos materiais;
  3. Considerar o pagamento por serviços de separação e processamento prestados como complemento ao valor de comercialização dos materiais para a viabilidade econômica dessas operações.

Pode ser triste a constatação mas é fundamental assumir que o Brasil ainda está na era do investimento estruturante para reciclagem. Não podemos basear o sistema de compliance das empresas geradoras de embalagens em uma máquina de contagem de notas fiscais de comercialização de recicláveis. Nos deixamos seduzir pela velha estratégia dos selos, que ficam lindos nas embalagens, comunicam errado com o público consumidor e atribuem regularidade àqueles que os utilizam, desconsiderando toda a problemática exposta neste texto.

Precisamos de mais capacidade instalada e de melhor qualidade, que proporcione adicionalidade (reciclar mais) com mais segurança, qualidade (reciclar melhor) e perspectiva de crescimento. A portaria do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima nº 1.250 de 13 de dezembro de 2024, traz mais luz a essa realidade, uma vez que regulamenta a Lei de Incentivo à Reciclagem e cria novas oportunidades para financiar projetos que melhorem a infraestrutura, capacitação e inovação tecnológica no setor. Isso significa mais equipamentos, redes de comercialização fortalecidas e programas de educação ambiental.

A arrumação necessária tem como elemento vital os sistemas regulatórios dos estados e da federação. É fundamental jogar luz sobre o tema, reconhecer o que está acontecendo de verdade lá no campo de batalha e criar caminhos para que as ações de compensação das empresas possam gerar mudanças estruturais necessárias e que sejam de verdade atuações circulares. Que a responsabilidade compartilhada seja cumprida integralmente em suas partes, reconhecendo a limitação da atuação de cada ator, mas exigindo a efetividade requerida na parte que lhe cabe. 

Tenho chamado isso de responsabilidade compartilhada e estendida. Empresas e municípios possuem sim limitações para suas ações, por isso as etapas de responsabilidade são compartilhadas e, no âmbito da parte que lhe cabe, sua ação deve ser profunda e abranger a totalidade do encargo, indo até o resultado efetivo.

No arranjo que propomos no Programa Recicleiros Cidades e no próprio modelo de Massa Futura, cidades devem regulamentar e efetivar a coleta seletiva nos seus territórios, sendo responsáveis pelos resultados quantitativos e qualitativos dessa etapa e não somente pela disponibilização do serviço. Dessa forma, ações que apenas a municipalidade pode tomar serão levadas a cabo com foco em quantidade de massa e baixo rejeito, tais como: índice de abrangência e qualidade do serviço de coleta e obrigatoriedade do descarte seletivo por parte de moradores e estabelecimentos comerciais de todos os portes, lançando mão de fiscalização e incentivos.

Do outro lado da responsabilidade, o setor empresarial deve investir no suporte técnico ao município e na viabilização da etapa de processamento e destinação, onde deve-se observar a responsabilidade de implementar infraestrutura adequada aos princípios de trabalho digno e eficiente, além da garantia de compra por preço ético, que viabilize o custo de produção, garantido assim remunerações adequadas ao desenvolvimento virtuoso da base da cadeia da reciclagem.

O fetiche por volume de reciclagem a custos irrisórios está criando uma visão deturpada sobre os elementos necessários para a realidade do Brasil. Governos precisam estar atentos e atuar por isso com visão técnica arrojada.

Só com visão integrada e conhecimento da realidade poderemos canalizar os esforços para o que de fato pode nos levar ao ponto necessário: infraestrutura de qualidade, comprometimento da cadeia de valor e relações comerciais justas.

Esse é o futuro da reciclagem.

Projeto Hub Recicleiros conecta resíduos com a reciclagem inclusiva

O Projeto Hub é a nova solução do Instituto Recicleiros que visa fortalecer o ecossistema de reciclagem inclusiva no Brasil. Essa iniciativa inovadora busca conectar grandes empresas recicladoras com cooperativas e associações de catadores de diversas regiões do país, aumentando as taxas de reciclagem e gerando novas oportunidades de negócios.

Por meio do Programa Recicleiros Cidades, o Instituto oferece sua infraestrutura, equipe e contratos em todo o território nacional, para conectar os elos da cadeia de economia circular e promover novas conexões produtivas.

O objetivo é facilitar o acesso de cooperativas e associações com baixo volume de material, falta de equipamentos ou restrições logísticas ao mercado, utilizando a infraestrutura e a rede logística Recicleiros. A iniciativa visa interligar essas organizações e catadores ao mercado, garantindo receita adicional a eles e o aumento das taxas de reciclagem.

O primeiro movimento do Projeto Hub Recicleiros está acontecendo na região Nordeste, com as cooperativas Recicla Serra Talhada (PE) e Recicla Cajazeiras (PB), ambas incubadas pelo Programa Recicleiros Cidades. Essas plantas estão recebendo vidros de outras organizações vizinhas, processando-os e fornecendo-os à unidade de Recife (PE) da parceira Owens-Illinois, uma das maiores fabricantes de embalagens de vidro do mundo.

Na prática, o processo funciona assim: pequenos volumes de vidro, que anteriormente não eram viáveis comercialmente, são captados pelo Hub Recicleiros. Veículos parceiros coletam esses materiais das cooperativas e/ou associações próximas para serem processadas na linha de trituração de vidro das cooperativas do Programa Recicleiros Cidades. Depois, com as cargas consolidadas, viajam diretamente para o reciclador, sem intermediários e com total rastreabilidade.

Essas duas cooperativas têm capacidade para atender cerca de 50 cidades no entorno dos Hubs, impactar quase 900 mil pessoas e coletar até 240 toneladas de vidro por mês.

“A reciclagem de vidro ainda enfrenta desafios logísticos no Brasil, mas com iniciativas como o Hub Recicleiros, estamos criando soluções práticas para integrar esse material à economia circular. Ao transformar esse resíduo em fonte de renda para organizações de catadores, não só estamos preservando o meio ambiente, mas também gerando oportunidades econômicas em áreas que historicamente possuem pouca oferta de infraestrutura e compra dos recicláveis, como é o caso do semiárido brasileiro”, destaca Carolina Finardi, Coordenadora de Negócios e Parcerias do Instituto Recicleiros.

“A nossa luta pela reciclagem acontece há muito tempo. Agora, chegou o momento de avançar e realizar um trabalho digno pelo nosso município. Estamos felizes porque nunca tínhamos conseguido vender vidro, e temos uma quantidade significativa. Não queremos deixar esse vidro à toa em nossa cidade, ocupando o espaço de que tanto precisamos”, afirma Maria de Fátima Barbosa Belém, Presidente da Associação Café com Arte, coletivo de artesãos, agricultores e catadores de Petrolândia (PE), que no último mês vendeu mais de 10 toneladas de vidro para o projeto.

“Estamos felizes com essa parceria, que já deu certo. Não tínhamos comprador, e foi uma bênção Recicleiros aparecer”, acrescenta Maria de Fátima.

A proposta do Projeto Hub Recicleiros é chegar a todos os materiais – além do vidro, plástico, metal, papel e longa vida. O Hub Recicleiros beneficia o meio ambiente ao reduzir a quantidade de material descartado, melhora a receita das organizações de catadores e facilita o acesso das empresas a materiais de alta qualidade e com rastreabilidade.

Se você gostou da iniciativa e tem interesse em contribuir com demandas para outros materiais e/ou regiões do país, entre em contato conosco!

Eleições 2024: as propostas Recicleiros para coleta seletiva inclusiva e reciclagem

O Instituto Recicleiros acumula anos de experiência no desenvolvimento de ecossistemas eficientes para coleta seletiva inclusiva e reciclagem nos municípios brasileiros. E, com base nesse conhecimento acumulado, preparou um documento exclusivo com propostas socioambientais para gestão sustentável de resíduos, pensando nas Eleições 2024, que vão eleger prefeitos e vereadores nos quatro cantos do Brasil.

O material inédito “Plano de Governo – Gestão Sustentável de Resíduos em âmbito Municipal” foi desenvolvido a muitas mãos pelo time de especialistas do Instituto Recicleiros. A ideia é nutrir candidatas e candidatos que participarão do processo eleitoral de informações e conhecimentos consistentes que podem ser incorporados aos respectivos planos de governo para uma gestão socioambiental sustentável e inclusiva.

Vale lembrar que a gestão de resíduos é uma responsabilidade direta dos municípios, onde ocorrem ações efetivas de coleta, tratamento e destinação final. Por isso, é crucial que os governantes integrem propostas sólidas e eficazes em seus planos de governo. Na visão Recicleiros, é fundamental tratar a questão dos resíduos sólidos como prioridade nas políticas públicas municipais, não apenas para cumprir a lei, mas também para promover a sustentabilidade ambiental, a saúde pública e a qualidade de vida da população.

Experiência prática e programa estruturado

As sugestões Recicleiros contemplam a experiência de incubação de 14 cooperativas de reciclagem do Programa Recicleiros Cidades, que implanta e promove nos municípios um sistema referência de coleta seletiva e reciclagem. O documento aborda:

  • Planejamento, regulamentação e orçamento municipal. 
  • Estruturação da coleta seletiva no município.
  • Capacitação e inclusão dos catadores nas políticas públicas.
  • Educação ambiental e conscientização da população sobre a importância da reutilização e reciclagem.
  • Parcerias com organizações da sociedade civil e iniciativas privadas.
  • Criação de campanhas de engajamento para promover práticas sustentáveis.

“Nosso compromisso é garantir que os candidatos às eleições de 2024 se tornem agentes de transformação nas suas comunidades”, afirma Cezar Augusto, gerente da Academia Recicleiros do Gestor Público. “A coleta seletiva não é apenas uma questão ambiental, mas uma oportunidade para promover justiça social, gerar emprego e renda, e construir cidades mais resilientes”, acrescenta.

Recicleiros acredita que o equilíbrio do meio ambiente, a coleta seletiva inclusiva e a reciclagem são direitos constitucionais, e devem ser políticas de Estado. Portanto, trabalha ao lado de todos os gestores públicos do Brasil, sempre com a premissa técnica e apartidária.

“Essas sugestões visam não apenas a implementação de um sistema de coleta seletiva eficiente com medidas já testadas e consolidadas ao longo dos últimos anos por Recicleiros em diversas localidades espalhadas pelo Brasil e iniciativas já consolidadas de outras organizações congêneres, mas também a inclusão social, econômica e ambiental, fortalecendo catadoras e catadores de materiais recicláveis e orgânicos compostáveis, promovendo um desenvolvimento sustentável para o município”, finaliza Cezar Augusto.

Para baixar gratuitamente as sugestões do Instituto Recicleiros para Planos de Governo, clique neste link.

Recicleiros lança Relatório de Impacto Socioambiental 2023

Alinhada com sua política de inovação, transparência e governança, o Instituto Recicleiros lança oficialmente neste 17 de julho, a versão 2023 do seu Relatório de Impacto Socioambiental. 

Em sua segunda edição, o documento aberto ao público mostra os principais feitos da organização no decorrer de todo o ano passado em suas mais variadas frentes. E, mais do que isso, como esse movimento integrado da instituição está criando impacto socioambiental positivo ao envolver todo ecossistema da reciclagem, ou seja, catadores, gestão pública, setor empresarial e sociedade.

Ao longo de mais de 50 páginas, a nova edição do relatório anual traz um raio-x com os números atualizados das cooperativas que fazem parte do Programa Recicleiros Cidades, e também mostra como as iniciativas pioneiras de Recicleiros estão promovendo a mobilização social das catadoras e dos catadores que fazem parte das cooperativas de reciclagem incubadas.

Baixe aqui o Relatório de Impacto Socioambiental 2023 do Instituto Recicleiros.

Boa leitura!