Ministério do Meio Ambiente habilita Recicleiros como entidade gestora de logística reversa

O Instituto Recicleiros foi habilitado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) como entidade gestora de sistemas de logística reversa de embalagens em geral, em âmbito nacional. As entidades gestoras são pessoas jurídicas responsáveis por estruturar, implementar e operar sistemas de logística reversa de produtos e embalagens em modelo coletivo. A Portaria Nº 1.469, assinada pela Ministra Marina Silva, foi publicada no Diário Oficial da União neste mês de setembro.

A publicação reconhece oficialmente o trabalho desenvolvido pelo Instituto Recicleiros ao longo dos anos por meio do Programa Recicleiros Cidades, e reforça o compromisso da organização com a regulamentação existente. Entre os requisitos desse processo de habilitação estão a atuação nacional, além da experiência e a capacidade técnica reconhecida. Hoje, de acordo com o SINIR, existem 13 entidades gestoras habilitadas pelo Ministério.

“Acreditamos que o mercado criado pela obrigatoriedade da logística reversa pode ser viabilizador da transformação estrutural necessária para fomentar a economia circular. Desempenhar o papel de entidade gestora se torna necessário para que possamos operar e comprovar esses mecanismos de impacto inovadores. Portanto, estamos felizes com a homologação”, diz Erich Burger, Diretor Institucional do Instituto Recicleiros.

O Programa Recicleiros Cidades, até o momento, já recuperou 22,5 mil toneladas de materiais, atende 1.013 milhão de pessoas com coleta seletiva na porta e gera 275 postos de trabalho diretos.

Confira a Portaria n°1469 em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-gm/mma-n-1.469-de-11-de-setembro-de-2025-655172752

Parceria entre Recicleiros e NEPER/USP completa um ano com razões para comemorar

Há um ano, o Instituto Recicleiros e o NEPER/USP – Núcleo de Estudo e Pesquisa em Resíduos Sólidos da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) – anunciaram uma parceria inédita. O objetivo central era unir o conhecimento técnico e prático de Recicleiros no campo da reciclagem inclusiva com o rigor acadêmico e a produção de conhecimento científico de uma das universidades mais conceituadas e respeitadas da América Latina.

À época, falou-se da união entre teoria e prática e na proposta de gerar um legado positivo para a sociedade brasileira. Agora, 12 meses após a assinatura do acordo, o sentimento é de celebração por tudo o que se realizou até aqui e, também, pelas perspectivas que a união entre academia e terceiro setor ainda podem gerar.

A cooperação previa uma série de ações benéficas para o todo, entre elas a elaboração conjunta de projetos de pesquisa; organização de eventos científicos e técnicos; intercâmbio de informações e publicações; e levantamento de estudos de casos a partir da realidade vivida por Recicleiros.

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Cooperativas incubadas por Recicleiros são referência em estudos de gravimetria

Desde o início, a interação com o NEPER foi vista como um impulso fundamental para o Vox Lab, o laboratório de pesquisas de Recicleiros, que, entre suas ações, busca entender os fatores que influenciam a população no que diz respeito à reciclagem. O Vox Lab, vale lembrar, conta com o fomento da SIG para os projetos de pesquisa.

“Durante o Simpósio de Resíduos Sólidos, realizado pelo NEPER/USP com apoio do Instituto Recicleiros, apresentamos a nossa pesquisa que vem sendo realizada há dois anos com o propósito de traçar o perfil das pessoas que reciclam, das pessoas que não reciclam e conhecer um pouco mais os motivadores que fazem as pessoas engajarem ou não na coleta seletiva. Apresentamos esses dados para a comunidade acadêmica e para os participantes do Simpósio e foi muito positivo esse momento de troca. Essa é a essência do Vox Lab, produzir dados, compartilhar com a academia e fazer uma pesquisa aplicada que mude realidades e que sejam dados para tomadas de decisão”, comemora Mônica Alves, Pesquisadora do Instituto Recicleiros.

Para Recicleiros, a consolidação desse trabalho é a materialização de um dos pilares do Vox Lab. “O Vox Lab surgiu para consolidar o que já fazia parte do DNA do Instituto Recicleiros, que é criar e compartilhar conhecimento. Então, chegar a esse ponto de ter uma troca com a Academia, como no Simpósio de Resíduos Sólidos, além de outros profissionais da área, trocar olhares e receber ideias é muito valioso para nós. É muito satisfatório saber que chegamos até aqui em pouco tempo e com certeza a gente tem muito mais a contribuir e acrescentar”, comenta Luciana Ribeiro, Analista de Projetos que integra o time de Pesquisa do Instituto Recicleiros.

Do lado do NEPER, a avaliação é que a parceria tem gerado bons resultados, a partir de uma via de mão dupla, onde o conhecimento e a pesquisa transitam sem reservas.

“O balanço desse um ano de parceria é muito positivo. Na universidade pública, a gente está interessado em formar quadros qualificados, produzir conhecimento de qualidade e ser um indutor de mudanças na sociedade para além dos muros da universidade e entendo que a parceria com o Instituto Recicleiros atingiu todos esses objetivos. Temos pesquisas de pós-graduação sendo feitas, artigos científicos sendo elaborados e levamos o conhecimento da universidade para o Instituto Recicleiros, que é o agente dessa mudança. A parceria traz conhecimento técnico e análise rigorosa nos dados, então foi muito positivo esse primeiro ano”, avalia Guilherme Oliveira, professor doutor e vice-coordenador do NEPER.

“Nesse ano de parceria, destaco a importância da disponibilidade de dados para pesquisa. Sou uma das pós-graduandas que desenvolve pesquisa junto com o Instituto Recicleiros e, dentro da área de resíduos, assim como em toda a área acadêmica, é necessário o acesso aos dados com possibilidade de publicidade. Durante esse ano, conseguimos desenvolver três projetos de mestrado com essa possibilidade de parceria e diálogo aberto entre o Instituto Recicleiros e a universidade”, revela Ana Teresa Sousa, mestranda na EESC-USP e integrante do NEPER.

O primeiro ano foi de semeadura, mas também de colheita. Os próximos devem ampliar ainda mais o impacto positivo desse ciclo virtuoso de gerar conhecimento com rigor acadêmico, que retorna para a sociedade na forma de métodos aplicáveis e replicáveis e deixa um legado importante para a gestão de resíduos sólidos no Brasil.

Novas ferramentas de gestão fortalecem cooperativas de reciclagem incubadas pelo Instituto Recicleiros

O Instituto Recicleiros tem como uma de suas missões transformar a reciclagem no Brasil a partir da inovação. E uma dessas ações é a incubação de cooperativas até a sua emancipação. Nesse caminho, a equipe de Serviços Técnicos apresentou um conjunto de ferramentas de gestão voltadas aos processos produtivos e à manutenção, com foco na melhoria da qualidade, produtividade e padronização nas Unidades de Processamento de Materiais Recicláveis (UPMRs).

O objetivo vai além de garantir eficiência operacional, é sobre criar um ambiente de evolução constante, onde ajustes de rota, padronização e soluções direcionadas fortalecem o trabalho das catadoras e catadores e ampliam o impacto socioambiental da reciclagem.

De dados a decisões: como a gestão se transforma e melhora

Essas soluções ajudam as cooperativas a sair de um modelo onde os problemas só são tratados quando surgem, para uma atuação preventiva e estratégica. O acompanhamento dos dados se torna um aliado para medir impacto, identificar falhas, corrigir processos e apoiar decisões mais assertivas.

As ferramentas de gestão fortalecem o controle dos processos produtivos e de manutenção, assegurando qualidade, produtividade e padronização nas UPMRs. Elas permitem monitorar dados de forma integrada, orientar as ações junto às cooperativas e propor melhorias contínuas com base em indicadores confiáveis”, explica Renato Sobrinho, Gerente de Serviços Técnicos do Instituto Recicleiros.

Ferramentas que fazem diferença no dia a dia

Conheça as ferramentas para uma gestão eficaz e aprimorada:

  • Controle e validação de dados operacionais: monitoram peso de fardos, volume de materiais processados, calendário de atividades e outras métricas que orientam ajustes imediatos.
  • Registros de estoque: corrigem inconsistências que antes geravam desperdícios de tempo, recursos e eficiência e dificultavam a rastreabilidade.
  • Auditoria de processos por câmeras: permite observar etapas-chave da produção, sempre acompanhadas de orientações práticas para aperfeiçoamento.
  • Matriz de Avaliação de Desempenho: avalia não só processos, mas também a atuação das equipes e coordenadores de produção, onde indicadores viram planos de ação estratégicos.
  • Portal de Serviços Técnicos e Dashboard de Manutenção: centralizam checklists, relatórios, chamados e indicadores de manutenção, o que eleva a sustentabilidade pela dispensa de controles em papel, uma eficiente ferramenta de gestão digital integrada.

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Como essas ferramentas mudam o dia a dia das cooperativas?

Um dos principais pontos é que equipe técnica Recicleiros e cooperativas conseguem caminhar lado a lado. Não é um trabalho que só aparece quando algum problema acontece, os dados ajudam a enxergar sinais antes, permitem agir rápido e evitam impactos maiores no processo. Isso dá mais segurança para quem está na ponta.

Além disso, as soluções chegam de forma direcionada. Cada cooperativa tem sua realidade, seus desafios e sua forma de trabalhar, e é justamente aí que a tecnologia se faz importante para um suporte específico a fim de  aprimorar os processos.

O reflexo disso é um ecossistema de reciclagem de maior qualidade e padronização, mas sem perder a singularidade e potencial de cada lugar. A sustentabilidade se constrói, de fato, nos três eixos: social, ambiental e econômico, pois garante melhor dinâmica de trabalho, cuidado para que o material reciclável seja tratado de forma devida, do começo ao fim do ciclo e retorno financeiro sendo reflexo de todo o processo.

É uma gestão que sai do papel e vira prática. São dados que deixam de ser números apenas e se transformam em decisão, um conhecimento que não fica guardado, mas que se multiplica, tanto dentro das cooperativas quanto no território em que elas estão inseridas.

Recicleiros, NEPER/USP e SIG discutem Cidades Inteligentes e Sustentáveis em Simpósio de Resíduos Sólidos

De 16 a 19 de setembro, acontece a nona edição do Simpósio sobre Resíduos Sólidos (SIRS), promovido pelo Núcleo de Estudo e Pesquisa de Resíduos Sólidos (NEPER/USP) em São Carlos (SP). Com o tema Cidades Inteligentes e Sustentáveis, o encontro, que tem apoio do Instituto Recicleiros, será realizado em formato híbrido, presencial e online, na Escola de Engenharia de São Carlos (EESC/USP).

O Simpósio acontece a cada dois anos, desde 2009, e se consolidou como um dos eventos mais importantes do país no tema resíduos sólidos. O SIRS oferece ambiente adequado para colaboração, parcerias e fortalecimento de especialistas na área. Nesta edição, o encontro terá apoio do Instituto Recicleiros, parceiro do NEPER na área de pesquisas, e patrocínio da SIG, especialista em sistemas e soluções para embalagens. Assim, consolida a união entre academia, indústria e terceiro setor, tão importante para superar os desafios impostos pela gestão de resíduos sólidos no Brasil.

União entre ciência, prática e setor produtivo

Para a gerente de Sustentabilidade da SIG, Isabela De Marchi, a discussão sobre o descarte de resíduos é mais que necessária para o avanço das estratégias de reutilização de materiais e a criação de uma cadeia ética de reciclagem que de fato contribua para redução dos impactos ambientais do consumo. “A SIG apoia o desenvolvimento de ações efetivas para sanear o problema do descarte inadequado do lixo, incluindo condições justas para o catador, e a chancela do Neper/USP sobre a importância deste tema mostra que estamos no caminho certo”, comenta.

Na visão de Recicleiros, a parceria reforça a importância do encontro entre prática e ciência.

“Para nós, do Instituto Recicleiros, por meio do Vox Lab, é uma alegria imensa ter o NEPER como parceiro nessa caminhada de produção de conhecimento. Participar da nona edição do SIRS é uma oportunidade muito importante de fortalecer o debate técnico e acadêmico sobre a gestão de resíduos sólidos. Com mais de 18 anos de atuação, Recicleiros leva para o evento não só sua história, mas também as experiências vividas em 14 cidades brasileiras, além de dados consolidados que podem servir à ciência e ajudar a transformar a forma como olhamos para a reciclagem no nosso país. É nesse diálogo entre prática e ciência que acreditamos ser possível avançar”, afirma Mônica Alves, Pesquisadora Vox Lab, do Instituto Recicleiros.

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Programação diversa e completa

A programação do SIRS inclui palestras, mesas redondas e apresentação de trabalhos técnico-científicos. Serão abordados temas como políticas públicas, economia circular, logística reversa, inclusão de catadores, inovação e tecnologias aplicadas à gestão de resíduos.

Veja as participações de Recicleiros e SIG dentro da programação:

16/09 (terça-feira)

11h30 – Núcleo de Políticas Públicas

Erich Burger (Diretor Institucional Instituto Recicleiros)

14h – Programa Recicla+Pernambuco

Erich Burger e Danilo Nogueira (Gerente Geral de Economia Circular – Secretaria de Meio Ambiente, Sustentabilidade e Fernando de Noronha do Estado de Pernambuco)

15h – Estratégia de Circularidade SIG: construindo uma cadeia ética de reciclagem. 

Isabela de Marchi (Gerente de Sustentabilidade da SIG)

17h – Mesa Redonda sobre Governança e Políticas Públicas 

Erich Burger (Diretor Institucional Instituto Recicleiros)

Rafael Rodrigues (Diretor de Operações Instituto Recicleiros)

Isabela de Marchi (Gerente de Sustentabilidade da SIG)

Danilo Nogueira (Gerente Geral de Economia Circular – Secretaria de Meio Ambiente, Sustentabilidade e Fernando de Noronha do Estado de Pernambuco)

17/09 (quarta-feira)

11h – Apresentação Vox Lab (Laboratório de Pesquisas do Instituto Recicleiros)

Mônica Alves (Pesquisadora do Vox Lab do Instituto Recicleiros)

Luciana Ribeiro (Analista de Projetos do Vox Lab do Instituto Recicleiros)

17h – Mesa Redonda sobre Engajamento Social

Mônica Alves (Pesquisadora do Vox Lab do Instituto Recicleiros)

Luciana Ribeiro (Analista de Projetos do Vox Lab do Instituto Recicleiros)

19/09 (sexta-feira)

9h às 12h – Workshop Academia do Catador: Formação Técnica e Humana 

Lusimar Guimarães Pereira (Gerente da Academia Recicleiros do Catador)

Monike Vasconcelos Santos Teixeira (Coordenadora de Projetos da Academia Recicleiros do Catador)

Para participar é necessária inscrição no site oficial, onde você também pode conferir a programação completa: https://sirs.eesc.usp.br/   

Um espaço para soluções sustentáveis e coletivas

Mais do que um evento técnico, o SIRS é um espaço de cooperação. A cada edição, amplia a rede de pessoas e instituições comprometidas com o avanço da gestão de resíduos sólidos no Brasil, o que fortalece o diálogo entre ciência, prática e inovação.

Pernambuco e Recicleiros firmam novo Termo de Compromisso e lançam modelo inovador de logística reversa com impacto socioambiental

O Governo de Pernambuco e o Instituto Recicleiros assinaram um Termo de Compromisso de Logística Reversa (TCLR) pioneiro, que introduz conceitos transformadores para modernizar a gestão de resíduos no Brasil. O TCLR introduz regras claras para valorizar créditos de logística reversa vinculados à profundidade do impacto socioambiental gerado, oferecendo segurança jurídica e incentivos para empresas que precisam cumprir suas responsabilidades com a logística reversa e contribuir com a agenda socioambiental.

O evento de celebração aconteceu nesta quinta-feira (28), em Recife (PE), com promoção da Secretaria de Meio Ambiente, Sustentabilidade e de Fernando de Noronha (Semas-PE), Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) e Instituto Recicleiros e apoio institucional da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (ADEPE), Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (FIEPE) e Câmara Americana de Comércio (AMCHAM) Pernambuco.

O acordo inovador vai além dos modelos tradicionais ao incorporar critérios como adicionalidade, integridade e limitação de responsabilidade, considerados essenciais para o avanço da reciclagem inclusiva. 

Mas, antes de avançar nos conceitos e conquistas, é importante contextualizar de onde surgem essas discussões. As regulamentações de Logística Reversa estão passando por processo de necessária modernização, seja na esfera federal ou estadual. O debate tem se concentrado na constatação de que a Logística Reversa, em dadas situações, tem se distanciado de seu propósito original, conforme estabelecido na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS): ser um instrumento de desenvolvimento econômico e social ao viabilizar a reinserção de resíduos na cadeia produtiva.

Além disso, há uma discussão sobre quais medidas podem ser adotadas para corrigir as distorções que se configuraram ao longo dos anos. Dentro desse contexto, no caso da Logística Reversa de Embalagens Pós-Consumo, Recicleiros propõe uma discussão objetivando pautar a adoção de critérios para determinar as condições em que uma determinada massa de recicláveis pode gerar um crédito legalmente reconhecido; e definir pesos diferenciados para esses créditos no cumprimento das metas quantitativas, levando em conta a dimensão do impacto social e ambiental gerados ao longo da cadeia, bem como sua contribuição para a estruturação da cadeia.

 

Por que o modelo de Pernambuco é inovador?

O novo modelo proposto por Recicleiros em Pernambuco é um marco importante porque busca reconhecer e valorizar projetos estruturantes de reciclagem a partir da:

Adicionalidade: medidas que ampliam a capacidade de reciclagem além da existente, como novas plantas de processamento, melhorias de infraestrutura e capacitação de catadores, além de gerar impactos adicionais em outras dimensões por conta dos ganhos sociais decorrentes do desenvolvimento da política pública, da geração de trabalho e renda, do desenvolvimento da cultura de reciclagem nas comunidades, entre outros;

Integridade: ações que garantem condições mínimas de trabalho digno e segurança aos catadores, como remuneração justa, saúde e segurança no ambiente de trabalho e seguridade social;

Limitação de responsabilidade: dispositivo que protege investidores de riscos sistêmicos ao longo do tempo, o que incentiva aportes em projetos estruturantes e de longo prazo, como massa futura.

Para que o sistema de créditos realmente contribua para a economia circular e não se torne apenas um mecanismo de compensação sem efeito real, adicionalidade e integridade devem ser garantidas. Se os créditos não atenderem a esses dois critérios – integridade e adicionalidade –, há o risco de que o sistema apenas sirva como uma ferramenta de “greenwashing”, sem impacto real na ampliação da logística reversa e no atendimento das metas crescentes de reciclagem.

 

Pesos diferentes para ações que geram benefícios reais

Hoje, o sistema de logística reversa no Brasil valoriza todos os créditos de reciclagem de forma igual, independentemente de sua origem. Isso significa que uma tonelada de material reciclado por meio de cooperativas estruturadas, com catadores formalizados e condições dignas de trabalho, inseridos em sistemas municipais formais, vale o mesmo que uma tonelada proveniente de notas fiscais sem rastreabilidade ou benefício social real. 

“Um crédito de reciclagem que gera emprego digno, desenvolvimento sistêmico e amplia a capacidade do setor não pode valer o mesmo que um mero documento sem comprovação de impacto real”, explica Erich Burger, diretor institucional do Instituto Recicleiros. “Estamos dando um passo importante na modernização dos termos da logística reversa no país e tenho convicção de que esta atitude pioneira de Pernambuco tem potencial para influenciar políticas públicas em outros estados e até mesmo na esfera federal, incentivando investimentos em reciclagem com maior impacto socioambiental”, aposta Burger.

 

Efeito multiplicador de resultados

Um dos grandes trunfos do novo Termo de Compromisso firmado com Pernambuco é o efeito multiplicador, um grande avanço nos resultados de logística reversa. Ao considerar os benefícios da adicionalidade, integridade e a dimensão do impacto de uma atuação sistêmica e estruturante, o Termo reconhece e valoriza a reciclagem de maior impacto socioambiental como forma de incentivar sua ocorrência no estado. Na prática, uma tonelada reciclada em um projeto estruturante gerador de adicionalidade resulta em dois ou até quatro créditos, a depender do escopo do projeto.

Importante: isso não significa que as empresas precisarão reciclar menos, mas sim que investimentos em projetos de maior qualidade serão mais valorizados, criando um incentivo para a reciclagem inclusiva e sustentável.

“Queremos que esse modelo inovador se espalhe pelos quatro cantos do país, porque só assim a reciclagem no Brasil vai crescer de verdade, com bases sólidas, dignidade para os catadores, resultados mensuráveis e satisfatórios para todos os elos envolvidos na cadeia”, encerra o diretor do Instituto Recicleiros.

Mais do que cumprir suas obrigações legais, ao investirem no TCLR as empresas têm a oportunidade de demonstrar seu compromisso com a sustentabilidade e a responsabilidade social, contribuir para o desenvolvimento de Pernambuco e participar de uma iniciativa inovadora que está redefinindo o futuro da reciclagem no país.

Empresas que querem se tornar parceiras, entre em contato:
E-mail: reciclamaispe@recicleiros.org.br

WhatsApp: (11) 5198-9432

 

Recicla+Pernambuco

A assinatura do Termo de Compromisso de Logística Reversa vem na esteira do projeto Recicla+Pernambuco, uma iniciativa do Estado, em parceria com Recicleiros, que busca fortalecer a cadeia de reciclagem no estado. O objetivo é fomentar o desenvolvimento de políticas públicas para o aumento dos índices de reciclagem e a inclusão socioprodutiva de catadoras e catadores.

Além de qualificar gestores municipais para o desenvolvimento da política pública de coleta seletiva e reciclagem, a iniciativa vai selecionar quatro municípios ou consórcios para implantação do projeto de coleta seletiva. 

Os investimentos serão destinados para montagem de Unidades de Processamento de Materiais Recicláveis (UPMRs) completas, campanhas de comunicação para engajamento da população, assessoria técnica para formação socioprofissional dos catadores, capital de giro limitado e, também, apoio técnico de longo prazo para a municipalidade.

 

Termos de Compromisso e Massa Futura

Promover ações inspiradoras e indutoras de políticas públicas de coleta seletiva e reciclagem faz parte da história do Instituto Recicleiros. Anos atrás, outros estados, como São Paulo e Mato Grosso do Sul, assinaram Termos de Compromisso com Recicleiros, por meio da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) e Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (IMASUL).

Os dois estados, vale lembrar, foram pioneiros na formalização do Termo de Compromisso, uma iniciativa inovadora proposta por Recicleiros para criar um ambiente mais seguro do ponto de vista jurídico e que acabou por alavancar investimentos para ações estruturantes.

Importante lembrar que esses Termos de Compromisso influenciaram a legislação federal e de outros estados no que diz respeito ao reconhecimento do caráter estruturante de sua iniciativa de logística reversa. E, além disso, dos chamados Créditos de Massa Futura hoje disciplinados pelo Decreto Federal nº 11.413/2023.

 

Cooperativas incubadas por Recicleiros são referência em estudos de gravimetria

O Instituto Recicleiros se consolida, ao longo de sua história, como um verdadeiro laboratório vivo à disposição da sociedade para o avanço da reciclagem no Brasil. Essa trajetória ganha ainda mais relevância com os recentes estudos de gravimetria realizados nas Unidades de Processamento de Materiais Recicláveis (UPMRs) que fazem parte do Programa Recicleiros Cidades.

Além de receber, processar e comercializar os recicláveis e, assim, transformar a realidade socioambiental nos municípios, as cooperativas de reciclagem lideradas por catadoras e catadores, com assessoria técnica do Instituto Recicleiros, estão gerando informações e conhecimento compartilhável e, portanto, servindo não apenas à comunidade local, mas produzindo conhecimentos acadêmicos, tão importantes para tomadas de decisão sobre a reciclagem no Brasil.

Ainda que a gestão de resíduos sólidos seja um assunto que ganha cada vez mais pauta, existe uma carência de dados no país sobre a área de reciclagem de resíduos, inclusive entre o meio acadêmico. Ter a oportunidade de abrir nossas portas para parcerias interessadas em conhecer e pesquisar essa realidade é motivo de muita satisfação. Sem falar que, além de compartilhar nossa expertise, também aprendemos coisas novas no processo”, conta Luciana Ribeiro, Analista de Projetos do Instituto Recicleiros.

Todo esse trabalho de pesquisa e organização do conhecimento, é bom lembrar, é administrado pelo Vox Lab, área da organização responsável por produzir conteúdo com metodologias científicas e dividi-los abertamente com toda a sociedade brasileira. O objetivo principal? Contribuir para o desenvolvimento de ações eficientes para o aprimoramento da coleta seletiva e reciclagem de impacto no país.

A importância do estudo gravimétrico

Antes, porém, de detalhar as ações recentes ligadas à gravimetria que aconteceram nas cooperativas de reciclagem incubadas por Recicleiros, é prudente entender a relevância dessas análises.

O estudo gravimétrico é essencial para compreender o perfil dos resíduos gerados em um determinado município, o que envolve uma análise detalhada da quantidade e da qualidade do lixo. Para além de um diagnóstico, a gravimetria é fundamental para se planejar ações eficientes na gestão de resíduos sólidos, logo, permite técnicos e gestores públicos tomarem decisões embasadas e mais conscientes.

Nesse contexto, a gravimetria dos resíduos exerce uma função importante para o planejamento adequado dos serviços de coleta, transporte, tratamento e destinação final dos resíduos, uma vez que evita desperdícios e, ao mesmo tempo, promove a sustentabilidade.

Outro ponto importante é que o estudo gravimétrico oferece percepções interessantes para a criação de políticas públicas alinhadas à realidade local, já que permite ligar a geração de resíduos a fatores socioeconômicos e culturais da população. Dessa forma, cada município comprometido com a coleta seletiva e reciclagem pode desenvolver novas estratégias a fim de garantir uma gestão de resíduos mais inteligente e eficiente.

Por que estudos gravimétricos nas cooperativas apoiadas por Recicleiros?

As Unidades de Processamento de Materiais Recicláveis (UPMRs) têm se mostrado um ambiente fértil e produtivo para pesquisas por uma razão principal: são estruturadas e organizadas. As plantas que integram o Programa Recicleiros Cidades seguem padrões de produção diferenciados. Por exemplo, a eficiência no processo de triagem e prensagem dos materiais, que facilita a obtenção de dados precisos sobre a composição dos resíduos, são ideais para pesquisas de gravimetria.

Em Caçador (SC), foi feita uma gravimetria contratada pelo município para um Instituto de Pesquisa com sede na capital Florianópolis. A cooperativa Recicla Caçador, incubada por Recicleiros, participou tanto da separação dos materiais quanto da análise da qualidade dos materiais, assim como sugestão de melhorias no processo. 

Outro exemplo notável aconteceu na Cooperativa Recicla Campo Largo. Ricardo Beckert Trevisan, Mestrando em Ciência e Tecnologia Ambiental na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), está investigando como os rejeitos de cooperativas e associações de reciclagem podem se tornar Combustível Derivado de Resíduo Urbano (CDRU), uma solução que evita aterros sanitários e gera energia. 

“Foram quatro visitas, três delas dedicadas à análise gravimétrica detalhada dos rejeitos gerados na Cooperativa, onde os materiais foram classificados por tipo e por categoria. A Recicla Campo Largo é exemplar: limpa, bem estruturada e com dados em tempo real. Foi interessante ver como um bom gerenciamento pode transformar o que seria lixo em uma fonte de energia sustentável, ao invés de ser destinado ao aterro sanitário”, comentou Trevisan.

Por fim, vale destacar o estudo em andamento sobre gravimetria de rejeitos, realizado dentro do Acordo de Cooperação entre o Instituto Recicleiros e o Núcleo de Estudo e Pesquisa em Resíduos Sólidos (Neper), da Universidade de São Paulo. Neste caso, a UPMR referência para o desenvolvimento do trabalho é a cooperativa Recicla Guaxupé, em Minas Gerais.

A pesquisa “Análise Qualitativa e Quantitativa dos Rejeitos da Coleta Seletiva dos Resíduos Domiciliares Gerados no Município de Guaxupé Visando Melhorias no Seu Gerenciamento” está sendo conduzida pelo mestrando Rafael da Cunha Faria.

“A Recicla Guaxupé é referência e a experiência dentro da unidade tem sido fantástica. O ambiente de trabalho é adequado, os cooperados têm condições dignas, usam equipamentos de proteção, além de uma infraestrutura geral muito boa. A rotina da cooperativa vale ser destacada. Com o trabalho de educação ambiental, os resíduos que chegam na cooperativa tem qualidade e o índice de recuperação de resíduos é muito bom. Os processos internos são muito bem definidos”, comenta Rafael.

“Tenho recebido todo o suporte necessário, o time Recicleiros está sempre presente e tem sido peça fundamental para o estudo. O interesse de Recicleiros em produzir informação e deixar pública, gerando valor, principalmente na área de rejeitos que ainda é estigmatizada, é muito significativo”, finaliza.  

Com todas essas movimentações de estudos e pesquisas dentro das cooperativas, as Unidades de Processamento de Materiais Recicláveis (UPMRs) do Programa Recicleiros Cidades não apenas promovem a gestão eficiente dos resíduos sólidos, mas também se tornam referências acadêmicas e práticas para estudos de gravimetria. Essa sinergia entre prática e pesquisa fortalece políticas públicas e impulsiona o avanço da reciclagem e sustentabilidade no Brasil.

Instituto Recicleiros, SIG, Nestlé, Instituto Heineken e Alcoa Foundation promovem evento com debates sobre inclusão socioprodutiva de catadores

O Instituto Recicleiros e patrocinadores da Academia do Catador (SIG, Nestlé, Instituto Heineken e Alcoa Foundation) promovem o evento “Inclusão Socioprodutiva de Catadores: construindo capacidade na base da cadeia de valor”, que acontecerá no dia 29 de maio, em São Paulo (SP), com transmissão ao vivo pelo YouTube (@Recicleiros)

O encontro promoverá debates com representantes do governo e lideranças do setor sobre os principais temas que impactam o trabalho das cooperativas de reciclagem. Além dos debates com especialistas, o evento marca o lançamento oficial da Academia Recicleiros do Catador, uma tecnologia social inovadora para fortalecer cooperativas de reciclagem, que conta com a cooperação técnica do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. 

Veja a Programação Completa: 

9h às 10h30 – Painel 1: Política Nacional de Resíduos Sólidos e o protagonismo dos catadores: avanços, entraves e caminhos futuros na visão do governo federal. 

Adalberto Maluf (Secretário Nacional de Meio Ambiente Urbano e Qualidade Ambiental – MMA/MMAMC) 

Ary Moraes Pereira (Secretário Executivo do CIISC) 

Lucas Ramalho Maciel (Diretor do Departamento de Economia Circular e Resíduos Sólidos – MDIC) 

10h30 às 11h45 – Painel 2: O que ainda limita a inclusão plena dos catadores no sistema de reciclagem. 

Tião Santos (Movimento Eu Sou Catador – MESC)  

Telines Basilio – Carioca (Confederação Nacional de Cooperativas de Trabalho e Produção de Recicláveis – CONATREC) 

Aline Souza (Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis – MNCR) 

Nanci Darcolete (Pimp My Carroça) 

11h45 às 12h15 – Visão Estratégica: Por que fazer com catadores? Eficiência, legalidade e valor compartilhado na cadeia da reciclagem. 

Rafael Henrique, Diretor de Operações do Instituto Recicleiros 

13h30 às 14h45 – Lançamento da Academia Recicleiros do Catador. 

14h45 às 15h15 – Visão Estratégica: Ecossistemas virtuosos como uma necessidade para a reciclagem inclusiva, eficiente e de longo prazo. 

Erich Burger, Diretor Institucional do Instituto Recicleiros 

15h15 às 16h30 – Painel 3: Cadeia ética – integridade e adicionalidade nos resultados de reciclagem. 

Isabella Tioqueta (Coordenadora de Saneamento Ambiental e Economia Circular – SEDEST/PR) 

Ana Luiza Ferreira (Secretária de Meio Ambiente Pernambuco) 

Dr. Juliano de Barros Araújo (Promotor de Justiça do MP-GO) 

Fernando Bernardes (CEO Central de Custódia) 

16h30 às 17h45 – Painel 4: Circularidade com propósito: como empresas líderes podem redefinir a lógica da cadeia de reciclagem.

Isabela De Marchi (Gerente de Sustentabilidade SIG)

Taissara Martins (Head de Sustentabilidade Nestlé Brasil)

Cristiane Tolotti Rossi (Gerente de Economia Circular Braskem)

Serviço: 

Inclusão Socioprodutiva de Catadores: construindo capacidade na base da cadeia de valor. 

Data: 29 de maio. 

Horário: das 9h às 17h45 

Transmissão: Ao vivo pelo YouTube @Recicleiros

Programa Recicleiros Cidades: conheça a história do jingle que avisa as pessoas que o caminhão da coleta está chegando

O dia 6 de janeiro entrou para a história do Instituto Recicleiros. Foi na noite daquela segunda-feira que, em meio à matéria especial do Jornal Nacional sobre reciclagem, surgiu a música “Plástico, vidro, papel, metal e óleo de cozinha… não jogue no lixo comum, separe pro dia do caminhão da reciclagem”.

O jingle, criado em 2018, e que está até hoje sendo tocado nos caminhões de coleta seletiva nos municípios que integram o Programa Recicleiros Cidades, abriu a participação do Instituto Recicleiros na série especial de quatro episódios sobre reciclagem exibido no maior e mais tradicional telejornal brasileiro.

Mas, qual é a história por trás dessa música leve e convidativa que vem marcando época e serve como um lembrete às pessoas que o caminhão da reciclagem está chegando?

 

O jingle que ganhou o Brasil

Há 7 anos, Recicleiros buscava iniciativas para conscientizar as pessoas dos municípios beneficiados com o Programa Recicleiros Cidades. A proposta era alertar a população que o caminhão da reciclagem estava passando para que os munícipes, dia a dia, adotassem o hábito de fazer a separação e a destinação correta. Afinal, para a reciclagem acontecer, de fato, é essencial que os materiais cheguem às Unidades de Processamento de Materiais Recicláveis (UPMRs).

“Então surgiu a ideia de usar o caminhão como mídia porque o veículo passa em frente à casa das pessoas, além de um jingle para ser veiculado nas rádios locais”, lembra Felipe Sauma, Diretor de Criação, responsável por coordenar o desenvolvimento desse material.

De acordo com Sauma, o processo criativo considerou uma música que ficasse na mente dos ouvintes – lembra da música do caminhão do gás? –, mas sem criar poluição sonora. Havia o compromisso de ser uma música leve, cadenciada, mas com um tom animado, e com um refrão e uma instrução no final.

A música, desenvolvida em cerca de um mês, conta com elementos sonoros de materiais recicláveis, que serviram como percussão. Todos os itens estavam representados. “Estudamos os timbres para ver quais funcionariam melhor na música. Por exemplo, utilizamos sons de garrafas de vidro, papel amassado, tina de plástico e latão de metal”, acrescenta que se diz realizado com essa produção: “estamos trabalhando a mudança de cultura das pessoas, que estão cuidando do meio ambiente”.

Propósito de informar e conscientizar

Como a separação e o descarte correto são essenciais para a reciclagem funcionar, o jingle cumpre uma missão importantíssima na adesão da coleta seletiva e reciclagem. É isso o que tem ficado evidente nas praças que contam com cooperativas de reciclagem incubadas pelo Instituto Recicleiros.

Nas pesquisas Vox Lab realizadas por Recicleiros nos municípios onde o Programa está em pleno funcionamento, o carro de som foi um dos meios de comunicação mais votados pela população como um bom local para receber informações sobre a coleta, atrás apenas do rádio e redes sociais.

Durante as mobilizações porta a porta, é muito comum que os munícipes se refiram ao caminhão da coleta seletiva como “aquele da musiquinha”. Também não é raro ver moradores que preferem entregar o material para os coletores e, para isso, esperam ouvir a música se aproximando. E é claro, outro grande indicador de sucesso sempre será o engajamento das crianças, que costumam reproduzir a música em casa ou em atividades escolares. Sinal que o jingle tem cumprido seu propósito.

Ficha técnica

Música

“Separe pro caminhão da reciclagem.”

Direção de Criação

Felipe Sauma

Composição

Daniel Ayres

Felipe Sauma

Rodrigo Scarcello

Produção

Rodrigo Scarcello

Músicos

Ed Encarnação

Raphael Zarella

Rodrigo Scarcello

 

 

Como a reciclagem pode colaborar no combate às mudanças climáticas?

A reciclagem é mais do que apenas um simples ato de separar e destinar resíduos. É um processo de transformação, onde o que se achava que não tinha valor vira algo novo, como uma metáfora para o próprio futuro que queremos para o nosso planeta. À medida que enfrentamos as mudanças climáticas, ela se torna um caminho fundamental para garantir o bem-estar ambiental e social, transformando o ciclo da produção e do consumo em algo equilibrado em todos os sentidos.

Realidade das mudanças climáticas: causas e consequências

As mudanças climáticas representam um dos maiores desafios globais do século XXI. Fenômenos como o aumento das temperaturas médias globais, a frequência crescente de eventos climáticos extremos e a perda irreversível da biodiversidade são consequências de como lidamos coletivamente com a natureza. Grande parte dessa degradação ambiental é impulsionada pela crescente demanda por recursos naturais e pela produção excessiva e descarte inadequado de resíduos sólidos.

No Brasil, aproximadamente 4% das emissões de gases de efeito estufa (GEE) provêm do setor de resíduos sólidos, 64,1% desse total resulta da destinação inadequada de resíduos em lixões, aterros controlados e aterros sanitários, e esse número pode aumentar se não adotarmos práticas de gestão integrada.

Logo, a reciclagem se torna uma estratégia central para mitigação das consequências das mudanças climáticas.

A economia circular 

No Brasil, apenas 4% dos resíduos sólidos são reciclados, segundo dados da Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (ABREMA). Há muito o que se fazer para aumentar essa taxa, dentre as estratégias, podemos aprimorar processos de reciclagem a partir da economia circular, onde os produtos não seguem um ciclo linear de produção-consumo-descarte, mas são constantemente reintegrados no ciclo. Ou seja, em vez de extrair recursos da Terra, se reaproveita os materiais que já foram anteriormente produzidos, isso preserva os ecossistemas naturais e reduz a pressão sobre o que tiramos da natureza, que são recursos finitos.

A reciclagem de plástico, vidro, papel, metal e óleo de cozinha reduz o volume de resíduos nos aterros sanitários e no meio ambiente, evitando a liberação de metano — um gás de efeito estufa com um impacto 82,5 vezes maior que o dióxido de carbono (CO2) ao longo dos próximos 20 anos.

Porém, para que as cadeias de reciclagem sejam capazes de conduzir alguma mudança nesse cenário, é urgente que aconteça a integração dos setores e seus atores e se crie uma cultura de responsabilidade compartilhada.

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A urgência da ação coletiva

Embora as vantagens da reciclagem sejam visíveis, a transição para um sistema de gestão de resíduos sustentável depende do esforço coletivo. É central que governos, indústrias e cidadãos desempenhem seu papel da melhor forma possível.

Governos precisam pensar em políticas públicas que incentivem a reciclagem em larga escala, oferecendo incentivos para as organizações, além de investir em infraestrutura de coleta e processamento de materiais recicláveis. As indústrias, por sua vez, podem adotar a economia circular como modelo de negócios, integrando a reciclagem como uma prática intrínseca em seus processos produtivos. E, por último, os cidadãos precisam compreender as questões de reciclagem como um direito e um dever, compreendendo a importância da separação adequada dos resíduos e se comprometendo com o consumo responsável, tudo isso com possibilidade de acesso à informação e fortalecimento comunitário.

O Instituto Recicleiros é uma das organizações comprometidas com essa pauta, atuando como um agente integrador entre prefeituras, empresas, catadoras e catadores. Por meio de sua atuação, o Instituto capacita gestores públicos municipais para implementar políticas públicas voltadas à coleta seletiva e à reciclagem, enquanto apoia processos de incubação de cooperativas de reciclagem, colaborando para que se tornem empreendedores coletivos organizados. Além disso, busca mobilizar a população através de ações de educação socioambiental para que a cadeia da reciclagem entre em circularidade onde todos os atores são engajados.

Ainda há chances

O poder de transformação está em nossas mãos, e com cada gesto, estamos não só protegendo o ambiente, mas também construindo um futuro onde o respeito à natureza é a base para uma convivência harmônica com nosso planeta.

O futuro está sendo moldado hoje. Reciclar é acreditar que um mundo com justiça socioambiental é possível e que as mudanças climáticas não são um destino, mas uma chance para nos reinventarmos.

Fontes:

Global Alliance for Incinerator Alternatives. RESÍDUO ZERO PARA ZERO EMISSÕES: A REDUÇÃO DE RESÍDUOS COMO A VIRADA DE JOGO CLIMÁTICA. out. 2022. Disponível em: <https://polis.org.br/wp-content/uploads/2023/05/completo-ZWZE-paginaunica.pdf>

Como Guaxupé (MG) está desbravando a economia circular, a partir de uma parceria entre Delterra e Recicleiros

Delterra e Recicleiros estão colaborando para implementar abordagens inovadoras no Brasil, trazendo melhorias significativas na participação da reciclagem e nas taxas de recuperação de materiais. Essa parceria público-privada na cidade de Guaxupé (MG), exemplifica como cidades do Sul Global podem desenvolver sistemas sustentáveis de gestão de resíduos.

Guaxupé, cidade brasileira reconhecida por sua produção de café de alta qualidade, vem ganhando destaque nos últimos anos pelos avanços na gestão de resíduos sólidos e nas práticas de economia circular. Recentemente, um projeto colaborativo entre Delterra e Recicleiros tem evidenciado a transformação dos hábitos de reciclagem da comunidade local.

Uma parceria estratégica para um impacto sustentável

O Instituto Recicleiros, uma organização da sociedade civil de destaque no setor de reciclagem no Brasil, traz anos de experiência e um profundo entendimento dos contextos locais para uma parceria transformadora. Reconhecida por seu compromisso com a sustentabilidade socioambiental, Recicleiros tem sido fundamental no fomento ao engajamento comunitário e no apoio a redes de cooperativas em diferentes partes do Brasil, incluindo Guaxupé (MG). O conhecimento e a conexão com a realidade local fortalece o projeto com estratégias sob medida e uma abordagem de confiança.

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Recicleiros fecha parcerias para promover mudança de comportamento para reciclagem

A Delterra é uma organização global sem fins lucrativos que trabalha para reduzir resíduos e maximizar o reaproveitamento de materiais, incluindo plásticos e orgânicos. Seus programas abrangem toda a cadeia de valor, colaborando com cidades para construir sistemas de gestão de resíduos e reciclagem que aumentem a qualidade e a quantidade de materiais recuperados e com empresas para desenvolver mercados, ampliar a capacidade de processamento e a demanda, além de tornar as cadeias de valor mais eficientes, transparentes e éticas. Por meio dessa colaboração, a Delterra adaptou seu modelo comprovado de mudança de comportamento — desenvolvido na Argentina e na Indonésia — ao contexto cultural e social único do Brasil.

Juntas, Delterra e Recicleiros, com o apoio da Alliance to End Plastic Waste, estão criando sistemas de reciclagem sustentáveis com foco nas especificidades locais, garantindo um impacto positivo de longo prazo.

Unidade de Processamento de Materiais Recicláveis da cooperativa Recicla Guaxupé.
Imagem: Unidade de Processamento de Materiais Recicláveis da cooperativa Recicla Guaxupé.

Compreender os motivadores culturais para a mudança

O projeto foi lançado com uma fase intensiva de pesquisa envolvendo a comunidade. Residentes, tanto recicladores quanto não recicladores, foram entrevistados individualmente ou em grupos focais, com o objetivo principal de entender os fatores culturais que influenciam o comportamento de reciclagem em Guaxupé. As descobertas ressaltaram a importância de enquadrar a reciclagem como um dever cívico coletivo, além de destacar o aspecto social do serviço — que não apenas beneficia o meio ambiente, mas também apoia os trabalhadores da cooperativa de reciclagem Recicla Guaxupé. Isso levou ao lançamento do programa Separa+, que enfatiza a ideia de que os esforços de cada indivíduo contribuem para uma comunidade mais saudável.

Motivadores culturais para mudança de comportamento em Guaxupé.
Imagem: Motivadores culturais para mudança de comportamento em Guaxupé.

Construir um modelo de sucesso

Após socializar os insights exclusivos destacados pela pesquisa com a população local, Delterra e Recicleiros rapidamente desenvolveram um plano de mudança de comportamento visando expandir a iniciativa para toda a cidade em um ano, começando com um piloto para testar a abordagem. O governo local também foi envolvido no desenvolvimento dessas estratégias, o que aumentou a viabilidade técnica do projeto. Esse processo de cocriação garantiu que todas as intervenções fossem relevantes para a comunidade. Na prática, a abordagem para gerar engajamento e participação combinou interações porta a porta, comunicação digital e em massa, além de um chatbot para guiar os moradores no processo de reciclagem.

Equipes da cooperativa Recicla Guaxupé, Prefeitura, Delterra e Recicleiros trabalhando no plano.
Imagem: Equipes da cooperativa Recicla Guaxupé, Prefeitura, Delterra e Recicleiros trabalhando no plano.

Fortalecer agentes locais de mudança

Um diferencial importante do projeto foi sua integração com a campanha de prevenção à dengue de Guaxupé. Ao trabalhar com agentes de saúde que já realizam visitas regulares às residências como parte de suas funções, foi possível vincular a reciclagem à saúde pública, incentivando ainda mais a participação da comunidade. Isso foi viabilizado pelas altas taxas de receptividade nas visitas e pelas relações de confiança que esses agentes já haviam estabelecido com os moradores atendidos.

Ao mesmo tempo, a cooperativa local, Recicla Guaxupé, continuou seus esforços educativos em residências e comércios, como vinha fazendo consistentemente desde o início da coleta seletiva na cidade, em 2020.

Ao unir esses esforços distintos, essa parceria inovadora maximizou os recursos e criou uma mensagem unificada: a reciclagem proporciona benefícios ambientais e de saúde pública para toda a comunidade.

Membros da cooperativa Recicla Guaxupé—prontos para a ação. 
Imagem: Membros da cooperativa Recicla Guaxupé—prontos para a ação.

Resultados iniciais e impacto duradouro

A fase piloto, conduzida em um dos dez setores de coleta do município, apresentou resultados notáveis, destacando a eficácia da colaboração entre Delterra e Recicleiros. Durante um período de monitoramento de oito semanas no microterritório designado, foram observados os seguintes resultados:

  • A taxa de participação na área (medida pela quantidade de materiais coletados em relação ao potencial de geração de resíduos) alcançou um nível 3,5 vezes maior que no período anterior à ativação.
  • Houve um aumento de 33% no número de residências que passaram a separar materiais recicláveis para coleta nos pontos de descarte designados.

Embora esses resultados preliminares sejam muito positivos, tanto a Delterra quanto Recicleiros continuarão monitorando a participação ao longo do tempo para confirmar mudanças sistêmicas e duradouras. As conclusões finais serão apresentadas ainda em 2025.

Em parceria, Delterra e Recicleiros não apenas alcançaram melhorias nas taxas de reciclagem em curto prazo, mas também seguem desenvolvendo modelos para assegurar que essas transformações sejam profundas e duradouras. Aproveitando as vantagens de cada organização, essa parceria está criando um modelo replicável em outras comunidades pelo Brasil para alcançar o sucesso na reciclagem de resíduos.

Sobre Delterra e Recicleiros

O Instituto Recicleiros é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos fundada em 2006, que atua como um facilitador-chave entre administradores públicos, empresas, catadores de resíduos e a sociedade na abordagem de questões socioambientais. Entre suas iniciativas, Recicleiros foca na criação e incubação de cooperativas – abrangendo operações, administração e gestão – com o objetivo de capacitar catadores a se tornarem empreendedores coletivos qualificados organizados em cooperativas, promovendo o desenvolvimento sustentável de seus negócios. Atualmente, por meio do Programa Recicleiros Cidades, o instituto atua em 14 municípios em todas as cinco regiões do Brasil.

A Delterra é uma organização ambiental global sem fins lucrativos que projeta e desenvolve soluções inovadoras e escaláveis para enfrentar os desafios ambientais mais complexos do mundo – em campo e em larga escala. A Delterra trabalha com cidades, comunidades e o setor privado no Brasil, Argentina e Indonésia para transformar sistemas de reciclagem e gestão de resíduos, melhorando de forma eficaz os resultados ambientais e impulsionando a circularidade, ao mesmo tempo que beneficia a saúde, os meios de subsistência e a economia.