Recicleiros, Alcoa Foundation e Prefeitura de Juruti juntos pela reciclagem inclusiva

Durante a COP30 que acontece em Belém (PA), o Instituto Recicleiros, a Alcoa Foundation e o município de Juruti, no oeste do Pará, anunciaram uma parceria para fortalecer o ecossistema de reciclagem na cidade.

O projeto prevê investimentos de R$ 2,8 milhões e criará uma nova Unidade de Reciclagem, desenvolverá um Plano Municipal de Coleta Seletiva e oferecerá treinamento técnico e apoio inicial a cooperativas de reciclagem locais, melhorando a eficiência, a segurança e a geração de renda para cerca de 40 catadoras e catadores de materiais recicláveis e suas famílias.

“O projeto Recicleiros demonstra como melhorar a vida das pessoas e proteger o meio ambiente podem andar de mãos dadas”, afirma Erich Burger, Diretor Institucional do Recicleiros. “Com o apoio da Alcoa Foundation, vamos capacitar os catadores de materiais recicláveis locais, fortalecer a infraestrutura de reciclagem e ajudar Juruti a se tornar um modelo de economia circular na Amazônia.”

A parceria é resultado da experiência prática do Instituto Recicleiros por meio do Programa Recicleiros Cidades que incuba, atualmente, 15 cooperativas de catadores de materiais recicláveis nos municípios brasileiros, unindo empresas, gestores públicos, catadores e sociedade. Até setembro último, o Programa Recicleiros Cidades já recuperou 22,5 mil toneladas de materiais, atende 1.013 milhão de pessoas com coleta seletiva na porta e gera 275 postos de trabalho diretos.

“Por meio dessa colaboração, estamos reforçando o compromisso da Alcoa Foundation com o desenvolvimento comunitário sustentável e inclusivo”, disse Caroline Rossignol, presidente da Alcoa Foundation. “Ao apoiar o trabalho de Recicleiros, estamos criando oportunidades reais para as pessoas e, ao mesmo tempo, fortalecendo os sistemas circulares que protegem o planeta.”

O evento, que aconteceu na COP no Espaço ABAL Free Zone (Praça da Bandeira), contou com as presenças de Pâmella De-Cnop, Diretora de assuntos externos e sustentabilidade da Alcoa e Presidente do Instituto Alcoa; Lucidia Batista, Prefeita de Juruti, Gerson Paes, Coordenador de Licenciamento da Mineração na SEMAS; Daniel Santos, Presidente da Alcoa Brasil; e Erich Burger, do Instituto Recicleiros.

Vale lembrar que a Alcoa Foundation apoia a Academia Recicleiros do Catador, uma plataforma de educação online gratuita que oferece treinamento profissional e comportamental para membros de cooperativas em todo o país. O currículo da Academia inclui módulos sobre operações, segurança, liderança, administração e governança, fortalecendo a economia circular do Brasil desde a base.

Mobilização orientada por dados: transformando informação em impacto

Quando falamos em Mobilização, aposto que você pensa logo nas ações feitas nas escolas com as crianças, nas ruas, nas campanhas… e é isso mesmo! Esse é o lado visível, que toca as pessoas. Mas, o que nem todo mundo sabe é que, por trás de tudo isso, existe uma estrutura enorme de dados, planilhas e análises que ajudam o setor a funcionar do jeito certo.

No contexto do Programa Recicleiros Cidades, a Mobilização passou por uma transformação silenciosa, mas profunda. O que antes era apenas o registro manual das tarefas realizadas e a percepção empírica se transformou em um modelo organizado e orientado por dados, onde cada ação é mapeada, analisada e transformada em conhecimento.

Do registro à inteligência

O processo foi gradual. Começamos com planilhas simples com registros que mostravam onde estivemos, quando, com quem e com qual objetivo. Mas, conforme o trabalho crescia, ficou claro que precisávamos enxergar além.

Foi assim que nasceram os dashboards de Mobilização: painéis dinâmicos que reúnem dados de campo, relatórios de eventos, resultados de campanhas e indicadores de impacto, que representaram uma verdadeira virada de chave. Hoje, conseguimos não apenas saber o que foi feito, mas como e por que cada ação gerou determinado resultado.

Dados que contam histórias

Esses números não são frios, eles contam histórias. Mostram o engajamento crescente da comunidade, as campanhas que mais despertam interesse, os territórios que demandam atenção e os resultados das ações de educação ambiental.

Cada ponto no gráfico representa uma ação, com pessoas reais, que se envolveram, participaram e transformaram seu entorno. E é justamente isso que torna a Mobilização do Instituto Recicleiros única: a combinação entre encantamento humano e precisão analítica.

Eficiência com propósito

Com essa estrutura, o planejamento ficou mais estratégico. As equipes conseguem cruzar dados de participação, adesão e engajamento, além de identificar tendências e gargalos.

Os dashboards permitem atuar com agilidade, reforçando o princípio da melhoria contínua, um dos pilares da Mobilização. Agora, cada reunião, campanha e nova ideia nascem sustentadas em evidências. Isso garante que o trabalho em campo seja inspirador, eficiente e mensurável.

É aí que a Mobilização se torna ainda melhor. Quando você consegue enxergar os resultados de forma clara, tudo ganha outro ritmo. As reuniões ficam mais objetivas, as campanhas são pensadas com base no que deu certo (e no que não deu), e o tempo em campo é usado com mais estratégia.

A verdade é que os dashboards viraram uma espécie de bússola. Não substituem o olhar humano, mas dão base a ele. Afinal, mobilizar continua sendo sobre pessoas, conversa e vínculo. A diferença é que agora temos informação estruturada para apoiar cada decisão.

Um futuro orientado por dados e pessoas

A Mobilização segue sendo o ponto de partida das transformações nas cidades. Mas, hoje, é também um espaço de análise, planejamento e aprendizado.

Cada dado registrado é uma semente plantada e cada insight gerado é um passo em direção a comunidades mais engajadas e cooperativas mais fortalecidas.

Porque mobilizar é, sim, sobre pessoas, mas também sobre entender o que os dados nos contam sobre elas para seguir transformando realidades com mais clareza, eficiência e impacto.

A Mobilização segue em crescimento, se reinventando e aprendendo com o que os dados mostram e com o que as pessoas ensinam. Porque é assim que o encantamento e a análise se encontram: um orienta o outro.

Instituto Recicleiros apresenta o Relatório de Impacto Socioambiental 2024

O Instituto Recicleiros lançou a mais nova edição do seu Relatório Anual de Impacto Socioambiental, com os resultados referentes a 2024. 

Em sua terceira edição, o Relatório Recicleiros reforça o compromisso da organização com transparência e inovação e lembra sua missão primordial: fomentar a cultura da reciclagem no Brasil. O material destaca as principais conquistas, os desafios enfrentados ao longo do ano e os resultados alcançados pelas cooperativas de reciclagem que integram o Programa Recicleiros Cidades.

Veja alguns números do Relatório 2024:

  • 978.977 pessoas atendidas com o Programa Recicleiros Cidades;
  • 7.186,98 toneladas de resíduos reciclados em 2024 (18.065,24 toneladas desde o início do programa);
  • 2.136 ações de mobilização social e educação ambiental realizadas.

Muito mais do que um balanço, o relatório é um convite para a reflexão, a fim de inspirar, orientar e engajar os leitores na construção da necessária transformação socioambiental.

O documento, disponível para acesso público, também apresenta as iniciativas do Instituto Recicleiros em sua missão de integrar e dialogar com os diferentes setores da sociedade envolvidos na causa socioambiental – técnicos e gestores públicos, catadoras e catadores de materiais recicláveis, empresas e cidadãos.

Quer conhecer melhor o trabalho do Instituto Recicleiros? Baixe agora o Relatório de Impacto Socioambiental 2024!

Aproveite a leitura!

MPMS desenvolve Nota Técnica que orienta a contratação de organizações de catadores por prefeituras

O Ministério Público do Mato Grosso do Sul lançou uma Nota Técnica orientativa para gestores públicos sobre a contratação de cooperativas e associações de catadores de materiais recicláveis.

A Nota Técnica destaca que a contratação pelo poder público deve ser a principal fonte de receita para cooperativas e associações. Além disso, o documento apresenta outras cinco alternativas que podem garantir a sustentabilidade econômica dessas organizações:

  • Contratação pelo poder público (prioritária);
  • Venda do material;
  • Créditos de logística reversa;
  • Serviços a grandes geradores;
  • Pagamento por serviços ambientais;
  • Créditos de carbono.

“O documento nasce da necessidade de enfrentar os desafios da destinação ambientalmente adequada dos resíduos e da valorização do trabalho das associações e cooperativas de catadores, historicamente responsáveis pela coleta, triagem e comercialização de recicláveis no país. Trata-se de um instrumento que visa assegurar o cumprimento dos princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana, do trabalho, da função socioambiental das políticas públicas e da inclusão social”, afirma Luciano Loubet, Promotor de Justiça – Coordenador do Núcleo Ambiental de apoio ao Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça do Meio Ambiente (CAOMA).

Recicleiros presente na iniciativa do MPMS

O Instituto Recicleiros participou desse processo com apoio técnico na elaboração do documento e fornecimento de dados, estudos e experiências acumuladas pelo Programa Recicleiros Cidades.

“Essa medida é muito importante na medida em que o valor de venda dos materiais historicamente não tem sido suficiente para garantir as premissas mínimas de dignidade, respeito aos direitos humanos e princípios da organização internacional do trabalho. A Nota vem como uma forma de reforçar que essa atividade seja reconhecida como um serviço que deve ser prestado para toda população pelas administrações públicas, independentemente da presença de investimentos de logística reversa e protegido da influência que o preço da matéria-prima virgem tem sobre o mercado de recicláveis pós-consumo”, comenta Rafael Henrique, Diretor de Operações do Instituto Recicleiros. 

“Entretanto, é preciso ficar claro que essa alternativa não exime de responsabilidade o setor empresarial que tem por obrigação contribuir para viabilizar a estruturação e a operacionalização desses sistemas na medida que eles também servem ao cumprimento de suas obrigações legais quanto às embalagens que colocam no mercado”, completa.

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Essa contribuição reafirma a missão do Instituto Recicleiros de fortalecer políticas públicas que promovem a sustentabilidade econômica e a inclusão socioprodutiva de catadores em todo o Brasil.

Veja a notícia e acesse a Nota Técnica completa

Parecer jurídico sobre a contratação direta

Na esteira da Nota Técnica, o corpo jurídico do Instituto Recicleiros elaborou um parecer técnico-jurídico a respeito da contratação direta de cooperativas de catadores de materiais recicláveis por município. O parecer está disponível aqui.

“O parecer jurídico visa a auxiliar as municipalidades para contratação direta de cooperativas de catadores por meio de dispensa de licitação que, além de atender o princípio da economicidade processual, poupando a Administração Pública de burocracias para contratação do serviço de coleta, processamento e destinação dos resíduos recicláveis, também traz justiça social para uma parcela vulnerável da população, com renda digna, segurança, saúde, que também são direitos constitucionais básicos”, diz Bruno Segantini, Coordenador Jurídico do Instituto Recicleiros.

Esse documento oferece respaldo técnico e jurídico para que gestores públicos adotem um modelo de contratação mais ágil, inclusivo e alinhado aos princípios constitucionais.

Vale lembrar que os gestores públicos de todo o Brasil que desejam apoio para cumprir a lei e implementar um sistema eficiente de coleta seletiva e reciclagem inclusiva podem solicitar acesso gratuito à Academia Recicleiros do Gestor Público.

Ministério do Meio Ambiente habilita Recicleiros como entidade gestora de logística reversa

O Instituto Recicleiros foi habilitado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) como entidade gestora de sistemas de logística reversa de embalagens em geral, em âmbito nacional. As entidades gestoras são pessoas jurídicas responsáveis por estruturar, implementar e operar sistemas de logística reversa de produtos e embalagens em modelo coletivo. A Portaria Nº 1.469, assinada pela Ministra Marina Silva, foi publicada no Diário Oficial da União neste mês de setembro.

A publicação reconhece oficialmente o trabalho desenvolvido pelo Instituto Recicleiros ao longo dos anos por meio do Programa Recicleiros Cidades, e reforça o compromisso da organização com a regulamentação existente. Entre os requisitos desse processo de habilitação estão a atuação nacional, além da experiência e a capacidade técnica reconhecida. Hoje, de acordo com o SINIR, existem 13 entidades gestoras habilitadas pelo Ministério.

“Acreditamos que o mercado criado pela obrigatoriedade da logística reversa pode ser viabilizador da transformação estrutural necessária para fomentar a economia circular. Desempenhar o papel de entidade gestora se torna necessário para que possamos operar e comprovar esses mecanismos de impacto inovadores. Portanto, estamos felizes com a homologação”, diz Erich Burger, Diretor Institucional do Instituto Recicleiros.

O Programa Recicleiros Cidades, até o momento, já recuperou 22,5 mil toneladas de materiais, atende 1.013 milhão de pessoas com coleta seletiva na porta e gera 275 postos de trabalho diretos.

Confira a Portaria n°1469 em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-gm/mma-n-1.469-de-11-de-setembro-de-2025-655172752

Por que a reciclagem não tira férias, e nem deveria?

Reciclar vai muito além do ato de separar o lixo seco do orgânico. É, antes de tudo, um gesto de pertencimento. Um passo em direção à cidade que a gente quer habitar e reconhecer que somos agentes ativos nela.

Na raiz da transformação que a reciclagem pode gerar, estão as pessoas. E é por isso que toda campanha que se propõe a incentivar esse movimento precisa valorizar quem está no centro dele: as catadoras e os catadores, os estudantes, os professores, as famílias, as comunidades e todo esse ecossistema que é uma cidade.

Foi com esse espírito que nasceu a campanha “A Reciclagem Não Tira Férias”, integrada ao projeto “Reciclando o Futuro”, que percorreu escolas, ruas e cooperativas nas diferentes cidades brasileiras em que atuamos. Um trabalho que floresceu a partir da educação ambiental, da mobilização social e da confiança de que é possível aprender e ensinar com o cotidiano, com o que se toca, se transforma e se devolve à natureza com respeito.

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75,4 toneladas de transformação

Durante os meses de dezembro de 2024 a março de 2025, a campanha arrecadou 75,4 toneladas de materiais recicláveis em nove cidades: Cajazeiras, Caldas Novas, Garça, Guaxupé, Maracaju, Naviraí, São José do Rio Pardo, Serra Talhada e Três Rios. Cada uma dessas praças, com suas realidades, desafios e potências, adaptou o calendário à sua maneira, o que ampliou o engajamento e a participação local.

Maracaju liderou a arrecadação com 15 toneladas, seguida por Cajazeiras (12 t) e por Guaxupé, Naviraí e Três Rios, com 11 toneladas cada. Mesmo em praças com menor volume, como São José do Rio Pardo, o impacto ainda assim é profundo, porque cada quilo coletado carrega histórias, escolhas e novas possibilidades para os resíduos e para as pessoas envolvidas.

Educação ambiental que atravessa o ano letivo

Ao longo do ano, o projeto Reciclando o Futuro segue por uma trilha de aprendizagem nas escolas que leva, justamente, à campanha de férias. É como se fosse uma colheita pedagógica: os estudantes colocam em prática aquilo que aprenderam, levando para casa, para os vizinhos, para os pais e responsáveis, a responsabilidade compartilhada de cuidar do que descartamos.

Nesse processo, as crianças se tornam multiplicadoras. Os resíduos ganham valor. E as escolas deixam de ser apenas prédios, passam a ser florestas de ideias, cidadania e transformação.

Catadoras e catadores como os principais tecelões dessa rede

Outro aspecto essencial da campanha é o reconhecimento das cooperativas e dos profissionais da reciclagem. Quando valorizamos esse trabalho, combatemos estigmas, fortalecemos economias locais e damos visibilidade a quem sustenta, com as próprias mãos, um novo começo.

Em cada cidade, o envolvimento das cooperativas foi decisivo. Algumas receberam os materiais diretamente das escolas; outras participaram de formações e rodas de conversa, criando pontes com a comunidade e ampliando os vínculos com o território.

Quando o pertencimento vira política pública

Mais do que uma ação pontual, a campanha se consolida como parte de uma estratégia maior de educação ambiental. Uma política viva, que reconhece a potência das conexões e o poder da prática educativa para inspirar novos hábitos (e novos mundos).

Porque reciclar também é um gesto político. É dizer que o futuro começa agora, na escolha de onde e como colocamos nossos resíduos. E que cada pessoa, ao participar, reafirma o desejo de viver numa cidade mais habitável, mais justa e mais solidária.

A Reciclagem Não Tira Férias. E a vontade de transformar também não.

 

 

 

Programa Recicleiros Cidades: conheça a história do jingle que avisa as pessoas que o caminhão da coleta está chegando

O dia 6 de janeiro entrou para a história do Instituto Recicleiros. Foi na noite daquela segunda-feira que, em meio à matéria especial do Jornal Nacional sobre reciclagem, surgiu a música “Plástico, vidro, papel, metal e óleo de cozinha… não jogue no lixo comum, separe pro dia do caminhão da reciclagem”.

O jingle, criado em 2018, e que está até hoje sendo tocado nos caminhões de coleta seletiva nos municípios que integram o Programa Recicleiros Cidades, abriu a participação do Instituto Recicleiros na série especial de quatro episódios sobre reciclagem exibido no maior e mais tradicional telejornal brasileiro.

Mas, qual é a história por trás dessa música leve e convidativa que vem marcando época e serve como um lembrete às pessoas que o caminhão da reciclagem está chegando?

 

O jingle que ganhou o Brasil

Há 7 anos, Recicleiros buscava iniciativas para conscientizar as pessoas dos municípios beneficiados com o Programa Recicleiros Cidades. A proposta era alertar a população que o caminhão da reciclagem estava passando para que os munícipes, dia a dia, adotassem o hábito de fazer a separação e a destinação correta. Afinal, para a reciclagem acontecer, de fato, é essencial que os materiais cheguem às Unidades de Processamento de Materiais Recicláveis (UPMRs).

“Então surgiu a ideia de usar o caminhão como mídia porque o veículo passa em frente à casa das pessoas, além de um jingle para ser veiculado nas rádios locais”, lembra Felipe Sauma, Diretor de Criação, responsável por coordenar o desenvolvimento desse material.

De acordo com Sauma, o processo criativo considerou uma música que ficasse na mente dos ouvintes – lembra da música do caminhão do gás? –, mas sem criar poluição sonora. Havia o compromisso de ser uma música leve, cadenciada, mas com um tom animado, e com um refrão e uma instrução no final.

A música, desenvolvida em cerca de um mês, conta com elementos sonoros de materiais recicláveis, que serviram como percussão. Todos os itens estavam representados. “Estudamos os timbres para ver quais funcionariam melhor na música. Por exemplo, utilizamos sons de garrafas de vidro, papel amassado, tina de plástico e latão de metal”, acrescenta que se diz realizado com essa produção: “estamos trabalhando a mudança de cultura das pessoas, que estão cuidando do meio ambiente”.

Propósito de informar e conscientizar

Como a separação e o descarte correto são essenciais para a reciclagem funcionar, o jingle cumpre uma missão importantíssima na adesão da coleta seletiva e reciclagem. É isso o que tem ficado evidente nas praças que contam com cooperativas de reciclagem incubadas pelo Instituto Recicleiros.

Nas pesquisas Vox Lab realizadas por Recicleiros nos municípios onde o Programa está em pleno funcionamento, o carro de som foi um dos meios de comunicação mais votados pela população como um bom local para receber informações sobre a coleta, atrás apenas do rádio e redes sociais.

Durante as mobilizações porta a porta, é muito comum que os munícipes se refiram ao caminhão da coleta seletiva como “aquele da musiquinha”. Também não é raro ver moradores que preferem entregar o material para os coletores e, para isso, esperam ouvir a música se aproximando. E é claro, outro grande indicador de sucesso sempre será o engajamento das crianças, que costumam reproduzir a música em casa ou em atividades escolares. Sinal que o jingle tem cumprido seu propósito.

Ficha técnica

Música

“Separe pro caminhão da reciclagem.”

Direção de Criação

Felipe Sauma

Composição

Daniel Ayres

Felipe Sauma

Rodrigo Scarcello

Produção

Rodrigo Scarcello

Músicos

Ed Encarnação

Raphael Zarella

Rodrigo Scarcello

 

 

Como Guaxupé (MG) está desbravando a economia circular, a partir de uma parceria entre Delterra e Recicleiros

Delterra e Recicleiros estão colaborando para implementar abordagens inovadoras no Brasil, trazendo melhorias significativas na participação da reciclagem e nas taxas de recuperação de materiais. Essa parceria público-privada na cidade de Guaxupé (MG), exemplifica como cidades do Sul Global podem desenvolver sistemas sustentáveis de gestão de resíduos.

Guaxupé, cidade brasileira reconhecida por sua produção de café de alta qualidade, vem ganhando destaque nos últimos anos pelos avanços na gestão de resíduos sólidos e nas práticas de economia circular. Recentemente, um projeto colaborativo entre Delterra e Recicleiros tem evidenciado a transformação dos hábitos de reciclagem da comunidade local.

Uma parceria estratégica para um impacto sustentável

O Instituto Recicleiros, uma organização da sociedade civil de destaque no setor de reciclagem no Brasil, traz anos de experiência e um profundo entendimento dos contextos locais para uma parceria transformadora. Reconhecida por seu compromisso com a sustentabilidade socioambiental, Recicleiros tem sido fundamental no fomento ao engajamento comunitário e no apoio a redes de cooperativas em diferentes partes do Brasil, incluindo Guaxupé (MG). O conhecimento e a conexão com a realidade local fortalece o projeto com estratégias sob medida e uma abordagem de confiança.

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Recicleiros fecha parcerias para promover mudança de comportamento para reciclagem

A Delterra é uma organização global sem fins lucrativos que trabalha para reduzir resíduos e maximizar o reaproveitamento de materiais, incluindo plásticos e orgânicos. Seus programas abrangem toda a cadeia de valor, colaborando com cidades para construir sistemas de gestão de resíduos e reciclagem que aumentem a qualidade e a quantidade de materiais recuperados e com empresas para desenvolver mercados, ampliar a capacidade de processamento e a demanda, além de tornar as cadeias de valor mais eficientes, transparentes e éticas. Por meio dessa colaboração, a Delterra adaptou seu modelo comprovado de mudança de comportamento — desenvolvido na Argentina e na Indonésia — ao contexto cultural e social único do Brasil.

Juntas, Delterra e Recicleiros, com o apoio da Alliance to End Plastic Waste, estão criando sistemas de reciclagem sustentáveis com foco nas especificidades locais, garantindo um impacto positivo de longo prazo.

Unidade de Processamento de Materiais Recicláveis da cooperativa Recicla Guaxupé.
Imagem: Unidade de Processamento de Materiais Recicláveis da cooperativa Recicla Guaxupé.

Compreender os motivadores culturais para a mudança

O projeto foi lançado com uma fase intensiva de pesquisa envolvendo a comunidade. Residentes, tanto recicladores quanto não recicladores, foram entrevistados individualmente ou em grupos focais, com o objetivo principal de entender os fatores culturais que influenciam o comportamento de reciclagem em Guaxupé. As descobertas ressaltaram a importância de enquadrar a reciclagem como um dever cívico coletivo, além de destacar o aspecto social do serviço — que não apenas beneficia o meio ambiente, mas também apoia os trabalhadores da cooperativa de reciclagem Recicla Guaxupé. Isso levou ao lançamento do programa Separa+, que enfatiza a ideia de que os esforços de cada indivíduo contribuem para uma comunidade mais saudável.

Motivadores culturais para mudança de comportamento em Guaxupé.
Imagem: Motivadores culturais para mudança de comportamento em Guaxupé.

Construir um modelo de sucesso

Após socializar os insights exclusivos destacados pela pesquisa com a população local, Delterra e Recicleiros rapidamente desenvolveram um plano de mudança de comportamento visando expandir a iniciativa para toda a cidade em um ano, começando com um piloto para testar a abordagem. O governo local também foi envolvido no desenvolvimento dessas estratégias, o que aumentou a viabilidade técnica do projeto. Esse processo de cocriação garantiu que todas as intervenções fossem relevantes para a comunidade. Na prática, a abordagem para gerar engajamento e participação combinou interações porta a porta, comunicação digital e em massa, além de um chatbot para guiar os moradores no processo de reciclagem.

Equipes da cooperativa Recicla Guaxupé, Prefeitura, Delterra e Recicleiros trabalhando no plano.
Imagem: Equipes da cooperativa Recicla Guaxupé, Prefeitura, Delterra e Recicleiros trabalhando no plano.

Fortalecer agentes locais de mudança

Um diferencial importante do projeto foi sua integração com a campanha de prevenção à dengue de Guaxupé. Ao trabalhar com agentes de saúde que já realizam visitas regulares às residências como parte de suas funções, foi possível vincular a reciclagem à saúde pública, incentivando ainda mais a participação da comunidade. Isso foi viabilizado pelas altas taxas de receptividade nas visitas e pelas relações de confiança que esses agentes já haviam estabelecido com os moradores atendidos.

Ao mesmo tempo, a cooperativa local, Recicla Guaxupé, continuou seus esforços educativos em residências e comércios, como vinha fazendo consistentemente desde o início da coleta seletiva na cidade, em 2020.

Ao unir esses esforços distintos, essa parceria inovadora maximizou os recursos e criou uma mensagem unificada: a reciclagem proporciona benefícios ambientais e de saúde pública para toda a comunidade.

Membros da cooperativa Recicla Guaxupé—prontos para a ação. 
Imagem: Membros da cooperativa Recicla Guaxupé—prontos para a ação.

Resultados iniciais e impacto duradouro

A fase piloto, conduzida em um dos dez setores de coleta do município, apresentou resultados notáveis, destacando a eficácia da colaboração entre Delterra e Recicleiros. Durante um período de monitoramento de oito semanas no microterritório designado, foram observados os seguintes resultados:

  • A taxa de participação na área (medida pela quantidade de materiais coletados em relação ao potencial de geração de resíduos) alcançou um nível 3,5 vezes maior que no período anterior à ativação.
  • Houve um aumento de 33% no número de residências que passaram a separar materiais recicláveis para coleta nos pontos de descarte designados.

Embora esses resultados preliminares sejam muito positivos, tanto a Delterra quanto Recicleiros continuarão monitorando a participação ao longo do tempo para confirmar mudanças sistêmicas e duradouras. As conclusões finais serão apresentadas ainda em 2025.

Em parceria, Delterra e Recicleiros não apenas alcançaram melhorias nas taxas de reciclagem em curto prazo, mas também seguem desenvolvendo modelos para assegurar que essas transformações sejam profundas e duradouras. Aproveitando as vantagens de cada organização, essa parceria está criando um modelo replicável em outras comunidades pelo Brasil para alcançar o sucesso na reciclagem de resíduos.

Sobre Delterra e Recicleiros

O Instituto Recicleiros é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos fundada em 2006, que atua como um facilitador-chave entre administradores públicos, empresas, catadores de resíduos e a sociedade na abordagem de questões socioambientais. Entre suas iniciativas, Recicleiros foca na criação e incubação de cooperativas – abrangendo operações, administração e gestão – com o objetivo de capacitar catadores a se tornarem empreendedores coletivos qualificados organizados em cooperativas, promovendo o desenvolvimento sustentável de seus negócios. Atualmente, por meio do Programa Recicleiros Cidades, o instituto atua em 14 municípios em todas as cinco regiões do Brasil.

A Delterra é uma organização ambiental global sem fins lucrativos que projeta e desenvolve soluções inovadoras e escaláveis para enfrentar os desafios ambientais mais complexos do mundo – em campo e em larga escala. A Delterra trabalha com cidades, comunidades e o setor privado no Brasil, Argentina e Indonésia para transformar sistemas de reciclagem e gestão de resíduos, melhorando de forma eficaz os resultados ambientais e impulsionando a circularidade, ao mesmo tempo que beneficia a saúde, os meios de subsistência e a economia.

Instituto Recicleiros no Jornal Nacional: Piracaia como exemplo da mudança que queremos

Você já parou para pensar na quantidade de lixo que descartamos diariamente? Será que tudo o que vai para a lixeira deveria realmente estar ali? Um dado alarmante do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima revela que o Brasil desperdiça impressionantes R$ 38 bilhões por ano enterrando ou destinando a lixões materiais recicláveis e orgânicos que poderiam retornar à economia gerando emprego e renda para diversas famílias. 

Além disso, os municípios investem R$ 30 bilhões anualmente em coleta e destinação de resíduos, mas apenas 30% das cidades possuem programas de coleta seletiva.

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Com a aproximação da COP 30, a Conferência do Clima da ONU que será realizada em Belém, o tema da reciclagem ganha ainda mais relevância. Em sintonia com esse debate global, o Jornal Nacional lançou, no dia 6 de janeiro, uma série especial de quatro reportagens, comandada pelo jornalista André Trigueiro, para sensibilizar a população sobre o papel crucial da reciclagem na preservação ambiental e no combate às mudanças climáticas.

Piracaia: referência em reciclagem e inclusão socioambiental

Neste cenário, o Instituto Recicleiros teve seu trabalho em Piracaia (SP) destacado logo no primeiro episódio da série especial apresentada por Trigueiro. Há três anos, o município iniciou seus primeiros passos na separação de resíduos por meio de uma ação colaborativa promovida pelo Programa Recicleiros Cidades, que une empresas, poder público e sociedade para transformar a realidade socioambiental do município. Hoje, Piracaia é referência de como a reciclagem pode gerar resultados concretos, beneficiar a comunidade e promover mudanças duradouras. Essa trajetória reflete claramente o impacto positivo que podemos gerar juntos.

A reportagem mostrou como a coleta seletiva mudou a rotina de Piracaia. Agora, o resíduo reciclável é separado e reaproveitado, gerando renda e dignidade para as famílias que trabalham na cooperativa Recicla Piracaia. Assim, as catadoras e  os catadores passaram a contar com melhores condições de trabalho, e o impacto na renda das famílias se transformou.

Educação ambiental: mudando a cultura da população

Mas a mudança não aconteceu apenas na cooperativa. A população de Piracaia também abraçou a ideia. Com campanhas de educação ambiental e muita conversa, os moradores passaram a separar o lixo seco — plástico, vidro, papel, metal e óleo de cozinha — e a entender que pequenas mudanças de hábito fazem uma enorme diferença.  

O destaque no Jornal Nacional foi um marco para o Instituto Recicleiros. Mais do que uma história de sucesso, a experiência de Piracaia mostra que a reciclagem pode mudar vidas e realidades. Em um país que ainda enterra bilhões de reais em materiais recicláveis, iniciativas como essa provam que é possível virar o jogo.  

A série especial do Jornal Nacional é um convite para refletirmos sobre o impacto do desperdício e a importância de adotarmos hábitos mais conscientes. Reciclar é mais do que uma prática ambiental; é um passo essencial para construir um futuro sustentável, justo e equitativo. Que tal começar hoje?

Para assistir os episódios, acesse:

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Se a sua empresa quer fazer parte dessa mudança socioambiental, vem falar com a gente. Se o seu município quer implementar um sistema de coleta seletiva e reciclagem, vem falar com a gente também.

Por que o atual sistema de créditos de logística reversa não é capaz de resolver a inviabilidade e precariedade da reciclagem nas cidades brasileiras?

E se eu te disser que atualmente no Brasil são raros os casos de unidades de separação de recicláveis que possuem condições adequadas para um trabalho digno, produtivo e seguro? E se eu te disser que, mesmo nesses raros casos de infraestrutura adequada, o custo de processamento de 1 quilo de material reciclável é pelo menos o dobro do valor de venda desses materiais? E, para piorar, poucas cidades brasileiras têm programas efetivos de coleta seletiva para a população, com infraestrutura e serviços adequados ao bom desempenho dos indicadores?

Essas informações expõem o buraco existente no sistema brasileiro responsável por fazer com que a reciclagem de embalagens e resíduos sólidos urbanos aconteça.

Esse buraco torna o mercado absolutamente desinteressante e faz com que nossos resultados de reciclagem sejam pífios, insuficientes ante a emergência climática que vivemos e se arrastem durante décadas, com o pouco que existe acontecendo porque pessoas à beira da miséria se propõem a fazer esse trabalho enquanto não há nada melhor pra fazer.

Desde a origem e até hoje, a reciclagem no Brasil acontece baseada nesse modelo de miséria, onde quem não tem uma alternativa melhor para viver, acaba se dedicando à realização da primeira e fundamental etapa dessa cadeia, que é a separação primária e preparação dos recicláveis para a indústria.

Sem programas efetivos de coleta seletiva, grande parte do pouco que temos de reciclagem vem de pessoas mexendo no lixo, nas ruas e nos lixões. Quando não, a outra face da moeda mostra trabalhadores desempenhando essa atividade sem infraestrutura adequada e sem material de qualidade, o que acarreta em baixa produtividade por hora trabalhada. Baixa produtividade e preços baixos criam a equação demolidora que resulta no óbvio: pouca reciclagem e alto impacto ambiental.

Imediatamente, a melhor desculpa para a situação é empurrar a culpa para o elo mais fraco, e diante desse cenário, ouvimos em coro: “catadores precisam de capacitação!” Capacitação de operadores é sim muito importante, contanto que tenhamos condições para que esses trabalhadores possam e queiram permanecer nessas operações, e, assim, possam evoluir em capacidade e qualidade.

A alternativa viável para destravar esse cenário é enxergar os gargalos do sistema e atuar sobre eles de maneira coordenada:

  1. Desenvolver a coleta seletiva como política pública nos municípios, para garantir que haja abastecimento qualificado e permanente das unidades de separação de recicláveis;
  2. Investir em infraestrutura adequada e capacitação técnica dos operadores que permita o processamento eficiente dos materiais;
  3. Considerar o pagamento por serviços de separação e processamento prestados como complemento ao valor de comercialização dos materiais para a viabilidade econômica dessas operações.

Pode ser triste a constatação mas é fundamental assumir que o Brasil ainda está na era do investimento estruturante para reciclagem. Não podemos basear o sistema de compliance das empresas geradoras de embalagens em uma máquina de contagem de notas fiscais de comercialização de recicláveis. Nos deixamos seduzir pela velha estratégia dos selos, que ficam lindos nas embalagens, comunicam errado com o público consumidor e atribuem regularidade àqueles que os utilizam, desconsiderando toda a problemática exposta neste texto.

Precisamos de mais capacidade instalada e de melhor qualidade, que proporcione adicionalidade (reciclar mais) com mais segurança, qualidade (reciclar melhor) e perspectiva de crescimento. A portaria do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima nº 1.250 de 13 de dezembro de 2024, traz mais luz a essa realidade, uma vez que regulamenta a Lei de Incentivo à Reciclagem e cria novas oportunidades para financiar projetos que melhorem a infraestrutura, capacitação e inovação tecnológica no setor. Isso significa mais equipamentos, redes de comercialização fortalecidas e programas de educação ambiental.

A arrumação necessária tem como elemento vital os sistemas regulatórios dos estados e da federação. É fundamental jogar luz sobre o tema, reconhecer o que está acontecendo de verdade lá no campo de batalha e criar caminhos para que as ações de compensação das empresas possam gerar mudanças estruturais necessárias e que sejam de verdade atuações circulares. Que a responsabilidade compartilhada seja cumprida integralmente em suas partes, reconhecendo a limitação da atuação de cada ator, mas exigindo a efetividade requerida na parte que lhe cabe. 

Tenho chamado isso de responsabilidade compartilhada e estendida. Empresas e municípios possuem sim limitações para suas ações, por isso as etapas de responsabilidade são compartilhadas e, no âmbito da parte que lhe cabe, sua ação deve ser profunda e abranger a totalidade do encargo, indo até o resultado efetivo.

No arranjo que propomos no Programa Recicleiros Cidades e no próprio modelo de Massa Futura, cidades devem regulamentar e efetivar a coleta seletiva nos seus territórios, sendo responsáveis pelos resultados quantitativos e qualitativos dessa etapa e não somente pela disponibilização do serviço. Dessa forma, ações que apenas a municipalidade pode tomar serão levadas a cabo com foco em quantidade de massa e baixo rejeito, tais como: índice de abrangência e qualidade do serviço de coleta e obrigatoriedade do descarte seletivo por parte de moradores e estabelecimentos comerciais de todos os portes, lançando mão de fiscalização e incentivos.

Do outro lado da responsabilidade, o setor empresarial deve investir no suporte técnico ao município e na viabilização da etapa de processamento e destinação, onde deve-se observar a responsabilidade de implementar infraestrutura adequada aos princípios de trabalho digno e eficiente, além da garantia de compra por preço ético, que viabilize o custo de produção, garantido assim remunerações adequadas ao desenvolvimento virtuoso da base da cadeia da reciclagem.

O fetiche por volume de reciclagem a custos irrisórios está criando uma visão deturpada sobre os elementos necessários para a realidade do Brasil. Governos precisam estar atentos e atuar por isso com visão técnica arrojada.

Só com visão integrada e conhecimento da realidade poderemos canalizar os esforços para o que de fato pode nos levar ao ponto necessário: infraestrutura de qualidade, comprometimento da cadeia de valor e relações comerciais justas.

Esse é o futuro da reciclagem.