Cadeia Ética da Reciclagem: o valor humano por trás do resíduo

No último sábado (15), os diretores fundadores do Instituto Recicleiros, Erich Burger e Rafael Henrique realizaram na COP30 o painel “Cadeia Ética da Reciclagem: o valor humano por trás do resíduo”, que teve como objetivo debater sobre a dimensão humana da reciclagem a partir da conexão entre cidades sustentáveis, justiça climática e economia circular.

O evento fez parte do Festival Coletivo, realizado pela Gael e Menos1Lixo, na Casa Brasil Belém 2025. Os presentes e o público online puderam acompanhar um debate aberto e provocador sobre o real cenário da reciclagem no Brasil e o cumprimento da responsabilidade compartilhada pelos resíduos gerados nas cidades brasileiras. Participaram também da discussão o presidente do Instituto Movimento Eu sou Catador (MESC), Tião Santos, e a presidente da Cooperativa de Trabalho dos Catadores de Materiais Recicláveis das Águas Lindas  (ARAL) e diretora da Recicla Pará, Sarah Reis.

No painel foi realizada uma constatação incômoda: 15 anos após a Política Nacional de Resíduos Sólidos, quase nada mudou para quem sustenta a reciclagem no Brasil: os catadores. O cenário ainda continua o mesmo, uma parcela significativa dos catadores e catadoras ainda trabalham em lixões ou nas ruas, sem garantias básicas e recebendo menos de meio salário mínimo por um trabalho essencial. Enquanto isso, grande parte das empresas cumpre metas ambientais com base em créditos obtidos às custas de mão de obra sub-remunerada.

Os participantes expuseram o paradoxo central: a reciclagem virou símbolo da economia circular, mas continua operando sobre uma base de trabalho informal, mal pago e invisível.

Alguns pontos críticos do debate:

1. A responsabilidade compartilhada virou desculpa compartilhada.

Prefeituras não estruturam coleta seletiva, empresas sub-remuneram os créditos, cidadãos seguem desinformados e cada elo aponta para o outro.

2. O mercado de créditos virou um mecanismo que “bate meta”, mas não paga dignidade.

Em diversos cenários, a cooperativa é responsável por processar e destinar o material, garantindo a geração dos créditos. No entanto, não recebe pelo serviço prestado, já que o valor de venda do material cobre, no máximo, apenas custos operacionais, como o frete para a destinação final.

3. Infraestrutura sem remuneração não resolve.

Prensa, galpão e caminhão ajudam, mas não fecham a conta quando ninguém paga pelo serviço ambiental prestado. O básico,  salário mínimo, INSS, férias, condições de segurança, simplesmente não chega.

4. O imaginário da reciclagem ainda é romântico.

Há a crença de que o material “paga” o processo. Mas, como provocaram: se o material realmente pagasse a operação, por que nenhuma empresa aceitaria um contrato público de limpeza recebendo apenas o material?

5. Falta coragem para tratar reciclagem como política pública real.

Gestores evitam instituir a taxa de resíduos (prevista em lei), não fiscalizam separação domiciliar e continuam operando com restrição orçamentária e pouco resultado.

6. Sem ética mínima, não existe cadeia circular possível.

Se um crédito de reciclagem é gerado em condições de trabalho indignas, ele é antiético por definição, ainda que cumpra a meta de logística reversa e apareça nos relatórios ESG.

7. Caminho para o futuro: ética como padrão do setor.

O painel propõe um novo marco: um selo de reciclagem ética, garantindo que o material reciclado carregue não só rastreabilidade, mas também respeito ao trabalhador.

8. Educação é necessária, mas não suficiente.

Conscientizar o cidadão é essencial, mas esperar gerações é inviável. O avanço real nos países que reciclam mais veio de fiscalização, regras claras e sanção — não só de campanhas.

Para que a economia circular se consolide de fato, é indispensável que se reconheça com dignidade os trabalhadores da reciclagem e seu papel central na cadeia de valor.

O painel completo pode ser assistido no canal do YouTube do Menos1Lixo.

 

 

 

Mobilização orientada por dados: transformando informação em impacto

Quando falamos em Mobilização, aposto que você pensa logo nas ações feitas nas escolas com as crianças, nas ruas, nas campanhas… e é isso mesmo! Esse é o lado visível, que toca as pessoas. Mas, o que nem todo mundo sabe é que, por trás de tudo isso, existe uma estrutura enorme de dados, planilhas e análises que ajudam o setor a funcionar do jeito certo.

No contexto do Programa Recicleiros Cidades, a Mobilização passou por uma transformação silenciosa, mas profunda. O que antes era apenas o registro manual das tarefas realizadas e a percepção empírica se transformou em um modelo organizado e orientado por dados, onde cada ação é mapeada, analisada e transformada em conhecimento.

Do registro à inteligência

O processo foi gradual. Começamos com planilhas simples com registros que mostravam onde estivemos, quando, com quem e com qual objetivo. Mas, conforme o trabalho crescia, ficou claro que precisávamos enxergar além.

Foi assim que nasceram os dashboards de Mobilização: painéis dinâmicos que reúnem dados de campo, relatórios de eventos, resultados de campanhas e indicadores de impacto, que representaram uma verdadeira virada de chave. Hoje, conseguimos não apenas saber o que foi feito, mas como e por que cada ação gerou determinado resultado.

Dados que contam histórias

Esses números não são frios, eles contam histórias. Mostram o engajamento crescente da comunidade, as campanhas que mais despertam interesse, os territórios que demandam atenção e os resultados das ações de educação ambiental.

Cada ponto no gráfico representa uma ação, com pessoas reais, que se envolveram, participaram e transformaram seu entorno. E é justamente isso que torna a Mobilização do Instituto Recicleiros única: a combinação entre encantamento humano e precisão analítica.

Eficiência com propósito

Com essa estrutura, o planejamento ficou mais estratégico. As equipes conseguem cruzar dados de participação, adesão e engajamento, além de identificar tendências e gargalos.

Os dashboards permitem atuar com agilidade, reforçando o princípio da melhoria contínua, um dos pilares da Mobilização. Agora, cada reunião, campanha e nova ideia nascem sustentadas em evidências. Isso garante que o trabalho em campo seja inspirador, eficiente e mensurável.

É aí que a Mobilização se torna ainda melhor. Quando você consegue enxergar os resultados de forma clara, tudo ganha outro ritmo. As reuniões ficam mais objetivas, as campanhas são pensadas com base no que deu certo (e no que não deu), e o tempo em campo é usado com mais estratégia.

A verdade é que os dashboards viraram uma espécie de bússola. Não substituem o olhar humano, mas dão base a ele. Afinal, mobilizar continua sendo sobre pessoas, conversa e vínculo. A diferença é que agora temos informação estruturada para apoiar cada decisão.

Um futuro orientado por dados e pessoas

A Mobilização segue sendo o ponto de partida das transformações nas cidades. Mas, hoje, é também um espaço de análise, planejamento e aprendizado.

Cada dado registrado é uma semente plantada e cada insight gerado é um passo em direção a comunidades mais engajadas e cooperativas mais fortalecidas.

Porque mobilizar é, sim, sobre pessoas, mas também sobre entender o que os dados nos contam sobre elas para seguir transformando realidades com mais clareza, eficiência e impacto.

A Mobilização segue em crescimento, se reinventando e aprendendo com o que os dados mostram e com o que as pessoas ensinam. Porque é assim que o encantamento e a análise se encontram: um orienta o outro.

Instituto Recicleiros apresenta o Relatório de Impacto Socioambiental 2024

O Instituto Recicleiros lançou a mais nova edição do seu Relatório Anual de Impacto Socioambiental, com os resultados referentes a 2024. 

Em sua terceira edição, o Relatório Recicleiros reforça o compromisso da organização com transparência e inovação e lembra sua missão primordial: fomentar a cultura da reciclagem no Brasil. O material destaca as principais conquistas, os desafios enfrentados ao longo do ano e os resultados alcançados pelas cooperativas de reciclagem que integram o Programa Recicleiros Cidades.

Veja alguns números do Relatório 2024:

  • 978.977 pessoas atendidas com o Programa Recicleiros Cidades;
  • 7.186,98 toneladas de resíduos reciclados em 2024 (18.065,24 toneladas desde o início do programa);
  • 2.136 ações de mobilização social e educação ambiental realizadas.

Muito mais do que um balanço, o relatório é um convite para a reflexão, a fim de inspirar, orientar e engajar os leitores na construção da necessária transformação socioambiental.

O documento, disponível para acesso público, também apresenta as iniciativas do Instituto Recicleiros em sua missão de integrar e dialogar com os diferentes setores da sociedade envolvidos na causa socioambiental – técnicos e gestores públicos, catadoras e catadores de materiais recicláveis, empresas e cidadãos.

Quer conhecer melhor o trabalho do Instituto Recicleiros? Baixe agora o Relatório de Impacto Socioambiental 2024!

Aproveite a leitura!

Novas ferramentas de gestão fortalecem cooperativas de reciclagem incubadas pelo Instituto Recicleiros

O Instituto Recicleiros tem como uma de suas missões transformar a reciclagem no Brasil a partir da inovação. E uma dessas ações é a incubação de cooperativas até a sua emancipação. Nesse caminho, a equipe de Serviços Técnicos apresentou um conjunto de ferramentas de gestão voltadas aos processos produtivos e à manutenção, com foco na melhoria da qualidade, produtividade e padronização nas Unidades de Processamento de Materiais Recicláveis (UPMRs).

O objetivo vai além de garantir eficiência operacional, é sobre criar um ambiente de evolução constante, onde ajustes de rota, padronização e soluções direcionadas fortalecem o trabalho das catadoras e catadores e ampliam o impacto socioambiental da reciclagem.

De dados a decisões: como a gestão se transforma e melhora

Essas soluções ajudam as cooperativas a sair de um modelo onde os problemas só são tratados quando surgem, para uma atuação preventiva e estratégica. O acompanhamento dos dados se torna um aliado para medir impacto, identificar falhas, corrigir processos e apoiar decisões mais assertivas.

As ferramentas de gestão fortalecem o controle dos processos produtivos e de manutenção, assegurando qualidade, produtividade e padronização nas UPMRs. Elas permitem monitorar dados de forma integrada, orientar as ações junto às cooperativas e propor melhorias contínuas com base em indicadores confiáveis”, explica Renato Sobrinho, Gerente de Serviços Técnicos do Instituto Recicleiros.

Ferramentas que fazem diferença no dia a dia

Conheça as ferramentas para uma gestão eficaz e aprimorada:

  • Controle e validação de dados operacionais: monitoram peso de fardos, volume de materiais processados, calendário de atividades e outras métricas que orientam ajustes imediatos.
  • Registros de estoque: corrigem inconsistências que antes geravam desperdícios de tempo, recursos e eficiência e dificultavam a rastreabilidade.
  • Auditoria de processos por câmeras: permite observar etapas-chave da produção, sempre acompanhadas de orientações práticas para aperfeiçoamento.
  • Matriz de Avaliação de Desempenho: avalia não só processos, mas também a atuação das equipes e coordenadores de produção, onde indicadores viram planos de ação estratégicos.
  • Portal de Serviços Técnicos e Dashboard de Manutenção: centralizam checklists, relatórios, chamados e indicadores de manutenção, o que eleva a sustentabilidade pela dispensa de controles em papel, uma eficiente ferramenta de gestão digital integrada.

Leia também: 

Lançamento: Academia Recicleiros do Catador investe na inclusão e capacitação de profissionais da reciclagem 

Recicleiros cria Protocolos de Manutenção de Máquinas e Equipamentos e de Saúde e Segurança do Trabalho voltada a catadores 

Como essas ferramentas mudam o dia a dia das cooperativas?

Um dos principais pontos é que equipe técnica Recicleiros e cooperativas conseguem caminhar lado a lado. Não é um trabalho que só aparece quando algum problema acontece, os dados ajudam a enxergar sinais antes, permitem agir rápido e evitam impactos maiores no processo. Isso dá mais segurança para quem está na ponta.

Além disso, as soluções chegam de forma direcionada. Cada cooperativa tem sua realidade, seus desafios e sua forma de trabalhar, e é justamente aí que a tecnologia se faz importante para um suporte específico a fim de  aprimorar os processos.

O reflexo disso é um ecossistema de reciclagem de maior qualidade e padronização, mas sem perder a singularidade e potencial de cada lugar. A sustentabilidade se constrói, de fato, nos três eixos: social, ambiental e econômico, pois garante melhor dinâmica de trabalho, cuidado para que o material reciclável seja tratado de forma devida, do começo ao fim do ciclo e retorno financeiro sendo reflexo de todo o processo.

É uma gestão que sai do papel e vira prática. São dados que deixam de ser números apenas e se transformam em decisão, um conhecimento que não fica guardado, mas que se multiplica, tanto dentro das cooperativas quanto no território em que elas estão inseridas.

Pernambuco e Recicleiros firmam novo Termo de Compromisso e lançam modelo inovador de logística reversa com impacto socioambiental

O Governo de Pernambuco e o Instituto Recicleiros assinaram um Termo de Compromisso de Logística Reversa (TCLR) pioneiro, que introduz conceitos transformadores para modernizar a gestão de resíduos no Brasil. O TCLR introduz regras claras para valorizar créditos de logística reversa vinculados à profundidade do impacto socioambiental gerado, oferecendo segurança jurídica e incentivos para empresas que precisam cumprir suas responsabilidades com a logística reversa e contribuir com a agenda socioambiental.

O evento de celebração aconteceu nesta quinta-feira (28), em Recife (PE), com promoção da Secretaria de Meio Ambiente, Sustentabilidade e de Fernando de Noronha (Semas-PE), Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) e Instituto Recicleiros e apoio institucional da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (ADEPE), Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (FIEPE) e Câmara Americana de Comércio (AMCHAM) Pernambuco.

O acordo inovador vai além dos modelos tradicionais ao incorporar critérios como adicionalidade, integridade e limitação de responsabilidade, considerados essenciais para o avanço da reciclagem inclusiva. 

Mas, antes de avançar nos conceitos e conquistas, é importante contextualizar de onde surgem essas discussões. As regulamentações de Logística Reversa estão passando por processo de necessária modernização, seja na esfera federal ou estadual. O debate tem se concentrado na constatação de que a Logística Reversa, em dadas situações, tem se distanciado de seu propósito original, conforme estabelecido na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS): ser um instrumento de desenvolvimento econômico e social ao viabilizar a reinserção de resíduos na cadeia produtiva.

Além disso, há uma discussão sobre quais medidas podem ser adotadas para corrigir as distorções que se configuraram ao longo dos anos. Dentro desse contexto, no caso da Logística Reversa de Embalagens Pós-Consumo, Recicleiros propõe uma discussão objetivando pautar a adoção de critérios para determinar as condições em que uma determinada massa de recicláveis pode gerar um crédito legalmente reconhecido; e definir pesos diferenciados para esses créditos no cumprimento das metas quantitativas, levando em conta a dimensão do impacto social e ambiental gerados ao longo da cadeia, bem como sua contribuição para a estruturação da cadeia.

 

Por que o modelo de Pernambuco é inovador?

O novo modelo proposto por Recicleiros em Pernambuco é um marco importante porque busca reconhecer e valorizar projetos estruturantes de reciclagem a partir da:

Adicionalidade: medidas que ampliam a capacidade de reciclagem além da existente, como novas plantas de processamento, melhorias de infraestrutura e capacitação de catadores, além de gerar impactos adicionais em outras dimensões por conta dos ganhos sociais decorrentes do desenvolvimento da política pública, da geração de trabalho e renda, do desenvolvimento da cultura de reciclagem nas comunidades, entre outros;

Integridade: ações que garantem condições mínimas de trabalho digno e segurança aos catadores, como remuneração justa, saúde e segurança no ambiente de trabalho e seguridade social;

Limitação de responsabilidade: dispositivo que protege investidores de riscos sistêmicos ao longo do tempo, o que incentiva aportes em projetos estruturantes e de longo prazo, como massa futura.

Para que o sistema de créditos realmente contribua para a economia circular e não se torne apenas um mecanismo de compensação sem efeito real, adicionalidade e integridade devem ser garantidas. Se os créditos não atenderem a esses dois critérios – integridade e adicionalidade –, há o risco de que o sistema apenas sirva como uma ferramenta de “greenwashing”, sem impacto real na ampliação da logística reversa e no atendimento das metas crescentes de reciclagem.

 

Pesos diferentes para ações que geram benefícios reais

Hoje, o sistema de logística reversa no Brasil valoriza todos os créditos de reciclagem de forma igual, independentemente de sua origem. Isso significa que uma tonelada de material reciclado por meio de cooperativas estruturadas, com catadores formalizados e condições dignas de trabalho, inseridos em sistemas municipais formais, vale o mesmo que uma tonelada proveniente de notas fiscais sem rastreabilidade ou benefício social real. 

“Um crédito de reciclagem que gera emprego digno, desenvolvimento sistêmico e amplia a capacidade do setor não pode valer o mesmo que um mero documento sem comprovação de impacto real”, explica Erich Burger, diretor institucional do Instituto Recicleiros. “Estamos dando um passo importante na modernização dos termos da logística reversa no país e tenho convicção de que esta atitude pioneira de Pernambuco tem potencial para influenciar políticas públicas em outros estados e até mesmo na esfera federal, incentivando investimentos em reciclagem com maior impacto socioambiental”, aposta Burger.

 

Efeito multiplicador de resultados

Um dos grandes trunfos do novo Termo de Compromisso firmado com Pernambuco é o efeito multiplicador, um grande avanço nos resultados de logística reversa. Ao considerar os benefícios da adicionalidade, integridade e a dimensão do impacto de uma atuação sistêmica e estruturante, o Termo reconhece e valoriza a reciclagem de maior impacto socioambiental como forma de incentivar sua ocorrência no estado. Na prática, uma tonelada reciclada em um projeto estruturante gerador de adicionalidade resulta em dois ou até quatro créditos, a depender do escopo do projeto.

Importante: isso não significa que as empresas precisarão reciclar menos, mas sim que investimentos em projetos de maior qualidade serão mais valorizados, criando um incentivo para a reciclagem inclusiva e sustentável.

“Queremos que esse modelo inovador se espalhe pelos quatro cantos do país, porque só assim a reciclagem no Brasil vai crescer de verdade, com bases sólidas, dignidade para os catadores, resultados mensuráveis e satisfatórios para todos os elos envolvidos na cadeia”, encerra o diretor do Instituto Recicleiros.

Mais do que cumprir suas obrigações legais, ao investirem no TCLR as empresas têm a oportunidade de demonstrar seu compromisso com a sustentabilidade e a responsabilidade social, contribuir para o desenvolvimento de Pernambuco e participar de uma iniciativa inovadora que está redefinindo o futuro da reciclagem no país.

Empresas que querem se tornar parceiras, entre em contato:
E-mail: reciclamaispe@recicleiros.org.br

WhatsApp: (11) 5198-9432

 

Recicla+Pernambuco

A assinatura do Termo de Compromisso de Logística Reversa vem na esteira do projeto Recicla+Pernambuco, uma iniciativa do Estado, em parceria com Recicleiros, que busca fortalecer a cadeia de reciclagem no estado. O objetivo é fomentar o desenvolvimento de políticas públicas para o aumento dos índices de reciclagem e a inclusão socioprodutiva de catadoras e catadores.

Além de qualificar gestores municipais para o desenvolvimento da política pública de coleta seletiva e reciclagem, a iniciativa vai selecionar quatro municípios ou consórcios para implantação do projeto de coleta seletiva. 

Os investimentos serão destinados para montagem de Unidades de Processamento de Materiais Recicláveis (UPMRs) completas, campanhas de comunicação para engajamento da população, assessoria técnica para formação socioprofissional dos catadores, capital de giro limitado e, também, apoio técnico de longo prazo para a municipalidade.

 

Termos de Compromisso e Massa Futura

Promover ações inspiradoras e indutoras de políticas públicas de coleta seletiva e reciclagem faz parte da história do Instituto Recicleiros. Anos atrás, outros estados, como São Paulo e Mato Grosso do Sul, assinaram Termos de Compromisso com Recicleiros, por meio da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) e Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (IMASUL).

Os dois estados, vale lembrar, foram pioneiros na formalização do Termo de Compromisso, uma iniciativa inovadora proposta por Recicleiros para criar um ambiente mais seguro do ponto de vista jurídico e que acabou por alavancar investimentos para ações estruturantes.

Importante lembrar que esses Termos de Compromisso influenciaram a legislação federal e de outros estados no que diz respeito ao reconhecimento do caráter estruturante de sua iniciativa de logística reversa. E, além disso, dos chamados Créditos de Massa Futura hoje disciplinados pelo Decreto Federal nº 11.413/2023.

 

Recicleiros anuncia municípios classificados para próxima fase do Recicla+Pernambuco

O Instituto Recicleiros divulgou a lista dos municípios pernambucanos que avançam para a fase de habilitação do Recicla+Pernambuco, projeto desenvolvido em parceria com o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Meio Ambiente, Sustentabilidade e Fernando de Noronha (Semas-PE), para fortalecer a coleta seletiva e a reciclagem inclusiva em Pernambuco.

Processo de qualificação: engajamento e capacitação

Entre abril e julho, 89 municípios se inscreveram para participar da fase de qualificação, que incluiu uma série de atividades para estruturar sistemas de coleta seletiva e reciclagem com inclusão socioprodutiva de catadores. Durante esse período:

  • 168 gestores participaram das 4 Oficinas Presenciais;
  • 177 pessoas estiveram presentes nas 5 Mentorias Técnicas Online;
  • 25 gestores e técnicos concluíram a Trilha de Conhecimento da Academia Recicleiros do Gestor Público;
  • 34 municípios se candidataram para avançar no processo.

Ao final dessa etapa, 18 municípios e 1 consórcio foram classificados para a próxima fase:

Afogados da Ingazeira, Bezerros, Bom Jardim, Buíque, Camaragibe, Ipojuca, Moreno, Ouricuri, Pesqueira, Petrolândia, Salgueiro, São Bento do Una, São Lourenço da Mata, Timbaúba, Toritama, e o consórcio do Cimpajeú, representado pelos municípios de São José do Egito, Betânia e Quixaba.  

Acesse a planilha completa das candidaturas, clique aqui.

Próxima etapa: fase de habilitação

A SIG é patrocinadora semente da Academia Recicleiros do Gestor Público e, graças ao seu apoio foi possível realizar a etapa formativa e instrucional de maneira tão consistente e focada.

Agora, os municípios e consórcios classificados passarão por um processo de habilitação, que inclui consultorias e diagnósticos para estruturar os aspectos legais, orçamentários e institucionais necessários à implantação da coleta seletiva. Essa fase inicia já em 15 de julho.

“A fase de habilitação é crucial para sedimentar a política pública, possibilitando a aplicação dos investimentos estruturantes previstos nos territórios. Nesse período, os municípios indicam a capacidade, o compromisso e o nível de prioridade da municipalidade em avançar com essa agenda. Temos quatro oportunidades, e aqueles que alcançarem as condições em menor tempo terão mais chances de serem contemplados”, explica Cezar Augusto, Gerente do Núcleo de Políticas Públicas do Instituto Recicleiros.

O que o Recicla+Pernambuco oferece?

O projeto selecionará quatro ecossistemas para receber investimentos em:

  • Reformas, máquinas e equipamentos para Unidades de Processamento de Materiais Recicláveis (UPMRs);
  • Campanhas de comunicação para engajamento da população;
  • Assessoria técnica intensiva e de longo prazo para formação socioprofissional de catadores;
  • Capital de giro limitado;
  • Apoio técnico contínuo para a gestão municipal.

O Recicla+Pernambuco é um marco na construção de políticas públicas sustentáveis, promovendo a reciclagem inclusiva e a valorização dos catadores de materiais recicláveis.

Acompanhe as próximas etapas!

Lançamento: Academia Recicleiros do Catador investe na inclusão e capacitação de profissionais da reciclagem

As catadoras e catadores de materiais recicláveis acabam de ganhar uma ferramenta inovadora para o empoderamento individual e coletivo. Nesta quinta-feira (29), o Instituto Recicleiros lançou a Academia Recicleiros do Catador, plataforma que oferece acesso gratuito a todo o público de catadores e técnicos que atuam no ecossistema da reciclagem no Brasil. A iniciativa nasceu a partir de uma parceria com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, além de SIG, Nestlé, Instituto Heineken e Alcoa Foundation.

O objetivo da Academia do Catador é formar pessoas e promover a mobilidade social desses profissionais a partir do empreendedorismo. Para tanto, desenvolve um processo de formação profunda e transversal, considerando todas as dimensões necessárias para que o negócio dos catadores possa ser bem sucedido. As trilhas de capacitação desenvolvem conhecimento operacional, de segurança, administrativo, liderança, cooperativismo, governança, relacionamento interpessoal, entre outros assuntos técnicos e comportamentais. 

“A Academia é a concretização de um sonho de constituir uma escola que não tratasse apenas de questões produtivas e administrativas, mas considerasse a dimensão humana, olhando para a origem e a história de vida dessas pessoas. A reciclagem, para nós, só é sustentável se for inclusiva e emancipatória”, explica Lusimar Guimarães, gerente do Núcleo de Desenvolvimento do Catador (NDC).

Parceria estratégia com o Ministério do Meio Ambiente

A parceria com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima acontece por meio da assinatura de um Acordo de Cooperação, que envolve o lançamento e o desenvolvimento contínuo da plataforma Academia do Catador. O acordo considera a evolução e a gestão da plataforma pelo Instituto Recicleiros, incluindo suporte técnico e monitoramento. Por parte do Ministério do Meio Ambiente, abrange a colaboração na sugestão de temas, inserção de conteúdos normativos como Logística Reversa, Lei de Incentivo à Reciclagem, Remuneração de Serviços Ambientais, além da promoção da plataforma online. 

A metodologia de formação da Academia Recicleiros do Catador já vem sendo utilizada e constantemente melhorada nas operações do Programa Recicleiros Cidades. São mais de 300 catadores e 40 técnicos facilitadores, em 14 cidades, passando pela formação da Academia. Recicleiros vem sistematizando esse conteúdo há 18 anos de atuação no campo para torná-lo disponível de maneira gratuita para catadores de todo o país.

Com uma jornada intensiva, transversal e de longo prazo, a Academia do Catador busca desenvolver condições ideais para que as pessoas mais vulneráveis da comunidade possam atuar de maneira profissional e altamente eficiente em suas cooperativas, tornando-se elo estratégico e competitivo em um mercado cada vez mais explorado.

“Trabalhava em uma associação de catadores de materiais recicláveis em Guaxupé (MG). Fui treinado e capacitado para fazer a separação de materiais e, depois, fazer a coleta na rua com o caminhão três dias na semana. Mas sem equipamentos de proteção e minha retirada era abaixo de um salário mínimo. Tempos depois, a associação fechou e o Instituto Recicleiros chegou e inaugurou a Recicla Guaxupé, em parceria com a prefeitura. Participei da seleção e fui convidado a fazer parte da cooperativa, que inaugurou em 2020. Passei pela esteira de separação, prensa, pré-triagem e hoje sou coordenador de mobilização. Aqui trabalhamos com EPI´s e recebemos uma remuneração digna. Estou feliz por fazer parte da Recicla Guaxupé e grato a todos que confiam em mim”, conta Carlos Alberto da Cruz Filho, coordenador de mobilização da cooperativa de catadores Recicla Guaxupé.

Erich Burger, Diretor Institucional de Recicleiros e um dos idealizadores da Academia, fala do impacto positivo que a Academia do Catador provoca. 

“Entendemos que a demanda por capacitação de qualidade e aderente à realidade dos catadores vem de todo o Brasil. Com a experiência do Instituto Recicleiros na incubação e profissionalização de catadores, associada à possibilidade de deixar isso acessível e padronizado para quantos catadores tiverem interesse, acreditamos que temos um produto extremamente valioso e gerador de profundo impacto social. É um projeto de longa duração, de melhoria contínua, até que se torne a melhor e mais completa solução para o desenvolvimento profissional dos catadores”, diz Erich Burger. 

Empresas têm papel preponderante na Academia do Catador

Para dar escala à Academia do Catador, Recicleiros conta com o apoio de empresas que acreditam e apoiam essa causa. Tornar tanto o método quanto o conteúdo livres e gratuitos para catadores de todo o Brasil foi o que chamou a atenção e incentivou organizações como SIG, Nestlé, Instituto Heineken e Alcoa Foundation a investirem no programa.

Além disso, a Academia trabalha com a lógica de ‘inovação aberta’, conceito que busca a inovação a partir da criação de parcerias externas com outras pessoas e organizações. Dessa maneira, os investidores têm a oportunidade de contribuir para a construção dos módulos educativos, estudos socioeconômicos e projetos especiais dentro do espectro da Academia do Catador.

“Com o apoio de mais empresas, vamos amplificar este modelo que estrutura, qualifica e emancipa os atores envolvidos nesse segmento da cadeia produtiva, além de gerar conhecimento que é aberto e compartilhado com outras organizações que promovem os catadores. E, por fim, transformar o que alguns ainda chamam de lixo em recursos, trabalho e dignidade, afinal, essa é a nossa missão”, finaliza Lusimar Guimarães.

Evento com painéis de debates

Para celebrar o lançamento da Academia do Catador, o Instituto Recicleiros promoveu um evento com painéis de debate com especialistas e referências do mercado para tratar dos principais temas que impactam o trabalho das cooperativas de reciclagem. O tema central foi “Inclusão Socioprodutiva de Catadores: construindo capacidade na base da cadeia de valor”, que teve quatro painéis ao longo do dia com nomes importantes dos setores público e privado.

O evento pode ser assistido na íntegra no canal do YouTube do Instituto Recicleiros.

Instituto Recicleiros, SIG, Nestlé, Instituto Heineken e Alcoa Foundation promovem evento com debates sobre inclusão socioprodutiva de catadores

O Instituto Recicleiros e patrocinadores da Academia do Catador (SIG, Nestlé, Instituto Heineken e Alcoa Foundation) promovem o evento “Inclusão Socioprodutiva de Catadores: construindo capacidade na base da cadeia de valor”, que acontecerá no dia 29 de maio, em São Paulo (SP), com transmissão ao vivo pelo YouTube (@Recicleiros)

O encontro promoverá debates com representantes do governo e lideranças do setor sobre os principais temas que impactam o trabalho das cooperativas de reciclagem. Além dos debates com especialistas, o evento marca o lançamento oficial da Academia Recicleiros do Catador, uma tecnologia social inovadora para fortalecer cooperativas de reciclagem, que conta com a cooperação técnica do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. 

Veja a Programação Completa: 

9h às 10h30 – Painel 1: Política Nacional de Resíduos Sólidos e o protagonismo dos catadores: avanços, entraves e caminhos futuros na visão do governo federal. 

Adalberto Maluf (Secretário Nacional de Meio Ambiente Urbano e Qualidade Ambiental – MMA/MMAMC) 

Ary Moraes Pereira (Secretário Executivo do CIISC) 

Lucas Ramalho Maciel (Diretor do Departamento de Economia Circular e Resíduos Sólidos – MDIC) 

10h30 às 11h45 – Painel 2: O que ainda limita a inclusão plena dos catadores no sistema de reciclagem. 

Tião Santos (Movimento Eu Sou Catador – MESC)  

Telines Basilio – Carioca (Confederação Nacional de Cooperativas de Trabalho e Produção de Recicláveis – CONATREC) 

Aline Souza (Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis – MNCR) 

Nanci Darcolete (Pimp My Carroça) 

11h45 às 12h15 – Visão Estratégica: Por que fazer com catadores? Eficiência, legalidade e valor compartilhado na cadeia da reciclagem. 

Rafael Henrique, Diretor de Operações do Instituto Recicleiros 

13h30 às 14h45 – Lançamento da Academia Recicleiros do Catador. 

14h45 às 15h15 – Visão Estratégica: Ecossistemas virtuosos como uma necessidade para a reciclagem inclusiva, eficiente e de longo prazo. 

Erich Burger, Diretor Institucional do Instituto Recicleiros 

15h15 às 16h30 – Painel 3: Cadeia ética – integridade e adicionalidade nos resultados de reciclagem. 

Isabella Tioqueta (Coordenadora de Saneamento Ambiental e Economia Circular – SEDEST/PR) 

Ana Luiza Ferreira (Secretária de Meio Ambiente Pernambuco) 

Dr. Juliano de Barros Araújo (Promotor de Justiça do MP-GO) 

Fernando Bernardes (CEO Central de Custódia) 

16h30 às 17h45 – Painel 4: Circularidade com propósito: como empresas líderes podem redefinir a lógica da cadeia de reciclagem.

Isabela De Marchi (Gerente de Sustentabilidade SIG)

Taissara Martins (Head de Sustentabilidade Nestlé Brasil)

Cristiane Tolotti Rossi (Gerente de Economia Circular Braskem)

Serviço: 

Inclusão Socioprodutiva de Catadores: construindo capacidade na base da cadeia de valor. 

Data: 29 de maio. 

Horário: das 9h às 17h45 

Transmissão: Ao vivo pelo YouTube @Recicleiros

Por que a reciclagem não tira férias, e nem deveria?

Reciclar vai muito além do ato de separar o lixo seco do orgânico. É, antes de tudo, um gesto de pertencimento. Um passo em direção à cidade que a gente quer habitar e reconhecer que somos agentes ativos nela.

Na raiz da transformação que a reciclagem pode gerar, estão as pessoas. E é por isso que toda campanha que se propõe a incentivar esse movimento precisa valorizar quem está no centro dele: as catadoras e os catadores, os estudantes, os professores, as famílias, as comunidades e todo esse ecossistema que é uma cidade.

Foi com esse espírito que nasceu a campanha “A Reciclagem Não Tira Férias”, integrada ao projeto “Reciclando o Futuro”, que percorreu escolas, ruas e cooperativas nas diferentes cidades brasileiras em que atuamos. Um trabalho que floresceu a partir da educação ambiental, da mobilização social e da confiança de que é possível aprender e ensinar com o cotidiano, com o que se toca, se transforma e se devolve à natureza com respeito.

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75,4 toneladas de transformação

Durante os meses de dezembro de 2024 a março de 2025, a campanha arrecadou 75,4 toneladas de materiais recicláveis em nove cidades: Cajazeiras, Caldas Novas, Garça, Guaxupé, Maracaju, Naviraí, São José do Rio Pardo, Serra Talhada e Três Rios. Cada uma dessas praças, com suas realidades, desafios e potências, adaptou o calendário à sua maneira, o que ampliou o engajamento e a participação local.

Maracaju liderou a arrecadação com 15 toneladas, seguida por Cajazeiras (12 t) e por Guaxupé, Naviraí e Três Rios, com 11 toneladas cada. Mesmo em praças com menor volume, como São José do Rio Pardo, o impacto ainda assim é profundo, porque cada quilo coletado carrega histórias, escolhas e novas possibilidades para os resíduos e para as pessoas envolvidas.

Educação ambiental que atravessa o ano letivo

Ao longo do ano, o projeto Reciclando o Futuro segue por uma trilha de aprendizagem nas escolas que leva, justamente, à campanha de férias. É como se fosse uma colheita pedagógica: os estudantes colocam em prática aquilo que aprenderam, levando para casa, para os vizinhos, para os pais e responsáveis, a responsabilidade compartilhada de cuidar do que descartamos.

Nesse processo, as crianças se tornam multiplicadoras. Os resíduos ganham valor. E as escolas deixam de ser apenas prédios, passam a ser florestas de ideias, cidadania e transformação.

Catadoras e catadores como os principais tecelões dessa rede

Outro aspecto essencial da campanha é o reconhecimento das cooperativas e dos profissionais da reciclagem. Quando valorizamos esse trabalho, combatemos estigmas, fortalecemos economias locais e damos visibilidade a quem sustenta, com as próprias mãos, um novo começo.

Em cada cidade, o envolvimento das cooperativas foi decisivo. Algumas receberam os materiais diretamente das escolas; outras participaram de formações e rodas de conversa, criando pontes com a comunidade e ampliando os vínculos com o território.

Quando o pertencimento vira política pública

Mais do que uma ação pontual, a campanha se consolida como parte de uma estratégia maior de educação ambiental. Uma política viva, que reconhece a potência das conexões e o poder da prática educativa para inspirar novos hábitos (e novos mundos).

Porque reciclar também é um gesto político. É dizer que o futuro começa agora, na escolha de onde e como colocamos nossos resíduos. E que cada pessoa, ao participar, reafirma o desejo de viver numa cidade mais habitável, mais justa e mais solidária.

A Reciclagem Não Tira Férias. E a vontade de transformar também não.

 

 

 

Recicleiros e Governo de Pernambuco lançam projeto de coleta seletiva e reciclagem inclusiva para municípios do estado

O Instituto Recicleiros, em parceria com o Governo de Pernambuco, por meio da Secretaria de Meio Ambiente, Sustentabilidade e de Fernando de Noronha (Semas-PE), está lançando o projeto Recicla+Pernambuco, que vai transformar a gestão de resíduos sólidos no estado. O evento de lançamento, realizado na terça-feira (15), no Palácio do Campo das Princesas, contou com a participação da governadora Raquel Lyra.

O objetivo do inédito Recicla+Pernambuco é fomentar o desenvolvimento de políticas públicas para o aumento dos índices de reciclagem e a inclusão socioprodutiva de catadoras e catadores. O processo de qualificação de gestores públicos acontecerá por meio da plataforma Academia Recicleiros do Gestor Público e será aberto à participação gratuita dos 184 municípios do estado, mais Fernando de Noronha.

“Estamos levando desenvolvimento a todos os municípios de Pernambuco e isso também passa pela proteção do meio ambiente. Ao firmar esta parceria hoje com o Instituto Recicleiros e lançar o projeto Reciclar+Pernambuco, iremos incentivar nossas cidades a melhorarem a gestão de resíduos sólidos, assegurando melhorias ambientais e também nos índices de saúde municipais. O projeto também vai incluir os catadores de materiais recicláveis, que terão direito a um rendimento digno e outros benefícios. Em Pernambuco, a sustentabilidade caminha de mãos dadas com a justiça social e o cuidado com aqueles que mais precisam”, enfatiza a governadora Raquel Lyra.

Além de qualificar gestores municipais para o desenvolvimento da política pública de coleta seletiva e reciclagem, a iniciativa vai selecionar quatro municípios ou consórcios para implantação do projeto de coleta seletiva. Os investimentos serão destinados para montagem de Unidades de Processamento de Materiais Recicláveis (UPMRs) completas, campanhas de comunicação para engajamento da população, assessoria técnica para formação socioprofissional dos catadores, capital de giro limitado e, também, apoio técnico de longo prazo para a municipalidade. A duração prevista do projeto é de cinco anos.

Em contrapartida, as cidades deverão se responsabilizar pela regulamentação para criação da política pública de gestão de resíduos sólidos, além dos custos das etapas de coleta, transporte e processamento dos recicláveis. A incubação promovida por Recicleiros poderá beneficiar até cerca de 200 trabalhadores e suas famílias, por meio da geração de trabalho digno e da formação socioprofissional para empreenderem suas cooperativas.

“Esse é um projeto muito inovador e transformador para o estado. Com o Recicla+Pernambuco, oferecemos a oportunidade de todos os 184 municípios e o Arquipélago de Fernando de Noronha serem capacitados por uma instituição de vasta experiência teórica e prática para implantar efetivamente a coleta seletiva em seus territórios. O projeto também abrange a dimensão humana da reciclagem. Milhares de pessoas sobrevivem da coleta, separação e venda de materiais recicláveis no nosso estado. Capacitar e profissionalizar esses trabalhadores é uma ferramenta poderosa de emancipação econômica e social”, ressalta Ana Luiza Ferreira, secretária de Meio Ambiente, Sustentabilidade e de Fernando de Noronha.

Baseado no conceito de blended finance, o projeto conta com aproximadamente R$ 21 milhões do Governo de Pernambuco e cerca de R$ 9 milhões de recursos complementares a serem captados pelo Instituto Recicleiros. O montante deverá vir de fontes como a logística reversa de embalagens, Lei de Incentivo à Reciclagem e de fundos não reembolsáveis (grants). Empresas e organizações interessadas em investir podem entrar em contato pelo e-mail: contato@recicleiros.org.br.

A SIG, líder no fornecimento de sistemas e soluções para embalagens, é apoiadora do projeto por meio do patrocínio da Academia Recicleiros do Gestor Público e patrocinadora semente Recicleiros. Desde 2018, acredita no programa que implementa e mantém nos municípios brasileiros um sistema de coleta seletiva e reciclagem eficiente e inclusivo.

“O Recicla+Pernambuco traz para o estado uma grande oportunidade de protagonismo e inspiração em relação às políticas de reciclagem e inclusão de catadores. Da forma como o projeto foi estruturado, teremos condições de oferecer suporte técnico qualificado para todos os municípios desenvolverem suas políticas públicas a partir de uma perspectiva de sustentabilidade. Para aqueles que decidirem participar da seletiva para as quatro vagas de implantação, será um caminho abreviado para ter uma operação modelo e economicamente viável”, comenta Erich Burger, Diretor Institucional do Instituto Recicleiros.

Os municípios e consórcios interessados em participar do processo de qualificação e seleção de cidades, devem realizar o cadastro em: https://conteudos.recicleiros.org.br/reciclapernambuco 

Origem do projeto

O Recicla+Pernambuco será realizado com base na experiência de 18 anos do Instituto Recicleiros e do Programa Recicleiros Cidades empreendido por Recicleiros, que incuba, atualmente, 14 sistemas municipais de coleta seletiva com a participação de cooperativas de catadores em onze estados brasileiros, inclusive Serra Talhada (PE). 

O Programa, que tem a SIG como patrocinadora semente, promove uma cadeia ética de reciclagem nos municípios, conectando todos os envolvidos no processo para garantir que a reciclagem seja justa do ponto de vista socioambiental, eficiente, de alto impacto e economicamente viável. Recicleiros oferece às prefeituras conhecimento técnico, parcerias e investimentos para ajudar a implementar a coleta seletiva e reciclagem como uma política pública perene.

Além disso, introduz um novo modelo de centrais de reciclagem: unidades modernas, seguras e eficientes, equipadas com tecnologia avançada e gestão profissional. Essas centrais geram oportunidades de trabalho e capacitação constante para pessoas em situação de vulnerabilidade social e econômica.

Em paralelo, Recicleiros e a cooperativa realizam ações educativas para sensibilizar conscientizar, mobilizar e engajar a população local, incentivando a responsabilidade comunitária compartilhada com o meio ambiente e com as pessoas. Dessa forma, o projeto consolida uma tecnologia socioambiental inspiradora e de sucesso em diversas cidades brasileiras.