Em parceria com Recicleiros e Recicla Campo Largo, So+ma inaugura novo Ponto de Entrega Voluntária (PEV) de recicláveis no Paraná

A So+ma inaugurou recentemente uma nova unidade da Casa So+ma, um Ponto de Entrega Voluntária (PEV) de materiais recicláveis, onde a população pode trocá-los por benefícios. A abertura da unidade em Ferraria, em uma Área de Proteção Ambiental em Campo Largo (PR), reforça a parceria com o Instituto Recicleiros, promovendo benefícios socioambientais para a cidade e para os cooperados da Recicla Campo Largo.

O evento de inauguração contou com a presença do prefeito, Mauricio Rivabem, do secretário de meio ambiente, Thiago Teixeira, da CEO da So+ma, Claudia Pires, da gerente de sustentabilidade da SIG Group na América do Sul, Isabela de Marchi, da presidente da cooperativa Recicla Campo Largo, Daiane Ziebarth, e da líder local do Instituto Recicleiros, Franciele Ortis.

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Recicla Campo Largo recebe e processa os materiais 

A nova Casa So+ma se junta à unidade já existente no centro da cidade (CIOSP), fortalecendo a política de reciclagem local e incentivando o consumo consciente. Todo o material recebido nos espaços é encaminhado para a cooperativa Recicla Campo Largo, incubada pelo Instituto Recicleiros, conforme Acordo de Cooperação.

“Ao vivenciarmos o aumento da quantidade de material que a cooperativa recebe e recicla, vemos crescer a importância dessa parceria para nós que recebemos, pois é garantia de renda aos cooperados. E o projeto proporciona recebermos material limpo, sem porcentagem de rejeito, o que demonstra conscientização. Esperamos que o volume da unidade na Ferraria seja tão grande como é na unidade do centro”, diz Daiane Ziebarth, presidente da cooperativa Recicla Campo Largo.

Hoje, cerca de 10 toneladas de materiais são recolhidos na Casa So+ma do Centro por mês e, com a abertura do novo espaço, a expectativa é ampliar ainda mais esse volume de recicláveis.

“Nossa empresa é situada na cidade, então muitos funcionários nossos são daqui, e buscamos ser uma empresa de impacto positivo. Colocamos muitas embalagens no mercado, então entendemos como nossa responsabilidade também cuidar desse ciclo, do desafio ambiental. Buscamos uma cadeia que opere de forma ética e sustentável, e quando temos parcerias da sociedade civil, dos governos e da iniciativa privada temos visto que funciona, como esse projeto que é o nosso case de maior sucesso”, diz Isabela De Marchi, gerente de sustentabilidade da SIG Group na América do Sul, patrocinador do projeto Casa So+ma, e patrocinador semente do Instituto Recicleiros.

Na ocasião, o prefeito enalteceu a parceria para a abertura da nova unidade. “Todas as entidades parceiras aqui têm o compromisso de cumprir seu papel, especialmente com a logística reversa. Agradecemos por esse programa - que é um orgulho - pelo incentivo, pelo exemplo que as pessoas precisam, pela geração de emprego, por fechar um ciclo positivo de fomento. Quando a Casa so+ma chegou em Campo Largo lembro das pessoas perguntando: o que é aquela ‘caixa amarela’? E hoje virou cartão postal”. 

Segundo o secretário de Meio Ambiente, Thiago Teixeira, Campo Largo investe, atualmente, cerca de R$ 1 milhão só na coleta de resíduos recicláveis. “Mas é claro que podemos avançar muito mais. E uma das maneiras é com a Casa So+ma, um jeito de estarmos próximos da comunidade, instigando as pessoas a adotarem o hábito da reciclagem, a participarem com frequência. Agradeço aos nossos parceiros pelo desenrolar dessa bela caminhada”, completou.

Durante o evento de inauguração, foi anunciado que, em breve, acontecerá a abertura da terceira unidade da Casa So+ma em Campo Largo, desta vez no Itaqui.

Como funciona o programa So+ma vantagens

O programa So+ma vantagens é gratuito, funciona em um contêiner amarelo onde a população entrega materiais recicláveis e troca por pontos. Esses pontos podem ser trocados por diferentes tipos de benefícios (físicos ou digitais), como cursos profissionalizantes, ingressos para cinema, desconto em compras online de sites parceiros, troca por produtos básicos como mantimentos e itens de higiene pessoal, possibilidade de transferir doações para ONGs locais, entre outros.

Cada Casa So+ma conta com um atendente que auxilia na pesagem dos materiais, bem como computa os pontos. Na Ferraria, a atendente será Suzely Ramos, da cooperativa Recicla Campo Largo.

Fotos: Thiago Ramos de Souza/SIG

Projeto Hub Recicleiros conecta resíduos com a reciclagem inclusiva

O Projeto Hub é a nova solução do Instituto Recicleiros que visa fortalecer o ecossistema de reciclagem inclusiva no Brasil. Essa iniciativa inovadora busca conectar grandes empresas recicladoras com cooperativas e associações de catadores de diversas regiões do país, aumentando as taxas de reciclagem e gerando novas oportunidades de negócios.

Por meio do Programa Recicleiros Cidades, o Instituto oferece sua infraestrutura, equipe e contratos em todo o território nacional, para conectar os elos da cadeia de economia circular e promover novas conexões produtivas.

O objetivo é facilitar o acesso de cooperativas e associações com baixo volume de material, falta de equipamentos ou restrições logísticas ao mercado, utilizando a infraestrutura e a rede logística Recicleiros. A iniciativa visa interligar essas organizações e catadores ao mercado, garantindo receita adicional a eles e o aumento das taxas de reciclagem.

O primeiro movimento do Projeto Hub Recicleiros está acontecendo na região Nordeste, com as cooperativas Recicla Serra Talhada (PE) e Recicla Cajazeiras (PB), ambas incubadas pelo Programa Recicleiros Cidades. Essas plantas estão recebendo vidros de outras organizações vizinhas, processando-os e fornecendo-os à unidade de Recife (PE) da parceira Owens-Illinois, uma das maiores fabricantes de embalagens de vidro do mundo.

Na prática, o processo funciona assim: pequenos volumes de vidro, que anteriormente não eram viáveis comercialmente, são captados pelo Hub Recicleiros. Veículos parceiros coletam esses materiais das cooperativas e/ou associações próximas para serem processadas na linha de trituração de vidro das cooperativas do Programa Recicleiros Cidades. Depois, com as cargas consolidadas, viajam diretamente para o reciclador, sem intermediários e com total rastreabilidade.

Essas duas cooperativas têm capacidade para atender cerca de 50 cidades no entorno dos Hubs, impactar quase 900 mil pessoas e coletar até 240 toneladas de vidro por mês.

“A reciclagem de vidro ainda enfrenta desafios logísticos no Brasil, mas com iniciativas como o Hub Recicleiros, estamos criando soluções práticas para integrar esse material à economia circular. Ao transformar esse resíduo em fonte de renda para organizações de catadores, não só estamos preservando o meio ambiente, mas também gerando oportunidades econômicas em áreas que historicamente possuem pouca oferta de infraestrutura e compra dos recicláveis, como é o caso do semiárido brasileiro”, destaca Carolina Finardi, Coordenadora de Negócios e Parcerias do Instituto Recicleiros.

“A nossa luta pela reciclagem acontece há muito tempo. Agora, chegou o momento de avançar e realizar um trabalho digno pelo nosso município. Estamos felizes porque nunca tínhamos conseguido vender vidro, e temos uma quantidade significativa. Não queremos deixar esse vidro à toa em nossa cidade, ocupando o espaço de que tanto precisamos”, afirma Maria de Fátima Barbosa Belém, Presidente da Associação Café com Arte, coletivo de artesãos, agricultores e catadores de Petrolândia (PE), que no último mês vendeu mais de 10 toneladas de vidro para o projeto.

“Estamos felizes com essa parceria, que já deu certo. Não tínhamos comprador, e foi uma bênção Recicleiros aparecer”, acrescenta Maria de Fátima.

A proposta do Projeto Hub Recicleiros é chegar a todos os materiais – além do vidro, plástico, metal, papel e longa vida. O Hub Recicleiros beneficia o meio ambiente ao reduzir a quantidade de material descartado, melhora a receita das organizações de catadores e facilita o acesso das empresas a materiais de alta qualidade e com rastreabilidade.

Se você gostou da iniciativa e tem interesse em contribuir com demandas para outros materiais e/ou regiões do país, entre em contato conosco!

Campanha de reciclagem Separa+ expande ações de conscientização em território do Programa Recicleiros Cidades

A campanha Separa+, que promove ações de comunicação e conscientização junto à população de Guaxupé (MG), território que conta com o Programa Recicleiros Cidades, entra em uma nova fase. Neste mês, promotores do Separa+, cooperados da Recicla Guaxupé e Agentes de Saúde do município estão visitando moradores e comerciantes para conscientizar, orientar e esclarecer possíveis dúvidas sobre a separação de recicláveis – plástico, vidro, papel, metal e óleo de cozinha.

O Separa+ é uma iniciativa conjunta entre a cooperativa Recicla Guaxupé, a ONG Delterra, o Instituto Recicleiros e a Prefeitura de Guaxupé, que visa promover uma mudança de comportamento na população em relação à reciclagem.

Essa expansão do Separa+ passa pelo acordo entre Recicleiros e Delterra em Guaxupé (MG), visando a mudança de comportamento da população. A ideia da parceria é aplicar as experiências exitosas da Delterra nos seus projetos no exterior, e testar o desempenho da estratégia pela primeira vez no Brasil, considerando o potencial de um território adequado, com estrutura exemplar, como Guaxupé.

“Temos posicionado o Programa Recicleiros Cidades como um grande laboratório de práticas que possam ajudar o Brasil a elevar seus índices de reciclagem”, afirma Erich Burger, Diretor Institucional do Instituto Recicleiros.

Novos hábitos socioambientais

Desde maio deste ano, a equipe do Programa Separa+ vem trabalhando para que os moradores adquiram novos hábitos de reciclagem, mostrando que, ao separarem o lixo para a reciclagem dentro de casa, estão contribuindo não só com o meio ambiente e para a limpeza e sustentabilidade de Guaxupé, mas também colaborando com a renda das famílias dos cooperados que vivem da reciclagem.

Durante as visitas, além de orientações sobre os tipos de materiais recicláveis e como separá-los corretamente, os moradores recebem um calendário de coleta, no qual podem marcar o dia em que o caminhão da reciclagem passa por seu bairro. O calendário também inclui um QR code que permite acesso, via WhatsApp, ao canal oficial do projeto Separa+, onde os moradores podem tirar dúvidas, obter informações sobre os dias e horários de coleta e conhecer mais sobre o trabalho da cooperativa Recicla Guaxupé.

As equipes de campo também estão visitando os comércios dos bairros e da região central da cidade para informar sobre os materiais recicláveis e a coleta seletiva. Além disso, os times de comunicação incentivam os comerciantes a colaborar com a campanha, permitindo a exibição de cartazes informativos.

“O serviço de coleta seletiva está bastante avançado em Guaxupé, mas a população ainda está incorporando este novo hábito às suas rotinas. A comunicação precisa ser constante, e é preciso responder às dúvidas e dificuldades de quem ainda não aderiu à reciclagem, por isso as visitas porta a porta são tão importantes” diz Luciana Ribeiro, representante do Instituto Recicleiros.

Além das visitas promovidas pela campanha Separa+, os guaxupeanos também estão sendo impactados por outros meios de comunicação, como rádios, jornais, ônibus circulares e redes sociais.

Recicleiros é uma OSC. Mas, o que isso significa?

OSC, OSCIP, ONG … o universo do terceiro setor tem algumas siglas que às vezes podem causar certa confusão no público. Porém, é importante conhecer algumas terminologias e suas conceituações. Assim, neste post vamos trazer luz a esse tema tão interessante.

Recicleiros é uma OSC, qualificada como OSCIP, e que também pode ser chamada de ONG. Complexo? Num primeiro momento, pode até parecer que sim. Mas, vamos começar esclarecendo as siglas, o que já vai deixar tudo mais claro. 

OSC é uma Organização da Sociedade Civil, ou seja, uma entidade que desenvolve ações de interesse público e relevância social sem visar lucro. O termo OSC está na Lei n° 13.019/2014, o Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil (MROSC), legislação que regulariza a atuação das OSCs no Brasil.

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OSCIP é a sigla de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público. Essa qualificação é concedida pelo Ministério da Justiça para organizações que atendam os requisitos da Lei nº. 9790/99 e tenham ao menos três anos de constituição. As duas leis (OSC e OSCIP) trazem requisitos referentes às boas práticas de governança; formas de relacionamento com o poder público e possibilidade de receber doações de empresas com incentivo fiscal. 

Por fim, uma ONG é uma Organização Não Governamental, isto é, uma entidade de caráter privado, sem fins lucrativos e que se dedica a diferentes causas, tais como sociais e ambientais. É uma espécie de apelido para as Organização da Sociedade Civil, nome este mais usual hoje em dia.

Na prática, o Instituto Recicleiros é uma Organização da Sociedade Civil (OSC), legalmente estabelecida, logo, uma associação sem fins lucrativos que está adequada à lei do Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil e conta com a qualificação de OSCIP e, portanto, pode receber investimentos público ou da iniciativa privada para o desenvolvimento de suas atividades. E, também, pode ser chamada de ONG.

Associação sem fins lucrativos, mas com movimentação financeira?

Nesse contexto, o que significa ser uma organização sem fins lucrativos? Afinal, o Instituto Recicleiros tem movimentação financeira. Significa que pode ter atividade econômica, mas todo lucro, que é chamado de superávit no terceiro setor, deve ser investido nas finalidades a que se propõe, as quais estão estabelecidas no estatuto social, formado por regras internas que a própria organização define mais aspectos legais. 

O lucro por sua vez, não pode ser distribuído entre a diretoria, associados e os colaboradores, isso não é permitido pela lei. Então, quanto maior e mais impacto a OSC gerar, melhor. 

“Com regras mais rígidas que uma empresa, a OSC segue vários requisitos e princípios de boas práticas de governança que precisam ser cumpridos. Por exemplo, a organização tem que ser apartidária, divulgar as atividades financeiras, os relatórios de atividades, o estatuto social e a composição dos órgãos dirigentes”, explica Paula Mello, advogada e consultora jurídica do Instituto Recicleiros. 

Por fim, toda a movimentação financeira é pública, os documentos contábeis das OSCs são públicos porque essa é a prerrogativa legal. A sociedade pode ter acesso a essas informações das organizações. 

Na página de Transparência de Recicleiros, estão disponíveis ao público vários documentos, por exemplo, Balanço Patrimonial, Relatório Anual de Atividades, Estatuto Social, Certidões e Qualificações.

Eleições 2024: as propostas Recicleiros para coleta seletiva inclusiva e reciclagem

O Instituto Recicleiros acumula anos de experiência no desenvolvimento de ecossistemas eficientes para coleta seletiva inclusiva e reciclagem nos municípios brasileiros. E, com base nesse conhecimento acumulado, preparou um documento exclusivo com propostas socioambientais para gestão sustentável de resíduos, pensando nas Eleições 2024, que vão eleger prefeitos e vereadores nos quatro cantos do Brasil.

O material inédito “Plano de Governo – Gestão Sustentável de Resíduos em âmbito Municipal” foi desenvolvido a muitas mãos pelo time de especialistas do Instituto Recicleiros. A ideia é nutrir candidatas e candidatos que participarão do processo eleitoral de informações e conhecimentos consistentes que podem ser incorporados aos respectivos planos de governo para uma gestão socioambiental sustentável e inclusiva.

Vale lembrar que a gestão de resíduos é uma responsabilidade direta dos municípios, onde ocorrem ações efetivas de coleta, tratamento e destinação final. Por isso, é crucial que os governantes integrem propostas sólidas e eficazes em seus planos de governo. Na visão Recicleiros, é fundamental tratar a questão dos resíduos sólidos como prioridade nas políticas públicas municipais, não apenas para cumprir a lei, mas também para promover a sustentabilidade ambiental, a saúde pública e a qualidade de vida da população.

Experiência prática e programa estruturado

As sugestões Recicleiros contemplam a experiência de incubação de 14 cooperativas de reciclagem do Programa Recicleiros Cidades, que implanta e promove nos municípios um sistema referência de coleta seletiva e reciclagem. O documento aborda:

  • Planejamento, regulamentação e orçamento municipal. 
  • Estruturação da coleta seletiva no município.
  • Capacitação e inclusão dos catadores nas políticas públicas.
  • Educação ambiental e conscientização da população sobre a importância da reutilização e reciclagem.
  • Parcerias com organizações da sociedade civil e iniciativas privadas.
  • Criação de campanhas de engajamento para promover práticas sustentáveis.

“Nosso compromisso é garantir que os candidatos às eleições de 2024 se tornem agentes de transformação nas suas comunidades”, afirma Cezar Augusto, gerente da Academia Recicleiros do Gestor Público. “A coleta seletiva não é apenas uma questão ambiental, mas uma oportunidade para promover justiça social, gerar emprego e renda, e construir cidades mais resilientes”, acrescenta.

Recicleiros acredita que o equilíbrio do meio ambiente, a coleta seletiva inclusiva e a reciclagem são direitos constitucionais, e devem ser políticas de Estado. Portanto, trabalha ao lado de todos os gestores públicos do Brasil, sempre com a premissa técnica e apartidária.

“Essas sugestões visam não apenas a implementação de um sistema de coleta seletiva eficiente com medidas já testadas e consolidadas ao longo dos últimos anos por Recicleiros em diversas localidades espalhadas pelo Brasil e iniciativas já consolidadas de outras organizações congêneres, mas também a inclusão social, econômica e ambiental, fortalecendo catadoras e catadores de materiais recicláveis e orgânicos compostáveis, promovendo um desenvolvimento sustentável para o município”, finaliza Cezar Augusto.

Para baixar gratuitamente as sugestões do Instituto Recicleiros para Planos de Governo, clique neste link.

Análise: os 14 anos da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS)

Neste 2 de agosto de 2024, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela Lei nº 12.305/2010, completa 14 anos de existência. A PNRS, é bom recordar, estabelece diretrizes importantes para a gestão adequada dos resíduos, incluindo, por exemplo, a obrigatoriedade de todos os municípios elaborarem e implementarem seus Planos de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PGIRS). 

No entanto, mais de uma década depois, a Lei ainda não emplacou no Brasil. A maior parte dos municípios brasileiros ainda não cumpre integralmente essas exigências e, sem dúvida, ainda há um longo caminho pela frente para o país avançar nesse tema tão importante (e complexo), que envolve tantos atores nessa cadeia.

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A importância da gestão pública para o sucesso da reciclagem

Veja abaixo a análise de três especialistas Recicleiros.

“Não dá para negar que a existência de uma Política Nacional de Resíduos Sólidos trouxe diversos temas antes relegados para a mesa de debate. Muito movimento aconteceu desde que passamos a contar com esse marco regulatório. Debates antes inexistentes passaram a existir, mas, muita coisa ficou apenas no debate. Às vezes, quem muito fala, pouco faz. E isso, sem dúvida nenhuma, é um dos pontos marcantes a não ser celebrado neste aniversário de 14 anos.

A expectativa era muito maior, deve-se admitir. Para nós, empreendedores ativistas sociais e ambientais, a perspectiva de uma política como essa trouxe um sopro de esperança para combater mazelas antigas e persistentes como, por exemplo, os criminosos lixões, ou então, as gigantescas montanhas de lixo misturado coletados todos os dias nas cidades brasileiras e que poderiam (e deveriam) estar separados.

Salvo um ou outro movimento interessante que pode ser fisgado nesse oceano de demandas urgentes, muito pouco pode ser celebrado para um país que tem agora quase 15 anos de política específica para combater o lixo, ou os lixos diversos que temos por aí. 

Fazendo um recorte do nosso âmbito de atuação, onde está o resíduo sólido urbano, tudo ainda parece muito incipiente. Nossos casos de sucesso são restritos e limitados. Catadores continuam clamando por jornadas e remunerações dignas e seguem trabalhando em condições precárias e insalubres, mesmo nas principais capitais do país.

Os índices de reciclagem continuam baixos. O mercado continua desprezando o material reciclável e fazendo pouco esforço para garantir sua reintegração às cadeias produtivas. Adesão à coleta seletiva nas cidades ainda parece ser assunto de meia dúzia de abraçadores de árvores. Na vida real, lá na rua, na casa do vizinho, no clube, na escola, na estação, ainda se encontra muito daquele grupo de lixeiras coloridas que na real nada mais são do que cestos de lixo.

O cenário que imagino e gostaria de estar celebrando tem: cidade com política pública efetiva, incentivando a reciclagem de verdade, instituindo mecanismos e penalizando o cidadão que não faz sua parte. Catador trabalhando feliz e melhorando a qualidade de vida de seus familiares por meio da realização do serviço ambiental que prestam. Setor empresarial valorizando materiais e se comprometendo com a circularidade das embalagens para que a reciclagem se torne uma operação economicamente viável. Aterros recebendo só aquilo que não pode ser reciclado e poupando, além dos recursos naturais, os financeiros, que já poderiam estar indo para educação, saúde e cultura.” 

Erich Burger, Diretor Institucional.

“Em 2 de agosto de 2010, finalmente foi assinada a nossa Política Nacional de Resíduos Sólidos, aguardada por muitos e temida por outros, em especial pelas responsabilidades que ali se colocavam. Temos um marco com a definição da destinação adequada dos resíduos e a colocação, de forma clara, mas que teve várias interpretações. 

Desde 1981, pela Política Nacional do Meio Ambiente, os lixões são considerados infração, pois todos temos direito ao meio ambiente limpo e sem poluição. A PNRS exige mais, que os municípios ofereçam a seus munícipes coleta em pelo menos duas frações, os recicláveis secos e os demais resíduos. Chama para a responsabilidade toda a cadeia que gera resíduos sólidos a responder por sua destinação e volta ao ciclo produtivo. 

Assim, se fabricou, transportou, comercializou ou foi beneficiado de alguma forma por um bem de consumo, que gerou resíduo, você, cada um de nós, pessoa física ou jurídica, somos responsáveis por esse resíduo, incluindo rever o nosso consumo, ou a escolha da matéria prima e forma de fabricação dos bens de consumo para gerar um menor impacto.

A logística reversa, com suas metas tímidas, sendo melhoradas no passar dos anos com os novos acordos, vai evoluindo na responsabilização de todos os atores.

A sensação, mesmo após todos esses anos, é que poucas pessoas se sentem realmente responsáveis pelo lixo (resíduos) que gera. Digo isso em todos os setores, tanto a pessoa física, o cidadão comum, as empresas e governo. A maioria das pessoas espera que uma solução milagrosa venha resolver algo que depende, em especial, da atitude que cada um toma em cada dia de sua vida. O Instituto Recicleiros com o seu trabalho ajuda a fazer essa ponte.”

Andréa Portugal, Gerente de Operações.

“A PNRS completa 14 anos, e do ponto de vista pessimista, minha percepção é que avançamos muito pouco se levarmos em conta a quantidade de tempo versus a quantidade de os sistemas municipais de coleta seletiva que de fato operam recuperando 20% do potencial de reciclagem de uma cidade.

Ainda que tenhamos os avanços regulatórios e legais sabemos que a mudança passa pelo executivo municipal e se houver disposição e coragem para inovar na administração pública continuaremos fazendo mais do mesmo e, portanto, colhendo os mesmos resultados.

Mas, são 14 anos e, claro, tivemos avanços. Desde a promulgação da PNRS, outras leis, normas, portarias e sistemas emergiram no sentido de regular a gestão de resíduos sólidos. Diversas iniciativas no Brasil, públicas e privadas, visam fomentar a implementação de sistemas municipais de coleta seletiva e de reciclagem, também a classe de catadores que, em alguma medida, teve seu reconhecimento previsto em legislação e, em alguns casos, quando esse coletivo está organizado, sua atuação no âmbito da execução do serviço público de coleta seletiva e de reciclagem é privilegiada.”

Cezar Augusto, Gerente de Qualificação & Seleção.

Reciclagem no Brasil: incentivos não são suficientes sem engajamento de atores públicos e privados

O Governo Federal anunciou recentemente um conjunto de medidas que somam mais de R$ 425 milhões em incentivos à reciclagem e ao trabalho de catadores e catadoras de materiais recicláveis. Essas iniciativas abarcam, entre outras coisas, a retomada do Programa Cataforte e a Lei de Incentivo à Reciclagem (LIR). 

As medidas têm foco no fortalecimento de cooperativas e associações de catadores de recicláveis e segue a linha de programas lançados no passado, priorizando o investimento em máquinas, equipamentos e capacitações.

Um cenário familiar para o Instituto Recicleiros, que atua há 17 anos com o desenvolvimento de soluções para a gestão sustentável de resíduos sólidos com inclusão de catadores em todo Brasil, por meio do Programa Recicleiros Cidades. Além disso, em 2023, o Instituto Recicleiros alcançou um marco importante com a regulamentação dos Certificados de Crédito de Massa Futura pelo Decreto Federal 11.413/2023, criado e executado de maneira pioneira pela organização.

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A importância da gestão pública para o sucesso da reciclagem

Recicleiros e BNDES fecham parceria para investir em infraestrutura e capacitação de catadores

Para Erich Burger, diretor do Instituto Recicleiros, o incentivo anunciado pelo Governo Federal é importante, mas sozinho não muda a realidade histórica da reciclagem no país. 

“Investimentos em infraestrutura são muito importantes mas sozinhos não sustentam as operações de coleta seletiva e reciclagem, mesmo com a melhor infraestrutura possível e em qualquer formato de operação, com ou sem catadores. Enquanto não houver um critério claro e definitivo sobre o pagamento por serviços ambientais que são prestados pelas cooperativas, viveremos de ciclos que, em geral, não constroem legado e acabam por desperdiçar os investimentos”, explica o diretor. 

Ainda de acordo com o diretor, os custos de coleta, processamento e destinação ambientalmente adequada dos resíduos são muito superiores ao preço de venda dos materiais, que, além de serem baixos, são muito voláteis. 

“Enquanto essa realidade não for encarada e a conta do serviço não for dividida entre municípios e setor empresarial com base no artigo 33 da PNRS, que versa sobre a Responsabilidade Compartilhada pelo Ciclo de Vida dos Produtos, viveremos nessa lógica de exploração do trabalho dos catadores e num eterno ciclo de desvalorização da cadeia, que não permite avançar em qualidade e eficiência, nem tampouco atender o mercado com o mínimo nível de compliance”, finaliza Burger.

Recicleiros traz inovação para a reciclagem

Em 2023, o Instituto Recicleiros contabilizou mais de 970 mil pessoas atendidas com coleta seletiva na porta de casa em 14 operações municipais localizadas em 11 estados brasileiros e a geração de, até o momento, 347 postos de trabalho para catadoras e catadores de materiais recicláveis que, neste modelo, passam por um intenso processo de formação profissional por meio do sistema de incubação da Academia Recicleiros do Catador. Esses são do Relatório de Impacto Socioambiental, divulgado recentemente. 

O principal compromisso da instituição é o desenvolvimento de ecossistemas sustentáveis, operacionalmente eficientes e com geração de trabalho digno para os catadores, para que as cooperativas se transformem em parceiro estratégico da limpeza pública municipal. Além disso, há progressos nas condições sanitárias das cidades devido ao fortalecimento da gestão de resíduos nos territórios.

A importância da gestão pública para o sucesso da reciclagem

O Brasil ainda está distante de taxas minimamente aceitáveis de reciclagem. Apesar da Política Nacional de Resíduos Sólidos, a reciclagem caminha a passos lentos por uma série de razões e ainda tem um longo caminho pela frente. Nesse contexto, qual a importância da gestão pública para o sucesso da reciclagem?

Colocar os materiais de volta ao ciclo produtivo, proporcionar a reciclagem, é tarefa do município, mas como fazer? “Cabe ao município saber a quantidade de resíduos que seu município produz e as suas características. Após essa etapa, é hora de buscar ajuda técnica para poder mensurar e ter proposições de como ter a coleta seletiva. Às vezes, para um município menor, somente alguns pontos de entrega voluntária já são suficientes para receber todo material reciclável da cidade. Em outros casos, é preciso mensurar uma frota de caminhões que consigam cobrir a cidade, ou até mesmo ter as soluções conjugadas”, diz Andréa Portugal, gerente de operações do Instituto Recicleiros.

A coleta seletiva deve ter um local adequado para levar esses resíduos de forma que eles possam ser separados por tipo e comercializados. Assim, evita-se que o aterro sanitário esgote seu tempo de vida útil antecipadamente, o que gera mais custos e impactos ambientais ao município. É nesse momento que entram as organizações de catadores que, preferencialmente, devem receber esse material e, obviamente, serem remuneradas pelo serviço que prestam à cidade.

Mas, a responsabilidade do município não para por aí. Agora que começa a parte mais sensível: como informar e educar os seus munícipes, para que todo sistema de coleta seletiva funcione? As informações referentes a coleta seletiva e reciclagem devem ser repassadas com recorrência. E as repartições públicas devem ser o primeiro lugar onde essa prática deve acontecer. Logo, treinar os servidores é fundamental, afinal, a prefeitura deve dar o exemplo para toda a população.

A escola é outro local de vital importância para o sucesso da reciclagem. Um município com resultados efetivos passa pelo trabalho na base. O engajamento no dia a dia de todas as escolas fazendo a separação e a destinação é de extrema importância. A cultura da coleta seletiva e reciclagem precisam fazer parte do currículo escolar, da diretoria e do corpo docente. Portanto, deve haver treinamento e condições de se levar as boas práticas aos alunos.

A responsabilidade da gestão pública dentro da coleta seletiva e reciclagem

É bom recordar que a coleta seletiva está dentro dos serviços de saneamento básico sob a responsabilidade da municipalidade, como está descrito na Política Nacional de Saneamento Básico, de 2007. 

Os gestores municipais devem oferecer aos munícipes os serviços de coleta seletiva para 100% de sua população, ou seja, não se trata de luxo, mas de um serviço essencial, uma obrigação prevista em lei a fim de dar condições para que esse material seja processado e volte ao ciclo produtivo, dentro de uma economia circular.

“Conforme a Política Nacional de Resíduos Sólidos, é obrigação do município dar destinação adequada aos resíduos gerados dentro de seu território, e a coleta deve ter ao menos duas frações: os recicláveis secos – plásticos, vidro, papel e metal – e orgânicos mais rejeitos. Cabe ao município garantir que somente irá para o aterro sanitário, ou outra forma permitida de disposição final, rejeito que não tenha outra possibilidade que não essa”, acrescenta Andréa.

Fato é que quando os gestores públicos entendem que a coleta seletiva é um ganho para o município, tudo tende a fluir. Quando todo o sistema funciona, o que se vê é geração de trabalho e renda, desonerando a parte assistencial do município; redução dos pontos de descarte irregular, o que reduz os casos de doenças ocasionados pelos vetores que ali se hospedam; a vida útil dos aterros aumenta, entre outros benefícios. Dessa forma, os resultados da coleta seletiva devem ser muito bem divulgados junto à sociedade.

Responsabilidade compartilhada

Há um grande desafio quando falamos de responsabilidade compartilhada dentro da legislação, pois não está claro até onde vai a responsabilidade de cada ator. 

O Programa Recicleiros Cidades deixa essas responsabilidades mais nítidas quando, por exemplo, faz a proposição da realização da coleta seletiva pela prefeitura, como previsto na legislação atual, a alocação de recursos da logística reversa para estruturação do processo de triagem e qualificação das cooperativas, incluindo o cidadão, que também deve fazer a sua parte separando e destinando os recicláveis para a coleta seletiva.

“Recicleiros vem testando e mapeando as melhores práticas no processamento de recicláveis, em especial de embalagens, que representa cerca de 70% do resíduo reciclável recolhido na coleta seletiva. O Instituto está empreendendo esforços para levantar seu custo para que seja possível apresentar a indústria e governos as etapas necessárias para o retorno ao ciclo produtivo. Esse custo tem de considerar um local com condições adequadas e uma remuneração mínima aos profissionais envolvidos no processamento, os catadores”, explica Andréa Portugal.

Educação ambiental e fiscalização

De acordo com Andréa, a gestão pública deve trabalhar de forma assídua na educação ambiental. Porém, deve-se, em primeiro lugar, repensar a ideia que educação ambiental é cartilha, folheto e palestras, porque é muito mais.

“Começa nas escolhas feitas pela prefeitura, por exemplo, com as compras públicas, que devem ter menor impacto. Afinal, viver é gerar resíduos, então a gestão pública deve cuidar de cada ato, como eliminar o uso de copos descartáveis de uso único, retirar as lixeiras debaixo das mesas e oferecer recipientes para descarte de recicláveis secos e orgânicos. São ações simples que fomentam uma mudança de comportamento”, sugere.

Ela acrescenta que o gestor público deve, em um primeiro momento, fazer o dever dentro de casa. Ou seja, todas as repartições públicas, em especial as que recebem público externo, como unidades de saúde, assistência social, escolas etc, com pessoas treinadas. Junto disso, informar a todo tempo a população como separar os recicláveis para a coleta seletiva, seja por meio de treinamentos, cartilhas, folhetos, rádio e outros, assim como é feita a mobilização para uma campanha de vacinação. 

Com relação à fiscalização, existe a necessidade de ter uma legislação sobre responsabilidades bem clara no município. Recicleiros, inclusive, disponibiliza dentro da sua plataforma voltada para a formação do gestor público, projetos de lei para que as prefeituras consigam embasar a fiscalização.

“Para a coleta seletiva acontecer, precisa haver a fiscalização por parte da gestão pública. Primeiro, a coleta seletiva tem de estar constituída, depois informar e educar a população e depois disso, pedagogicamente, multar quando for necessário”, diz Andréa Portugal.

Taxa para serviço municipal de coleta seletiva

O Marco Legal de Saneamento Básico, na lei 14.026/2020, apresenta a determinação do governo federal de que os municípios devem cobrar a taxa para cobrir os custos do serviço municipal de coleta de lixo. Quando esse valor para prestação desse serviço não é cobrado, assim como acontece com energia e água, por exemplo, o que de fato ocorre é que esse valor acaba saindo dos cofres públicos, sem a transparência que deveria ter.

“Os gestores públicos precisam entender que coleta seletiva e reciclagem não tem a ver com um mandato, mas uma política pública. Esse aspecto é fundamental”, encerra.

Recicleiros e BNDES fecham parceria para investir em infraestrutura e capacitação de catadores

O Instituto Recicleiros e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) fecharam uma parceria inédita para investir em infraestrutura e capacitação de catadoras e catadores de materiais recicláveis. 

O BNDES Fundo Socioambiental injetará recursos na estruturação de cooperativas de catadores. Já Recicleiros investirá em máquinas e equipamentos das cooperativas de catadores, além de desenvolvimento e capacitação técnica de catadores que fazem parte do Programa Recicleiros Cidades. 

Os recursos somados chegam a um total de R$ 19 milhões, que serão utilizados ao longo dos próximos 5 anos. A expectativa é um aumento de 40% no número de postos de trabalho gerados e alcançar a marca de 545 vagas para atuação dos cooperados, com trabalho e renda para pessoas em situação de vulnerabilidade social.

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“Canalizar recursos para implementar infraestrutura e qualificar os processos será determinante para construir o futuro da reciclagem no Brasil. A reciclagem a partir de mecanismos sociais de trabalho, como as cooperativas de catadores, é não só a história mais bonita a ser contada, mas também a solução mais eficiente e competitiva para alavancar os índices de reciclagem no país”, comenta Erich Burger, diretor e fundador do Instituto Recicleiros.

Segundo a diretora Socioambiental, Tereza Campello, o BNDES retomou seu papel histórico de apoio às cooperativas de materiais recicláveis, buscando articulação institucional e alinhamento às políticas públicas. 

“O projeto vai proporcionar maiores oportunidades de geração de renda para os catadores e contribuir para estruturação da coleta seletiva nos municípios selecionados, em parceria com o poder público local, possibilitando inclusão social e produtiva dos catadores e contribuindo para a redução das desigualdades sociais”, explica.

Destinação dos investimentos

Com relação à capacitação, os recursos do BNDES Fundo Socioambiental visam ao desenvolvimento de habilidades de operação, gestão e governança das cooperativas de catadores e, também, ao fortalecimento da infraestrutura operacional, com promoção de maior eficiência, segurança e competitividade das organizações gerenciadas pelos catadores de recicláveis. 

No que diz respeito aos investimentos fixos, há previsão de aquisição de máquinas e equipamentos para implantação de três novas cooperativas de reciclagem em diferentes partes do Brasil, e incrementar as operações de 10 das 12 plantas já existentes de Unidades de Processamento de Materiais Recicláveis (UPMRs) que integram o Programa Recicleiros Cidades, programa estruturante de coleta seletiva e reciclagem inclusiva.

A atuação do Instituto Recicleiros amplia o impacto socioambiental das ações realizadas pelo Programa Recicleiros Cidades e garante a sustentabilidade das unidades apoiadas que, por terem caráter estruturante, demandam investimentos fixos, assessoria técnica intensiva e qualificada ao longo de anos para garantir sua perenidade.

BNDES Fundo Socioambiental 

O BNDES Fundo Socioambiental tem como premissa oferecer apoio por meio de investimentos de caráter social em áreas como educação, meio ambiente, geração de emprego e renda, saúde e vinculadas ao desenvolvimento regional e social. Esses recursos são destinados para aplicações com foco na inclusão social, priorizando projetos que visam proporcionar significativos benefícios sobre as condições de vida das populações mais carentes e de baixa renda.

Recicleiros e Owens-Illinois retiram 130 toneladas de vidro na Vila de Jericoacoara

O Instituto Recicleiros e a Owens-Illinois se juntaram para retirar, no início deste ano, 130 toneladas de embalagens de vidro, equivalente a cerca de 650 mil garrafas da Vila Jericoacoara, no Ceará, um dos destinos turísticos mais conhecidos do Brasil. A Vila costuma gerar em média, por dia, nada menos do que 2,5 toneladas de vidro.

A ação inédita também contou com a Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis de Jericoacoara e o Grupo HEINEKEN para fazer a destinação ambientalmente correta dos materiais, encaminhados para a reciclagem. 

Para resolver a situação pontual, Recicleiros, O-I e a Cooperativa, com apoio do Grupo HEINEKEN, se uniram numa força tarefa para viabilizar um esquema logístico emergencial e, em aproximadamente 30 dias, retiraram o material acumulado na Vila para um transbordo localizado no município Jijoca (CE), de onde partiram grandes caminhões com esse vidro para reciclagem.

Ao todo, foram enviados quatro caminhões carregados de vidro tendo como destino a planta da Owens-Illinois em Recife (PE). O custo da operação considerou uma remuneração justa e ética por tonelada processada pelo trabalho da Cooperativa.

Os desafios da operação

 A geografia complexa na região, formada por dunas de areia que cercam a Vila de Jericoacoara, torna a reciclagem de garrafas de vidro muito desafiadora. Escoar o vidro de Jeri para reciclagem é uma tarefa que exige uma infraestrutura logística bem estruturada, além da proximidade da indústria recicladora ao local. 

Portanto, para que a operação se torne economicamente viável, é necessário carregar a maior quantidade possível de vidro em cada caminhão, pois a indústria recicladora mais próxima está a mais de 1000 km de distância, no Recife (PE). 

Tudo isso tem feito da destinação ambientalmente adequada do vidro descartado em Jeri um desafio que exige uma visão integrada e colaborativa entre o ecossistema envolvido.

“O vidro é um material permanente, inerte e infinitamente reciclável. A principal barreira para que continue sua jornada circular na cadeia é conseguir com que ele chegue em boas condições até nossas fábricas. Através da responsabilidade compartilhada e união de esforços entre diferentes atores, estamos comprometidos em buscar soluções para tornar possível e viável que o vidro consumido em destinos paradisíacos e com longas distâncias de fábricas não acabe seu ciclo de vida de forma precoce, e possa se tornar uma nova garrafa, diminuindo a necessidade de extração de matéria-prima virgem”, comenta Alexandre Macário, gerente de economia circular da Owens-Illinois. 

Agora, os esforços do Grupo HEINEKEN, Recicleiros e O-I estão voltados para o estabelecimento de uma solução para que o retorno desse material para a cadeia produtiva seja feito de maneira permanente e definitiva. A expectativa é que sejam realizados investimentos em infraestrutura e processos otimizados, além da garantia de compra do vidro para que seja transformado em novas embalagens e garanta assim a economia circular do material com  impacto social.

“Essa estruturação trará eficiência operacional e redução de custo na logística da recuperação do vidro na vila”, comenta Erich Burger, fundador e diretor institucional de Recicleiros.

Jeri e o Programa Recicleiros Cidades

A Vila de Jericoacoara foi o território piloto do Programa Recicleiros Cidades, iniciativa estruturante em coleta seletiva e reciclagem inclusiva, focada na geração de adicionalidade nos municípios brasileiros e viabilizada pelo conceito de Massa Futura – posteriormente regulamentado pelo decreto federal 11.413/23.

“Estamos gratos a equipe inteira envolvida junto à Cooperativa. Geramos hoje em torno de 75 toneladas/mês de vidro e ele se acumula muito rápido. A retirada constante desse material é de extrema importância para a preservação de Jeri e para a renda dos cooperados”, enfatiza Edicarlos Araújo, presidente da Cooperativa de Catadores de Jericoacoara.

Atualmente, o município conta com uma Lei Municipal de Coleta Seletiva, um sistema de cadastramento e fiscalização de grandes geradores e uma unidade de triagem equipada, com processos produtivos definidos e catadores treinados para operação e gestão.