Recicla+Pernambuco: quatro municípios avançam para a implementação de sistemas completos de coleta seletiva e reciclagem inclusiva

Depois de seis meses de preparação intensa, trocas técnicas, mentorias e qualificação dos gestores públicos, o programa Recicla+Pernambuco chega a um marco decisivo: a seleção dos quatro municípios que receberão os investimentos necessários para implantar, de forma estruturada e inclusiva, a coleta seletiva em seus territórios. Bezerros, Camaragibe, Pesqueira e Salgueiro foram os selecionados pelo Governo de Pernambuco, após todo o processo conduzido pelo Instituto Recicleiros.

A decisão representa mais do que a escolha de municípios: simboliza o início de um novo ciclo de gestão de resíduos no estado, com foco em inclusão socioprodutiva, eficiência, sustentabilidade e profissionalização por uma cadeia ética da reciclagem.

O Recicla+Pernambuco representa um avanço expressivo para a reciclagem no estado. Os sistemas implantados terão potencial para processar até 10.000 toneladas de materiais recicláveis por ano, devolvendo esse volume ao ciclo produtivo. Os quatro novos empreendimentos também poderão gerar até 200 postos de trabalho, com abertura inicial estimada em cerca de 80 vagas, acompanhadas de qualificação para todos os envolvidos. A coleta seletiva também passará a atender mais de 310 mil pessoas, considerando a população urbana dos quatro municípios, ampliando o alcance da política pública. Esses resultados reforçam os efeitos concretos do programa no cotidiano dos municípios.

Como foi o percurso até aqui

A jornada começou ainda em março, com o processo de inscrição dos municípios interessados em participar do Recicla+Pernambuco. Após essa etapa inicial, os gestores selecionados participaram de oficinas presenciais e, na sequência, passaram a acessar a plataforma da Academia Recicleiros do Gestor Público (ARGP), onde concluíram trilhas formativas e participaram de mentorias técnicas ao vivo.

O processo de habilitação dos municípios, iniciado em julho, foi altamente produtivo. Ao longo desse período, foram oferecidas consultorias intensivas aos 18 municípios e ao consórcio classificados, com o objetivo de apoiar o cumprimento dos requisitos essenciais para a sedimentação da política pública. Em menos de quatro meses, a equipe realizou mais de 30 reuniões, entre virtuais e presenciais, avaliou 440 documentos e emitiu 60 relatórios orientativos.

Os resultados obtidos são expressivos, confira abaixo:

A fase de habilitação foi conduzida pelo Comitê de Seleção, com o apoio do técnico do Instituto Recicleiros, que também será responsável pela implementação dos sistemas nos municípios. Com a escolha oficializada, os quatro municípios passam agora para a fase de celebração da parceria. Após essa etapa, receberão investimentos para a estruturação completa da coleta seletiva, incluindo a aquisição de máquinas e equipamentos para Unidades de Processamento de Materiais Recicláveis (UPMRs), ações de mobilização social, assessoria técnica especializada e formação profissional de catadores. O suporte técnico se estenderá por até cinco anos, para assegurar estabilidade e amadurecimento da política pública.  

“Estamos celebrando muito este momento e o empenho de todos os municípios que participaram do processo. Aos que não avançaram, fica um legado importante para o desenvolvimento de suas cidades. Para os quatro selecionados, inicia-se agora a etapa de celebração de parcerias para que seja possível a implementação dos ecossistemas, momento que exigirá ainda mais comprometimento das prefeituras para transformar todo o trabalho dos últimos meses em benefícios concretos para a sociedade”, afirma Erich Burger, diretor institucional do Instituto Recicleiros.

Investimentos e impactos esperados

O Recicla+Pernambuco adota o conceito de blended finance, combinando financiamento público e recursos privados complementares. São aproximadamente R$21 milhões investidos pelo Governo de Pernambuco, somados a cerca de R$9 milhões a serem captados pelo Instituto Recicleiros junto a fontes como logística reversa, Lei de Incentivo à Reciclagem e fundos não reembolsáveis. A SIG Group, tradicional fabricante de embalagens, é uma das empresas investidoras que apoiam a iniciativa a partir da Academia Recicleiros Gestor Público.

“O Recicla+Pernambuco é um exemplo concreto da união entre governo, sociedade civil e empresas para a construção de uma cadeia ética de reciclagem. A SIG tem um imenso prazer em trabalhar com estes parceiros para impactar na construção de políticas públicas de promoção da reciclagem e garantia da inclusão socioeconômica de catadores e catadoras.” comenta Isabela De Marchi, Gerente de Sustentabilidade da SIG Brasil.

Esses recursos viabilizarão reformas de galpões, aquisição de máquinas e equipamentos, estruturação completa das UPMRs, campanhas de comunicação para mobilizar a população, assessoria técnica intensiva, formação socioprodutiva das cooperativas e até cinco anos de acompanhamento técnico aos municípios.

O modelo adotado segue a experiência consolidada do Instituto Recicleiros, que há 18 anos atua em soluções sustentáveis para a gestão de resíduos sólidos e que hoje incuba 15 sistemas municipais de coleta seletiva em diversos estados brasileiros. O Programa Recicleiros Cidades, base metodológica do Recicla+Pernambuco, promove a reciclagem inclusiva com tecnologia, gestão profissional, participação comunitária e geração de trabalho e renda para pessoas em situação de vulnerabilidade.

O Recicla+Pernambuco está pronto para receber empresas que queiram investir em transformação de verdade que muda o território, valoriza as pessoas e fortalece a economia circular no estado. 

Se a sua empresa quer fazer parte de algo maior, este é o momento, somar com o Recicla+Pernambuco é escolher construir um futuro mais digno e mais sustentável para todos. Acesse:

https://conteudos.recicleiros.org.br/investimento-recicla-pernambuco 

Tecnologia social que transforma cidades

O projeto não se resume à montagem de centrais modernas. Ele envolve também ações educativas, campanhas comunitárias, formação continuada para catadores e um esforço contínuo de integração entre prefeituras, cooperativas, empresas e cidadãos. A premissa é simples e potente: só existe coleta seletiva de verdade quando todos participam – da gestão pública à população.

O Recicla+Pernambuco inaugura um modelo estruturado e inclusivo de gestão de resíduos sólidos no estado. Ao combinar investimento público robusto, qualificação técnica e inclusão socioprodutiva de catadores, o projeto estabelece as bases de uma política pública efetiva, que beneficiará milhares de pessoas.

As unidades estruturadas dentro do programa tornam a reciclagem mais eficiente, mais segura e economicamente viável. São espaços pensados para garantir dignidade, capacitação e perspectivas reais de futuro para catadores e catadoras, que passam a integrar um sistema organizado e profissionalizado.

O que dizem os municípios

A etapa de qualificação deixou marcas importantes nos territórios. 

“Além do ganho em conhecimentos e experiências dos Recicleiros, o município avançou na questão seletiva de recicláveis, até então somente pensada de forma indiferenciada, atualizou sua legislação e certidões necessárias para realizar parcerias futuras. Ampliou a interação entre secretarias e órgãos municipais afins.”
Maria do Socorro, Secretária Adjunta de Buíque/PE.

Reunião Presencial em Bezerros/PE

“Incrível a atuação do Instituto Recicleiros, abriu um novo caminho para a coleta seletiva municipal e quero agradecer ao governo do estado de Pernambuco, que acredita nessa transformação. Onde os resíduos sólidos são oportunidade de melhoria socioeconômica e não só uma problemática dos municípios.”
Marco Aurélio Ribeiro, Diretor de Meio Ambiente de Bezerros/PE.

Os depoimentos reforçam o quanto o processo vai além da formação técnica: ele mobiliza equipes, atualiza legislações, fortalece parcerias e abre novas perspectivas para o futuro da gestão de resíduos.

Sobre o Instituto Recicleiros

O Instituto Recicleiros é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) com 18 anos de atuação voltada à recuperação de embalagens pós-consumo, inclusão socioprodutiva de catadores e fortalecimento de políticas públicas de gestão de resíduos no Brasil. Por meio do Programa Recicleiros Cidades, apoia municípios na implantação de modelos economicamente viáveis, eficientes e sustentáveis de coleta seletiva.

A Academia Recicleiros do Gestor Público (ARGP) complementa essa atuação, oferecendo formação contínua e ferramentas para que gestores planejem, implementem e consolidem políticas de reciclagem inclusiva em seus territórios.

Por que a reciclagem não tira férias, e nem deveria?

Reciclar vai muito além do ato de separar o lixo seco do orgânico. É, antes de tudo, um gesto de pertencimento. Um passo em direção à cidade que a gente quer habitar e reconhecer que somos agentes ativos nela.

Na raiz da transformação que a reciclagem pode gerar, estão as pessoas. E é por isso que toda campanha que se propõe a incentivar esse movimento precisa valorizar quem está no centro dele: as catadoras e os catadores, os estudantes, os professores, as famílias, as comunidades e todo esse ecossistema que é uma cidade.

Foi com esse espírito que nasceu a campanha “A Reciclagem Não Tira Férias”, integrada ao projeto “Reciclando o Futuro”, que percorreu escolas, ruas e cooperativas nas diferentes cidades brasileiras em que atuamos. Um trabalho que floresceu a partir da educação ambiental, da mobilização social e da confiança de que é possível aprender e ensinar com o cotidiano, com o que se toca, se transforma e se devolve à natureza com respeito.

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75,4 toneladas de transformação

Durante os meses de dezembro de 2024 a março de 2025, a campanha arrecadou 75,4 toneladas de materiais recicláveis em nove cidades: Cajazeiras, Caldas Novas, Garça, Guaxupé, Maracaju, Naviraí, São José do Rio Pardo, Serra Talhada e Três Rios. Cada uma dessas praças, com suas realidades, desafios e potências, adaptou o calendário à sua maneira, o que ampliou o engajamento e a participação local.

Maracaju liderou a arrecadação com 15 toneladas, seguida por Cajazeiras (12 t) e por Guaxupé, Naviraí e Três Rios, com 11 toneladas cada. Mesmo em praças com menor volume, como São José do Rio Pardo, o impacto ainda assim é profundo, porque cada quilo coletado carrega histórias, escolhas e novas possibilidades para os resíduos e para as pessoas envolvidas.

Educação ambiental que atravessa o ano letivo

Ao longo do ano, o projeto Reciclando o Futuro segue por uma trilha de aprendizagem nas escolas que leva, justamente, à campanha de férias. É como se fosse uma colheita pedagógica: os estudantes colocam em prática aquilo que aprenderam, levando para casa, para os vizinhos, para os pais e responsáveis, a responsabilidade compartilhada de cuidar do que descartamos.

Nesse processo, as crianças se tornam multiplicadoras. Os resíduos ganham valor. E as escolas deixam de ser apenas prédios, passam a ser florestas de ideias, cidadania e transformação.

Catadoras e catadores como os principais tecelões dessa rede

Outro aspecto essencial da campanha é o reconhecimento das cooperativas e dos profissionais da reciclagem. Quando valorizamos esse trabalho, combatemos estigmas, fortalecemos economias locais e damos visibilidade a quem sustenta, com as próprias mãos, um novo começo.

Em cada cidade, o envolvimento das cooperativas foi decisivo. Algumas receberam os materiais diretamente das escolas; outras participaram de formações e rodas de conversa, criando pontes com a comunidade e ampliando os vínculos com o território.

Quando o pertencimento vira política pública

Mais do que uma ação pontual, a campanha se consolida como parte de uma estratégia maior de educação ambiental. Uma política viva, que reconhece a potência das conexões e o poder da prática educativa para inspirar novos hábitos (e novos mundos).

Porque reciclar também é um gesto político. É dizer que o futuro começa agora, na escolha de onde e como colocamos nossos resíduos. E que cada pessoa, ao participar, reafirma o desejo de viver numa cidade mais habitável, mais justa e mais solidária.

A Reciclagem Não Tira Férias. E a vontade de transformar também não.

 

 

 

Como a reciclagem pode colaborar no combate às mudanças climáticas?

A reciclagem é mais do que apenas um simples ato de separar e destinar resíduos. É um processo de transformação, onde o que se achava que não tinha valor vira algo novo, como uma metáfora para o próprio futuro que queremos para o nosso planeta. À medida que enfrentamos as mudanças climáticas, ela se torna um caminho fundamental para garantir o bem-estar ambiental e social, transformando o ciclo da produção e do consumo em algo equilibrado em todos os sentidos.

Realidade das mudanças climáticas: causas e consequências

As mudanças climáticas representam um dos maiores desafios globais do século XXI. Fenômenos como o aumento das temperaturas médias globais, a frequência crescente de eventos climáticos extremos e a perda irreversível da biodiversidade são consequências de como lidamos coletivamente com a natureza. Grande parte dessa degradação ambiental é impulsionada pela crescente demanda por recursos naturais e pela produção excessiva e descarte inadequado de resíduos sólidos.

No Brasil, aproximadamente 4% das emissões de gases de efeito estufa (GEE) provêm do setor de resíduos sólidos, 64,1% desse total resulta da destinação inadequada de resíduos em lixões, aterros controlados e aterros sanitários, e esse número pode aumentar se não adotarmos práticas de gestão integrada.

Logo, a reciclagem se torna uma estratégia central para mitigação das consequências das mudanças climáticas.

A economia circular 

No Brasil, apenas 4% dos resíduos sólidos são reciclados, segundo dados da Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (ABREMA). Há muito o que se fazer para aumentar essa taxa, dentre as estratégias, podemos aprimorar processos de reciclagem a partir da economia circular, onde os produtos não seguem um ciclo linear de produção-consumo-descarte, mas são constantemente reintegrados no ciclo. Ou seja, em vez de extrair recursos da Terra, se reaproveita os materiais que já foram anteriormente produzidos, isso preserva os ecossistemas naturais e reduz a pressão sobre o que tiramos da natureza, que são recursos finitos.

A reciclagem de plástico, vidro, papel, metal e óleo de cozinha reduz o volume de resíduos nos aterros sanitários e no meio ambiente, evitando a liberação de metano — um gás de efeito estufa com um impacto 82,5 vezes maior que o dióxido de carbono (CO2) ao longo dos próximos 20 anos.

Porém, para que as cadeias de reciclagem sejam capazes de conduzir alguma mudança nesse cenário, é urgente que aconteça a integração dos setores e seus atores e se crie uma cultura de responsabilidade compartilhada.

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A urgência da ação coletiva

Embora as vantagens da reciclagem sejam visíveis, a transição para um sistema de gestão de resíduos sustentável depende do esforço coletivo. É central que governos, indústrias e cidadãos desempenhem seu papel da melhor forma possível.

Governos precisam pensar em políticas públicas que incentivem a reciclagem em larga escala, oferecendo incentivos para as organizações, além de investir em infraestrutura de coleta e processamento de materiais recicláveis. As indústrias, por sua vez, podem adotar a economia circular como modelo de negócios, integrando a reciclagem como uma prática intrínseca em seus processos produtivos. E, por último, os cidadãos precisam compreender as questões de reciclagem como um direito e um dever, compreendendo a importância da separação adequada dos resíduos e se comprometendo com o consumo responsável, tudo isso com possibilidade de acesso à informação e fortalecimento comunitário.

O Instituto Recicleiros é uma das organizações comprometidas com essa pauta, atuando como um agente integrador entre prefeituras, empresas, catadoras e catadores. Por meio de sua atuação, o Instituto capacita gestores públicos municipais para implementar políticas públicas voltadas à coleta seletiva e à reciclagem, enquanto apoia processos de incubação de cooperativas de reciclagem, colaborando para que se tornem empreendedores coletivos organizados. Além disso, busca mobilizar a população através de ações de educação socioambiental para que a cadeia da reciclagem entre em circularidade onde todos os atores são engajados.

Ainda há chances

O poder de transformação está em nossas mãos, e com cada gesto, estamos não só protegendo o ambiente, mas também construindo um futuro onde o respeito à natureza é a base para uma convivência harmônica com nosso planeta.

O futuro está sendo moldado hoje. Reciclar é acreditar que um mundo com justiça socioambiental é possível e que as mudanças climáticas não são um destino, mas uma chance para nos reinventarmos.

Fontes:

Global Alliance for Incinerator Alternatives. RESÍDUO ZERO PARA ZERO EMISSÕES: A REDUÇÃO DE RESÍDUOS COMO A VIRADA DE JOGO CLIMÁTICA. out. 2022. Disponível em: <https://polis.org.br/wp-content/uploads/2023/05/completo-ZWZE-paginaunica.pdf>

Como Guaxupé (MG) está desbravando a economia circular, a partir de uma parceria entre Delterra e Recicleiros

Delterra e Recicleiros estão colaborando para implementar abordagens inovadoras no Brasil, trazendo melhorias significativas na participação da reciclagem e nas taxas de recuperação de materiais. Essa parceria público-privada na cidade de Guaxupé (MG), exemplifica como cidades do Sul Global podem desenvolver sistemas sustentáveis de gestão de resíduos.

Guaxupé, cidade brasileira reconhecida por sua produção de café de alta qualidade, vem ganhando destaque nos últimos anos pelos avanços na gestão de resíduos sólidos e nas práticas de economia circular. Recentemente, um projeto colaborativo entre Delterra e Recicleiros tem evidenciado a transformação dos hábitos de reciclagem da comunidade local.

Uma parceria estratégica para um impacto sustentável

O Instituto Recicleiros, uma organização da sociedade civil de destaque no setor de reciclagem no Brasil, traz anos de experiência e um profundo entendimento dos contextos locais para uma parceria transformadora. Reconhecida por seu compromisso com a sustentabilidade socioambiental, Recicleiros tem sido fundamental no fomento ao engajamento comunitário e no apoio a redes de cooperativas em diferentes partes do Brasil, incluindo Guaxupé (MG). O conhecimento e a conexão com a realidade local fortalece o projeto com estratégias sob medida e uma abordagem de confiança.

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A Delterra é uma organização global sem fins lucrativos que trabalha para reduzir resíduos e maximizar o reaproveitamento de materiais, incluindo plásticos e orgânicos. Seus programas abrangem toda a cadeia de valor, colaborando com cidades para construir sistemas de gestão de resíduos e reciclagem que aumentem a qualidade e a quantidade de materiais recuperados e com empresas para desenvolver mercados, ampliar a capacidade de processamento e a demanda, além de tornar as cadeias de valor mais eficientes, transparentes e éticas. Por meio dessa colaboração, a Delterra adaptou seu modelo comprovado de mudança de comportamento — desenvolvido na Argentina e na Indonésia — ao contexto cultural e social único do Brasil.

Juntas, Delterra e Recicleiros, com o apoio da Alliance to End Plastic Waste, estão criando sistemas de reciclagem sustentáveis com foco nas especificidades locais, garantindo um impacto positivo de longo prazo.

Unidade de Processamento de Materiais Recicláveis da cooperativa Recicla Guaxupé.
Imagem: Unidade de Processamento de Materiais Recicláveis da cooperativa Recicla Guaxupé.

Compreender os motivadores culturais para a mudança

O projeto foi lançado com uma fase intensiva de pesquisa envolvendo a comunidade. Residentes, tanto recicladores quanto não recicladores, foram entrevistados individualmente ou em grupos focais, com o objetivo principal de entender os fatores culturais que influenciam o comportamento de reciclagem em Guaxupé. As descobertas ressaltaram a importância de enquadrar a reciclagem como um dever cívico coletivo, além de destacar o aspecto social do serviço — que não apenas beneficia o meio ambiente, mas também apoia os trabalhadores da cooperativa de reciclagem Recicla Guaxupé. Isso levou ao lançamento do programa Separa+, que enfatiza a ideia de que os esforços de cada indivíduo contribuem para uma comunidade mais saudável.

Motivadores culturais para mudança de comportamento em Guaxupé.
Imagem: Motivadores culturais para mudança de comportamento em Guaxupé.

Construir um modelo de sucesso

Após socializar os insights exclusivos destacados pela pesquisa com a população local, Delterra e Recicleiros rapidamente desenvolveram um plano de mudança de comportamento visando expandir a iniciativa para toda a cidade em um ano, começando com um piloto para testar a abordagem. O governo local também foi envolvido no desenvolvimento dessas estratégias, o que aumentou a viabilidade técnica do projeto. Esse processo de cocriação garantiu que todas as intervenções fossem relevantes para a comunidade. Na prática, a abordagem para gerar engajamento e participação combinou interações porta a porta, comunicação digital e em massa, além de um chatbot para guiar os moradores no processo de reciclagem.

Equipes da cooperativa Recicla Guaxupé, Prefeitura, Delterra e Recicleiros trabalhando no plano.
Imagem: Equipes da cooperativa Recicla Guaxupé, Prefeitura, Delterra e Recicleiros trabalhando no plano.

Fortalecer agentes locais de mudança

Um diferencial importante do projeto foi sua integração com a campanha de prevenção à dengue de Guaxupé. Ao trabalhar com agentes de saúde que já realizam visitas regulares às residências como parte de suas funções, foi possível vincular a reciclagem à saúde pública, incentivando ainda mais a participação da comunidade. Isso foi viabilizado pelas altas taxas de receptividade nas visitas e pelas relações de confiança que esses agentes já haviam estabelecido com os moradores atendidos.

Ao mesmo tempo, a cooperativa local, Recicla Guaxupé, continuou seus esforços educativos em residências e comércios, como vinha fazendo consistentemente desde o início da coleta seletiva na cidade, em 2020.

Ao unir esses esforços distintos, essa parceria inovadora maximizou os recursos e criou uma mensagem unificada: a reciclagem proporciona benefícios ambientais e de saúde pública para toda a comunidade.

Membros da cooperativa Recicla Guaxupé—prontos para a ação. 
Imagem: Membros da cooperativa Recicla Guaxupé—prontos para a ação.

Resultados iniciais e impacto duradouro

A fase piloto, conduzida em um dos dez setores de coleta do município, apresentou resultados notáveis, destacando a eficácia da colaboração entre Delterra e Recicleiros. Durante um período de monitoramento de oito semanas no microterritório designado, foram observados os seguintes resultados:

  • A taxa de participação na área (medida pela quantidade de materiais coletados em relação ao potencial de geração de resíduos) alcançou um nível 3,5 vezes maior que no período anterior à ativação.
  • Houve um aumento de 33% no número de residências que passaram a separar materiais recicláveis para coleta nos pontos de descarte designados.

Embora esses resultados preliminares sejam muito positivos, tanto a Delterra quanto Recicleiros continuarão monitorando a participação ao longo do tempo para confirmar mudanças sistêmicas e duradouras. As conclusões finais serão apresentadas ainda em 2025.

Em parceria, Delterra e Recicleiros não apenas alcançaram melhorias nas taxas de reciclagem em curto prazo, mas também seguem desenvolvendo modelos para assegurar que essas transformações sejam profundas e duradouras. Aproveitando as vantagens de cada organização, essa parceria está criando um modelo replicável em outras comunidades pelo Brasil para alcançar o sucesso na reciclagem de resíduos.

Sobre Delterra e Recicleiros

O Instituto Recicleiros é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos fundada em 2006, que atua como um facilitador-chave entre administradores públicos, empresas, catadores de resíduos e a sociedade na abordagem de questões socioambientais. Entre suas iniciativas, Recicleiros foca na criação e incubação de cooperativas – abrangendo operações, administração e gestão – com o objetivo de capacitar catadores a se tornarem empreendedores coletivos qualificados organizados em cooperativas, promovendo o desenvolvimento sustentável de seus negócios. Atualmente, por meio do Programa Recicleiros Cidades, o instituto atua em 14 municípios em todas as cinco regiões do Brasil.

A Delterra é uma organização ambiental global sem fins lucrativos que projeta e desenvolve soluções inovadoras e escaláveis para enfrentar os desafios ambientais mais complexos do mundo – em campo e em larga escala. A Delterra trabalha com cidades, comunidades e o setor privado no Brasil, Argentina e Indonésia para transformar sistemas de reciclagem e gestão de resíduos, melhorando de forma eficaz os resultados ambientais e impulsionando a circularidade, ao mesmo tempo que beneficia a saúde, os meios de subsistência e a economia.

Instituto Recicleiros no Jornal Nacional: Piracaia como exemplo da mudança que queremos

Você já parou para pensar na quantidade de lixo que descartamos diariamente? Será que tudo o que vai para a lixeira deveria realmente estar ali? Um dado alarmante do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima revela que o Brasil desperdiça impressionantes R$ 38 bilhões por ano enterrando ou destinando a lixões materiais recicláveis e orgânicos que poderiam retornar à economia gerando emprego e renda para diversas famílias. 

Além disso, os municípios investem R$ 30 bilhões anualmente em coleta e destinação de resíduos, mas apenas 30% das cidades possuem programas de coleta seletiva.

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Com a aproximação da COP 30, a Conferência do Clima da ONU que será realizada em Belém, o tema da reciclagem ganha ainda mais relevância. Em sintonia com esse debate global, o Jornal Nacional lançou, no dia 6 de janeiro, uma série especial de quatro reportagens, comandada pelo jornalista André Trigueiro, para sensibilizar a população sobre o papel crucial da reciclagem na preservação ambiental e no combate às mudanças climáticas.

Piracaia: referência em reciclagem e inclusão socioambiental

Neste cenário, o Instituto Recicleiros teve seu trabalho em Piracaia (SP) destacado logo no primeiro episódio da série especial apresentada por Trigueiro. Há três anos, o município iniciou seus primeiros passos na separação de resíduos por meio de uma ação colaborativa promovida pelo Programa Recicleiros Cidades, que une empresas, poder público e sociedade para transformar a realidade socioambiental do município. Hoje, Piracaia é referência de como a reciclagem pode gerar resultados concretos, beneficiar a comunidade e promover mudanças duradouras. Essa trajetória reflete claramente o impacto positivo que podemos gerar juntos.

A reportagem mostrou como a coleta seletiva mudou a rotina de Piracaia. Agora, o resíduo reciclável é separado e reaproveitado, gerando renda e dignidade para as famílias que trabalham na cooperativa Recicla Piracaia. Assim, as catadoras e  os catadores passaram a contar com melhores condições de trabalho, e o impacto na renda das famílias se transformou.

Educação ambiental: mudando a cultura da população

Mas a mudança não aconteceu apenas na cooperativa. A população de Piracaia também abraçou a ideia. Com campanhas de educação ambiental e muita conversa, os moradores passaram a separar o lixo seco — plástico, vidro, papel, metal e óleo de cozinha — e a entender que pequenas mudanças de hábito fazem uma enorme diferença.  

O destaque no Jornal Nacional foi um marco para o Instituto Recicleiros. Mais do que uma história de sucesso, a experiência de Piracaia mostra que a reciclagem pode mudar vidas e realidades. Em um país que ainda enterra bilhões de reais em materiais recicláveis, iniciativas como essa provam que é possível virar o jogo.  

A série especial do Jornal Nacional é um convite para refletirmos sobre o impacto do desperdício e a importância de adotarmos hábitos mais conscientes. Reciclar é mais do que uma prática ambiental; é um passo essencial para construir um futuro sustentável, justo e equitativo. Que tal começar hoje?

Para assistir os episódios, acesse:

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Florianópolis é a única cidade lixo zero do Brasil

Se a sua empresa quer fazer parte dessa mudança socioambiental, vem falar com a gente. Se o seu município quer implementar um sistema de coleta seletiva e reciclagem, vem falar com a gente também.