Saiba como a Academia Recicleiros do Catador faz a incubação em uma UPMR

Como funciona o processo de criação, incubação e emancipação das cooperativas nas cidades, a partir da atuação da Academia Recicleiros do Catador na UPMR? Esse foi o tema da 8ª Mentoria Técnica com especialistas Recicleiros junto aos gestores públicos dos municípios que concorrem a uma vaga para o Programa Recicleiros Cidades.

O convidado da Mentoria com o tema “Organização dos Catadores: Incubação” foi Lusimar Guimarães, gestor da Academia Recicleiros do Catador, que tem como premissa trabalhar fomentando o empreendedorismo, a inclusão e a mobilidade social das catadoras e catadores brasileiros.

É bom frisar: a Academia Recicleiros do Catador é uma escola de educação corporativa, com foco no desenvolvimento técnico e humano de catadores de materiais recicláveis reunidos em cooperativas. Sua atuação engloba diretamente a Unidade de Processamento de Materiais Recicláveis (UPMR) do município que integra o maior e mais completo programa estruturante de coleta seletiva e reciclagem do Brasil.

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A incubação dentro da UPMR é um projeto de longo prazo, em torno de 60 meses, que dá suporte para o grupo de cooperados operar, administrar e governar a cooperativa. “A Academia tem por missão preparar as pessoas para esses três pontos essenciais, até porque em dado momento esse empreendimento social vai andar sozinho fazendo parte da política pública local”, explica Lusimar.

Os três pilares da incubação

Infraestrutura, Capacitação e Emancipação. Esses são os três pilares da incubação promovida pela Academia do Catador junto às cooperativas que fazem parte do Programa Recicleiros Cidades.

Dentro de Infraestrutura, estão contemplados seis itens: galpão, equipamentos, comunicação, coleta seletiva, orçamento e administrativo.

Já com relação à capacitação, os pontos tratados são: competências gerais, cooperativismo, operacional, administrativo, liderança e empreendedorismo.

Por fim, sobre a emancipação, a incubação envolve a certificação, a política pública e os ativos da cooperativa.

Programa de Desenvolvimento Socioprofissional Recicleiros

Para estruturar todas as ações, a Academia Recicleiros do Catador criou um programa completo de formação estruturado em 5 módulos, são eles:

  • Cooperativismo
  • Produtivo
  • Administrativo
  • Lideranças
  • Competências básicas e gerais para o trabalho

“A escola está dentro da planta, se aprende fazendo na própria UPMR. Tem desenvolvimento individual e tem também um plano coletivo para desenvolvimento do grupo”, acrescenta Lusimar.

Vale lembrar que a Academia Recicleiros do Gestor Público oferece as gravações das Mentorias Técnicas na íntegra dentro do blog de sua plataforma on-line, para todos agentes públicos brasileiros interessados, para ter acesso, basta se inscrever na página oficial a seguir, clique aqui > 

A 9ª Mentoria Técnica da Academia Recicleiros do Gestor Público terá como tema "Mobilização e Comunicação”.

Anuário da Reciclagem traz um raio-X do segmento no Brasil

O Anuário da Reciclagem, desenvolvido a partir da iniciativa do Instituto Pragma, é um material de referência no setor. Foi criado para evidenciar o potencial econômico, social e ambiental da reciclagem e, também, mostrar a importância de catadoras e catadores de recicláveis na promoção e viabilização da cadeia sustentável.

Temos orgulho de ter contribuído com dados estatísticos que compõem esse conteúdo tão rico e que nos ajuda a refletir e pensar nos próximos passos para criarmos um modelo sustentável que una os aspectos ambientais e sociais.

Destacamos aqui 8 pontos relevantes do Anuário, cuja última edição foi lançada em dezembro de 2022. Confira!

1. O perfil demográfico das catadoras e catadores no Brasil

De acordo com o Anuário da Reciclagem 2022, em média, são 32 catadoras e catadores de materiais recicláveis por cooperativa/associação, considerando uma amostragem de 306 organizações pesquisadas em todo o país, e um total de 9.854 profissionais. 

Olhando para as regiões, o Centro-Oeste conta com a maior média de profissionais por organização (50). Depois, aparecem Sudeste e Nordeste (31), Sul (29) e Norte (22).

Outro ponto interessante é a análise em números absolutos por região. A Sudeste apresenta o maior número de catadoras e catadores, com 3.977, cerca de 40% dos trabalhadores, seguida da Sul, com 1.964. Já o Norte tem o menor número entre as regiões do país (568), aproximadamente 6%.

Considerando os estados, São Paulo tem o maior número de trabalhadores: 2.854. Na sequência, vem o Distrito Federal (1.052). Na outra ponta, os estados da Paraíba e do Acre registraram o menor número de catadoras e catadores, com 23 e 22, respectivamente. 

Importante ressaltar que esse cenário de distribuição das catadoras e catadores pode estar relacionada a alguns fatores, como a presença de políticas públicas voltadas à coleta seletiva operacionalizada por organizações de catadores de materiais recicláveis, bem como incentivos públicos, além da presença de indústrias da reciclagem.

Recicleiros está presente hoje em todas as regiões do país. E o plano é, até 2027, marcar presença em 60 cidades, e alcançar mais de 3 mil postos de trabalho nas cooperativas.

2. A proporção de homens e mulheres dentro da reciclagem

As mulheres representam 56% do total de trabalhadores vinculados à reciclagem, versus 44% dos homens. A análise considera 306 organizações, num total de 9.854 catadores.

Em números absolutos, são 5.483 mulheres, enquanto 4.371 são homens, ou seja, uma diferença de 1.112 mulheres a mais nas atividades de coleta, triagem, enfardamento e comercialização de materiais recicláveis dentro do universo pesquisado.

Quando analisada a distribuição de mulheres e homens por região, a Sudeste é a que conta com a maior presença feminina: 60% ou 2.381 profissionais. Depois, aparecem as regiões Sul com 1.077 mulheres (55%); Centro-Oeste com 919 (53%), Norte com 291 (51%) e Nordeste com 815 (50,3%).

As mulheres, além de essenciais na cadeia da reciclagem, são protagonistas em diversos movimentos da categoria pelo país. 

3. Renda média de catadoras e catadores

A renda média mensal foi um dos pontos levantados no Anuário. De acordo com ele, a média nacional da renda desses profissionais da reciclagem é de R$ 1.478, ou seja, ligeiramente acima do salário mínimo atual, fixado em R$ 1.320.

Quando olhamos a renda média por região, Centro-Oeste, Sul e Sudeste registraram R$ 1.671, R$ 1.594 e R$ 1.574, respectivamente, acima da média nacional. As regiões Nordeste e Norte ficaram abaixo da média nacional e, também, inferior ao salário mínimo. A primeira registrou R$ 1.008, enquanto a segunda R$ 1.022.

O estudo também revela um crescimento expressivo da renda média mensal das catadoras e catadores entre os anos de 2019 e 2021. O valor, que era de R$ 1.072, passou para R$ 1.448 dois anos depois, uma elevação considerável de 35,1%. 

Destaque para as regiões Centro-Oeste e Sudeste, que cresceram acima da média nacional. Na Centro-Oeste, subiu de R$ 800 para R$ 1.671, aumento de 108,9%. Já a Sudeste passou de R$ 1.073 para 1.574, acréscimo de 46,7%. Vale mencionar que as outras regiões também cresceram, mas com índices um pouco menores.

Apesar das conquistas nos últimos anos em relação à remuneração, é bom ressaltar que ainda existem muitos avanços pela frente. Afinal, os valores ainda não são satisfatórios e, também, a informalidade é uma realidade nesse contexto. É comum se ver ambientes de trabalho precários, nos quais muitos trabalhadores seguem sem benefícios trabalhistas e direito à seguridade social, por exemplo. E isso precisa mudar.

Recicleiros defende uma remuneração justa a catadoras e catadores como elemento importante dentro da cadeia da reciclagem. Veja este texto publicado aqui no blog.

4. Preço médio dos materiais comercializados para reciclagem

O alumínio é disparado o item reciclável mais rentável na hora da venda, de acordo com o Anuário da Reciclagem 2022. O valor médio cobrado pelo item no Brasil é de R$ 4,77 o quilo. Quando feito o recorte por região, na Sudeste o alumínio é negociado por até R$ 5,94, enquanto no Nordeste, o valor fica em R$ 2,82.

Em seguida, aparece o plástico, negociado a R$ 1,73 o quilo na média nacional. Aqui, é bom lembrar, existem hoje diversos tipos de plásticos, como PEAD, PEBD, PP, PET e PS. Alguns bem mais valorizados pelo mercado do que outros, o que acaba desvalorizando a comercialização dos que possuem menor demanda.

O terceiro item é “outros metais” (sucatas), vendido, em média, a R$ 1,58. Já o papel é comercializado a R$ 0,81, em média. Por último na lista vem o vidro, cujo preço de negociação fica em apenas R$ 0,21. Sobre esse valor tão baixo envolvendo o vidro, vale uma ponderação.

Apesar de a reciclagem do vidro ser um dos processos de reciclagem menos complexos, o material ainda enfrenta o desafio da logística, por conta de seu peso e fragilidade. Atento a isso, Recicleiros tem desenvolvido projetos em conjunto com o setor empresarial para a real evolução da cadeia de reciclagem de vidro. O objetivo é garantir que este material aumente o percentual de reciclabilidade, ao mesmo tempo que garanta uma remuneração justa às cooperativas e, por consequência, aos cooperados.

Quando analisamos a representatividade por material coletado dentro das cooperativas, o papel é o item que tem maior participação, com 46% do total recolhido. Na sequência, vem o plástico, com 22%. 

Os metais representam 16% de toda a quantidade de recicláveis coletada pelas cooperativas brasileiras, sendo apenas 2% de alumínio, o item mais rentável. Importante destacar que este baixíssimo percentual de alumínio que chega às cooperativas acontece, em geral, pela coleta de catadores avulsos nas ruas e estabelecimentos em geral, situação esta onde comumente o catador ou a catadora estão em situação de alta vulnerabilidade social. Os vidros, por sua vez, correspondem a 16%.

Os dados foram obtidos a partir das informações disponibilizadas por 646 organizações de catadores, que correspondem a uma amostragem de 32% do Banco de Dados do Anuário.

Embora as iniciativas para transformar este cenário sejam muitas, o caminho ainda é longo. Recicleiros acredita que uma cadeia sustentável de reciclagem passa necessariamente pelo pagamento de um preço justo dos materiais recicláveis. 

Só assim será possível promover impacto profundo do ponto de vista ambiental e social, e que seja perene para benefício de toda a sociedade.

5. Coleta Seletiva nos municípios

As 1.996 organizações que compõem o Banco de Dados do Anuário da Reciclagem 2022 estão sediadas em 1.032 municípios espalhados por todo o país. 

A partir daí, foram consultados os dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) sobre a gestão de resíduos sólidos no Brasil. O resultado? Constatou-se que 692 municípios possuem coleta seletiva, o que corresponde a 67% do total de municípios mapeados pela pesquisa. A margem de erro é de 5%. Vale ressaltar que os 1.032 municípios correspondem a 18,5% do total de municípios no Brasil. 

Ao fazer o recorte por regiões, a Sudeste é a que concentra o maior número de municípios com coleta seletiva em operação: 48,5%. A Sul aparece em segundo lugar com 29,6%, seguida pela região Nordeste com 11,1%. 

Em quarto lugar, vem a Centro-Oeste com 7,3% e, fechando a lista, a Norte, com 3,3%.

Dentro do universo pesquisado, o Estado de São Paulo figura com o maior número de cidades com coleta seletiva: 185. O Paraná vem em segundo com 125, e Minas Gerais fecha o top-3 com 100 municípios.

É importante destacar que em diversos municípios brasileiros a coleta seletiva ainda é incipiente e/ou ineficiente, sendo ao mesmo tempo que um grande obstáculo, tanto para a gestão de resíduos sólidos quanto para as cooperativas que têm seu trabalho e renda atrelado ao serviço, também uma grande oportunidade para que estes sistemas sejam otimizados. 

6. Impactos ambientais da atuação das organizações de catadores

Para além de uma atividade econômica importantíssima, a reciclagem tem um papel essencial na preservação do planeta. Por exemplo, a partir da reciclagem, podemos reduzir as emissões de gases do efeito estufa na atmosfera.

Sem dúvida nenhuma, essa é uma das grandes motivações para implantar ou mesmo ampliar a coleta seletiva de resíduos, como fazemos, em parceria com as prefeituras, por meio do Programa Recicleiros Cidades. 

Essa diminuição de emissões de CO2 a partir da reciclagem acontece de forma direta e indireta. O efeito direto se aplica na redução da geração de gases naturalmente emitidos durante o processo de decomposição dos materiais nos locais de descarte. Já o efeito indireto diz respeito à redução da produção de materiais virgens.

De acordo com o Anuário da Reciclagem 2022, foram coletadas pelas organizações de catadores que compõem o banco de dados da pesquisa, 421,7 mil toneladas de materiais. Esse volume está associado com o potencial de redução de emissões de 282,4 mil toneladas de CO2, considerando a redução da produção de materiais virgens, além da diminuição do descarte de resíduos em aterros e lixões, e, por consequência, do gás metano emitido durante o processo de decomposição.

O material que mais contribui para a potencial redução de emissões, conforme dados do Anuário, é o metal, que soma 51%, em razão do alto nível energético envolvido na produção da matéria-prima virgem. Na sequência vem o plástico, que responde por aproximadamente 40% de todas as emissões evitadas.

Esse cenário deixa evidente a lógica da cadeia da sustentabilidade defendida por Recicleiros, que envolve impacto ambiental e social. Afinal, a atividade das catadoras e catadores, que são ponto-chave nesse sistema, tem um papel essencial na redução da emissão de gases do efeito estufa, aliada à preservação dos recursos naturais. 

7. Economia de matéria-prima virgem 

Entre os muitos benefícios da coleta seletiva e reciclagem, hoje vamos olhar para o impacto positivo do ponto de vista da economia da matéria prima virgem. Já imaginou quanto podemos poupar de matéria-prima ao reutilizar materiais?

Por exemplo, estudos indicam¹ que a reciclagem de uma tonelada de papel economiza, em média, o equivalente a 20 árvores, 3,51 mil kWh de energia, e 29.202 litros de água. Já uma tonelada de plástico reciclado economiza cerca de 0,5 toneladas de petróleo e 5,3 mil kWh de energia, enquanto uma tonelada de vidro economiza, em média, 1,2 toneladas de areia e 800 kW/h de energia elétrica.

A partir daí, o Anuário da Reciclagem 2022 calculou o potencial de preservação considerando as informações reportadas pelas organizações que constam neste Banco de Dados, que serve de base para o Anuário.

Vale ressaltar que os cálculos dizem respeito apenas à economia da matéria-prima que deixa de ser empregada na produção de um novo material, sem considerar os insumos aplicados na reciclagem dos materiais usados.

Portanto, levando-se em conta o volume de resíduos coletados para a reciclagem mapeadas no Banco de Dados do Anuário da Reciclagem 2022, a economia potencial de matéria-prima seria de:

  • 1.378,1 milhões de kWh de energia
  • 3,9 milhões de árvores
  • 5.706 milhões de litros de água
  • 46,6 mil toneladas de petróleo
  • 42,8 mil toneladas de bauxita, 
  • 57,7 mil toneladas de ferro-gusa 
  • 80,2 mil toneladas de areia

Os números são impressionantes!

Por aqui, temos orgulho de ser parte disso. Por meio do Programa Recicleiros Cidades, contribuímos de forma direta para dar vida à coleta seletiva e à reciclagem e, claro, para a economia de matéria prima gerada a partir do reaproveitamento de resíduos sólidos.

1.Hisatugo, Erika e Marçal Júnior, Oswaldo. Coleta seletiva e reciclagem como instrumentos para conservação ambiental: um estudo de caso em Uberlândia, Sociedade & Natureza, v. 19, n. 2, pp. 205-216. 2007.

8. Evolução da quantidade de resíduos sólidos destinados à reciclagem

Dentre tantas informações relevantes do segmento, a quarta edição do Anuário da Reciclagem mostra a evolução de alguns indicadores, como a quantidade de resíduos sólidos destinados à reciclagem. 

Neste caso, foi feita uma análise evolutiva da quantidade expandida, ou seja, quando a média obtida pelas organizações pesquisadas pelo Anuário é estendida às demais organizações da macrorregião.

Dito isso, o crescimento de resíduos sólidos destinados à reciclagem em todo o Brasil foi de 23%, saltando de 1057,5 mil toneladas em 2019 para 1304,5 mil toneladas em 2021.

Na análise por região, a Nordeste foi a que mais cresceu neste mesmo intervalo: 63%. Depois, aparecem Norte, com 36%, Sudeste (29%), Centro-Oeste (15%) e Sul (4%).

O dado, por um lado, é positivo porque sinaliza uma evolução da coleta seletiva e reciclagem nos últimos anos. Mas, sabemos que, mesmo se tratando de um crescimento na casa de dois dígitos, ainda há muito espaço para a reciclagem evoluir e se fortalecer no nosso país. 

É por isso que trabalhamos em diversas frentes, sempre em parceria com o poder público, iniciativa privada e sociedade civil para promover mudanças significativas do ponto de vista ambiental dentro da coleta seletiva e reciclagem.

Como se estabelecem as parcerias entre Recicleiros, municípios e ODCs?

Estabelecimento de Parcerias. Esse foi o tema da 7ª Mentoria Técnica promovida pela Academia Recicleiros do Gestor Público, voltada aos representantes dos municípios interessados em fazer parte do Programa Recicleiros Cidades.

O especialista convidado foi Bruno Ruiz Segantini, coordenador jurídico do Instituto Recicleiros, que falou sobre estabelecimento de parcerias envolvendo Recicleiros, Prefeitura e Organização da Sociedade Civil. 

Segantini fez uma rápida explanação abordando os principais aspectos das parcerias estabelecidas à luz da Lei n° 13.019/2014, que trata do Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil.

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“Como Organização da Sociedade Civil, temos um estatuto e uma regulamentação que está totalmente adaptada à lei  n° 13.019/2014, que passou a ser obrigatória para todos os municípios em 2016. Ela é a nossa prioridade para estabelecer as parcerias porque ela é uma legislação específica e também porque é uma legislação que se aplica a todas as nuances que estamos propondo”, explica Bruno Segantini.

Tal lei foi criada para estabelecer regras e diretrizes para contratação entre Administração Pública e as Organizações do Terceiro Setor. Sua vantagem? Contrato com possibilidade de maior duração, mínima de cinco e máxima de dez anos. “Isso nos remete à perenidade, para construir uma política pública sólida, que é importante para nós, de construir uma política de estado”, acrescenta Segantini. 

Tipos de parceria previstos na lei e conexão com a UPMR

O tipo de parceria que propomos pode ter duas roupagens: o Acordo de Cooperação, sem transferência de recursos. Ou o Termo de Colaboração: com transferência de recursos e obrigações recíprocas. Para a contratação do Programa Recicleiros Cidades, a primeira sugestão é utilizar o Termo de Colaboração, depois o Acordo de Cooperação.

Além dos conteúdos abordados, um ponto interessante da 7ª Mentoria foi a entrada ao vivo de Laura Dias, líder da Unidade de Processamento de Materiais Recicláveis (UPMR) de Três Rios (RJ), atualmente incubada por Recicleiros. Laura caminhou pela planta, mostrou o layout da unidade e um pouco do seu funcionamento e dinâmica.

Na sequência, Sidcley Esteves, presidente da cooperativa Recicla Três Rios, contou aos gestores públicos como tem sido a experiência de trabalhar na UPMR. 

“Mudou muita coisa. No lixão, trabalhava com recicláveis, mas em condições degradantes. Lá a gente não tinha essa estrutura de galpão para trabalhar e nos proteger do sol, da chuva. Estamos a cada dia aprendendo algo diferente. Um ponto importante é a segurança porque lá corríamos vários riscos, como fumaça tóxica, agulha, prego e outros obstáculos que nos impediam de trabalhar e ganhar nosso dinheiro honestamente. Aqui no galpão temos, por exemplo, segurança, por meio do Equipamento de Proteção Individual (EPI)”, revela Esteves.

A 8ª Mentoria Técnica da Academia Recicleiros do Gestor Público terá como tema "Organização de Catadores: Incubação”.

Conheça os detalhes do galpão ideal para instalar uma Unidade de Processamento de Materiais Recicláveis (UPMR)

Qual é a infraestrutura de galpão ideal para implantar um sistema de coleta seletiva e reciclagem eficiente dentro do Programa Recicleiros Cidades? Essa questão permeou a 6° Mentoria Técnica, promovida pela Academia Recicleiros do Gestor Público.

O sexto encontro dos dez previstos pela Academia abordou o tema “Infraestrutura: Galpão”. O especialista da vez foi Roberto Pimenta, engenheiro de infraestrutura e implantação do Instituto Recicleiros. Roberto é responsável pela reforma do galpão e instalação dos equipamentos, coordenando equipe de assessoria técnica especializada. 

A Mentoria, cujo objetivo é qualificar os municípios interessados em integrar o Programa Recicleiros Cidades, abordou as necessidades básicas em termos de edificação. Por exemplo, as formas para viabilizar a edificação, cessão e locação, os principais requisitos, entre outros assuntos relacionados ao tema em questão.

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“O galpão, é bom enfatizar, é indispensável porque ele é a base física que vai servir para a nossa instalação”, disse Roberto. O galpão abriga a Unidade de Processamento de Material Reciclável (UPMR), projetada com padrão de engenharia industrial para layout produtivo, equipamentos, fluxos, metas, ergonomia e segurança no trabalho, atendendo legislação e normas técnicas aplicáveis.

O engenheiro acrescenta: “um ponto positivo é que nós já temos, hoje, 13 Unidades de Processamento de Materiais Recicláveis (UPMRs) em operação. Isso significa que temos uma experiência acumulada na área de reforma e escolha de equipamentos”.

Veja em detalhes os requisitos obrigatórios quando o assunto é galpão

  • Documentação regularizada.
  • Área construída de 1.000 metros quadrados (mínimo 700 metros quadrados).
  • Lote com área mínima de 1.500 metros quadrados.
  • Acesso adequado para caminhões.
  • Segurança estrutural.
  • Fornecimento de água e energia elétrica pelas Concessionárias locais. 

Na oportunidade, Roberto Pimenta também destacou alguns requisitos desejáveis para o galpão. Confira alguns destaques.

  • Geometria retangular, com um lado de, pelo menos, 35 metros, para o conjunto de esteiras.
  • Pé direito de 6 metros (mínimo 5 metros).
  • Piso nivelado e cimentado, se possível em padrão industrial.
  • Captação por calhas e destinação de água pluvial.
  • Boa ventilação. É padrão a instalação de exaustores eólicos para renovação do ar.
  • Iluminação adequada.
  • Área de Apoio constituída por refeitório, vestiários, sanitários e sala administrativa. Os cômodos não existentes serão construídos na reforma.

Academia Recicleiros do Catador investe na inclusão e capacitação de profissionais da coleta seletiva e reciclagem

Parte fundamental do Instituto Recicleiros, o programa, que conta com investimentos de empresas como Grupo HEINEKEN, Nestlé e SIG, visa empoderar catadores brasileiros, de forma individual e coletiva, para que possam empreender de forma sustentável

O Brasil gera 82 milhões de toneladas de resíduos sólidos por ano, dos quais apenas 3% são reciclados, de acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Hoje, estima-se que estejam em ação cerca de 800 mil catadores, segundo dados do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), que são protagonistas quando o assunto é reciclagem.

Porém, a grande maioria desses profissionais está em situação de vulnerabilidade, com remuneração baixa e atuação em ambientes precários, como ruas e lixões, além de condições muito vulneráveis pela falta de contratos que garantam estabilidade para o planejamento de seus empreendimentos.

Formar pessoas e promover a mobilidade social

É dentro deste contexto que nasceu a Academia Recicleiros do Catador, iniciativa essencial que integra as ações do Instituto Recicleiros. O objetivo da Academia do Catador é formar pessoas e promover a mobilidade social desses profissionais a partir do empreendedorismo.

Para tanto, envolve um processo de qualificação profunda e transversal, considerando todas as dimensões necessárias para que o negócio dos catadores possa ser bem sucedido. As trilhas de capacitação desenvolvem conhecimento operacional, de segurança, administrativo, liderança, cooperativismo, governança, relacionamento interpessoal, entre outros assuntos técnicos e comportamentais.

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“A Academia é a concretização de um sonho de constituir uma escola que não tratasse apenas de questões produtivas e administrativas, mas considerasse a dimensão humana, olhando para a origem e a história de vida dessas pessoas. É preciso saber lidar com questões relacionadas à violência doméstica, problemas com álcool, desgastes emocionais, situações de fome e depressão, que muitas vezes fazem parte da condição social dessas pessoas”, explica Lusimar Guimarães, gestor da Academia do Catador. “A reciclagem, para nós, só é sustentável se for inclusiva e emancipatória”, acrescenta.

Com uma jornada intensiva e de longo prazo, a Academia do Catador busca desenvolver condições ideais para que as pessoas mais vulneráveis, aquelas que dificilmente têm oportunidades formais de trabalho e buscam sua sobrevivência como catadores, possam atuar com profissionalismo e eficiência em suas cooperativas.

A metodologia de capacitação da Academia já vem sendo utilizada e constantemente melhorada nas operações do Programa Recicleiros Cidades. São quase 300 catadores e 50 técnicos facilitadores, em 14 cidades, passando pela capacitação. Com o apoio das empresas Grupo HEINEKEN, Nestlé e SIG, o Instituto Recicleiros está sistematizando o conteúdo que é fruto de 16 anos de atuação no campo para torná-lo disponível de maneira gratuita para catadores de todo o país.

Atuação com impacto social positivo

A iniciativa vem mudando a vida de trabalhadores, como é o caso da Deizideria Saraiva da Silva, 23 anos, cooperada, catadora e diretora administrativa da Recicla Cajazeiras, na Paraíba, desde 2022.

“A Academia nos dá toda a assistência para lidar com as questões burocráticas da empresa e questões legais. Fornece conhecimento técnico que só conseguiríamos se fizéssemos uma faculdade. Além disso, nos ajuda como pessoas dando oportunidade para aqueles que o mercado rejeita”, explica Deizideria.

A catadora conta que sua vida financeira mudou após entrar para a cooperativa e iniciar o processo de capacitação. “Por meio da minha remuneração, consegui estabilizar minha família, viver num padrão de vida melhor, pagar as contas, comprar minha moto, as coisas que meu filho precisa e pagar a minha faculdade, que comecei quando entrei na cooperativa”, encerra.

Erich Burger, Diretor Institucional de Recicleiros e um dos idealizadores da Academia, fala do impacto positivo que a Academia do Catador provoca: “entendemos que a demanda por capacitação de qualidade e aderente à realidade dos catadores vem de todo o Brasil. Com a experiência do Instituto Recicleiros na incubação e profissionalização de catadores, associada à possibilidade de deixar isso acessível e padronizado para quantos catadores tiverem interesse, acreditamos que temos um produto extremamente valioso e gerador de profundo impacto social. É um projeto de longa duração, de melhoria contínua, até que se torne a melhor e mais completa solução para o desenvolvimento profissional dos catadores”.

Empresas têm papel preponderante na Academia do Catador

Para dar escala à Academia do Catador, Recicleiros conta com o apoio de empresas que acreditam e apoiam essa causa. Tornar tanto o método quanto o conteúdo livres e gratuitos para catadores de todo o Brasil foi o que chamou a atenção e incentivou empresas a investirem no programa.

“Por meio da Academia queremos compartilhar o conhecimento e boas práticas gerados no Programa Recicleiros Cidades com outros catadores. Para nós a construção de uma cadeia ética de reciclagem, que garante condições de trabalho seguras e remuneração digna aos catadores, é fundamental. Hoje, temos os times de saúde e segurança e de melhoria contínua da fábrica da SIG trabalhando junto com o time dos Recicleiros para desenvolver os melhores protocolos. Nosso objetivo é que os catadores trabalhem nas unidades de processamento com as mesmas condições que nossos funcionários em nossas plantas”, diz Isabela De Marchi, Gerente de Sustentabilidade América do Sul da SIG.

“A Nestlé apoia mais de oito mil profissionais de reciclagem em todo o Brasil, com ações estruturantes que desenvolvem melhores sistemas de reciclagem, aumentam o engajamento sobre o tema e a renda desses trabalhadores. Estar junto com o Instituto Recicleiros, na criação da Academia, faz parte do compromisso da empresa de ter 100% de suas embalagens recicláveis e/ou reutilizáveis integrada à geração de impacto social positivo. E isso também acontece por meio da ampliação do conhecimento, que contribui para valorização dos catadores como empreendedores sociais”, afirma Cristiani Vieira, Gerente de Sustentabilidade da Nestlé Brasil.

Importante destacar que o programa trabalha com a lógica de “inovação aberta”, conceito que busca a inovação a partir da criação de parcerias externas com outras pessoas e organizações. Dessa maneira, os investidores têm a oportunidade de contribuir para a construção dos módulos educativos, estudos socioeconômicos e projetos especiais dentro do espectro da Academia do Catador.

“Sabemos da importância de catadoras e catadores para o funcionamento da cadeia da indústria de bebidas e da reciclagem e, principalmente, da nossa responsabilidade para com este público. O Instituto HEINEKEN, pilar social do Grupo, existe para atuar frente ao desafio de promover condições mais dignas de trabalho para esses profissionais, e parcerias como essa unem o nosso compromisso e recursos com a expertise de quem está diretamente ligado a esses profissionais, nos permitindo promover o desenvolvimento social e a inclusão produtiva necessários para gerar a transformação dessa realidade”, conta Vânia Guil, Gerente Executiva do Instituto HEINEKEN.

Por fim, Lusimar destaca a importância da participação das empresas para estender as ações da Academia do Catador.

“Com o apoio de mais empresas, vamos amplificar este modelo que estrutura, qualifica e emancipa os atores envolvidos nesse segmento da cadeia produtiva, além de gerar conhecimento que é aberto e compartilhado com outras organizações que promovem os catadores. E, por fim, transformar o que alguns ainda chamam de lixo em recursos, trabalho e dignidade, afinal, essa é a nossa missão”, finaliza o gestor da Academia do Catador, Lusimar Guimarães.

Veja 5 dicas para a logística da coleta de recicláveis ser super funcional

A infraestrutura de coleta e transporte foi assunto da 5ª Mentoria Técnica promovida pela Academia Recicleiros do Gestor Público, dentro do processo de qualificação dos municípios que concorrem a uma vaga para o Programa Recicleiros Cidades. 

Qual é o perfil e características do veículo adequado? Qual a importância da setorização? Qual é o melhor formato para a contratação dos serviços de coleta?

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Mentorias com especialistas Recicleiros qualificam gestores públicos

Essas foram algumas das questões abordadas no encontro online, que contou com a participação do especialista Augusto Dias Alves da Silva, técnico de logística do Instituto Recicleiros, responsável por ofertar conhecimento técnico na avaliação de cenários e soluções para o correto descarte, coleta e transporte de resíduos recicláveis nos projetos.

“A logística nada mais é do que um gerenciamento de fluxo de materiais e informações entre um ponto de origem e um ponto de destino, como objetivo de atender as necessidades da situação. Aqui em Recicleiros não é diferente, contudo, focamos na melhoria contínua do processo logístico da coleta seletiva nas cidades. Em cada praça que atuamos, focamos na melhor maneira de atender a demanda de coleta entregando um serviço de qualidade para os munícipes e gerando material de qualidade para a cooperativa”, diz Augusto.

Trabalho conjunto que gera economia para a cidade

Importante frisar que a Prefeitura é a titular da limpeza urbana, responsável pelos resíduos e, portanto, cabe a ela coletar e transportar os resíduos. Mas, o Instituto Recicleiros, por conta de sua experiência junto ao poder público, sugere encaminhamentos e propõe soluções para as gestões municipais.

“O que pretendemos com uma coleta eficiente é uma economia de recursos dos cofres públicos, uma vez que coletar e transportar reciclável torna-se mais vantajoso do que transportar rejeito. A perspectiva ao implantar a coleta seletiva inteligente com a alta taxa de adesão é ser mais econômica”, acrescenta Cezar Augusto, gerente da Academia Recicleiros do Gestor Público.

O que seu município precisa para ter uma logística funcional para a coleta seletiva? 

Nosso especialista no assunto deixa 5 dicas essenciais. Confira:

1. Setorização da cidade

Definir um conjunto de bairros que compõem um determinado setor de coleta.

2. Agenda de coleta

Estabelecer quais os dias da semana meu caminhão irá passar nos setores.

3. Veículos apropriados

Contar com uma frota adequada e com capacidade de carga para atender a demanda de material gerado na cidade.

4. Inteligência e acompanhamento

Ter caminhões na frota com sistema moderno de GPS para um monitoramento e garantia de plena execução do serviço na cidade.

5. Caixa de som

Instalar um sistema de som para a divulgação aos munícipes do serviço em “alto e bom som”, a fim de que todos saibam da operação de coleta seletiva.

E é claro, auxiliamos todos os municípios selecionados no Programa a alcançar esses objetivos.

Saiba para onde vão os investimentos de Recicleiros nos municípios que fazem parte do Programa Recicleiros Cidades

A Academia Recicleiros do Gestor Público tem como missão dar todo o suporte necessário para que os municípios brasileiros se qualifiquem e implantem do zero uma política pública de coleta seletiva e reciclagem inclusiva. 

Uma vez selecionado, o município recebe do Instituto Recicleiros apoio técnico estratégico e operacional para dar vida à coleta seletiva sólida e perene, incluindo, entre outras coisas, aportes financeiros e formação de pessoas em situação de vulnerabilidade. 

Muitos gestores públicos perguntam como são aplicados os investimentos de até R$ 5 milhões previstos pelo Programa Recicleiros Cidades. E esse foi um dos assuntos abordados na 4ª Mentoria Técnica da Academia Recicleiros do Gestor Público, cujo tema é “Dimensionamento do sistema - Recursos Humanos e Materiais”. 

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O evento online é parte das ações da Turma de Qualificação com os gestores de 25 municípios selecionados para concorrerem a uma vaga para o Programa Recicleiros Cidades dentro da Seletiva 2023.

A 4ª Mentoria abordou também as metas de destinação ambientalmente adequada dos recicláveis a serem percorridas pelo Programa Recicleiros Cidades, bem como os investimentos em recursos materiais e humanos, necessários ao longo do tempo.

Marcelo Dell’ Aquila, coordenador do centro de serviços compartilhados do Instituto Recicleiros, responsável pela análise dos investimentos projetados e realizados nas praças do projeto Recicleiros Cidades, pela estruturação administrativa das cooperativas e treinamento técnico aos cooperados, foi o especialista responsável pela mentoria.

Recursos para instalação e operação da coleta seletiva

Os investimentos do Instituto Recicleiros, em síntese, se resumem em duas fases. A primeira envolve a fase de instalação da Unidade de Processamento de Materiais Recicláveis (UPMR).

Nesse momento, os valores são aplicados em cinco pontos essenciais para o funcionamento do Programa. São eles:

  • Qualificação e Seleção
  • Roteirização
  • Equipamentos
  • Abertura da Cooperativa
  • Preparação da Planta

Já na segunda fase, a operacional, os investimentos se concentram em outros cinco pontos:

  • Impostos 
  • Despesas Administrativas
  • Despesas Operacionais
  • Transferência de Recursos para a Cooperativa
  • Assessoria Técnica

Além de detalhar a destinação dos recursos aplicados por Recicleiros, Marcelo Dell’ Aquila também falou dos investimentos do poder público e da importância de cada agente fazer a sua parte para que os trabalhos fluam e dê os resultados esperados.

“Quanto mais material reciclável entrar na UPMR, mais ele será processado. E essa entrada de material está ligada diretamente ao trabalho da prefeitura também, principalmente na conscientização e fiscalização do que está acontecendo e para onde esse material está indo”, destaca o coordenador do Instituto Recicleiros. 

A responsabilidade da prefeitura passa pelo investimentos na coleta seletiva, contratação de veículos e motoristas, contrato com Recicleiros, mão de obra, EPIs e taxa administrativa.

Por fim, um outro ponto interessante da Mentoria Técnica foi a entrada ao vivo diretamente da UPMR de Naviraí (MS). A líder de unidade Lana Farias mostrou um pouco do funcionamento e dinâmica da planta, como o processo de triagem de materiais recicláveis e o estoque, por exemplo. 

* A Academia Recicleiros do Gestor Público oferece para todos Gestores Municipais Brasileiros (em exercício) as gravações das mentorias na íntegra, dentro do blog de sua plataforma on-line, além de conteúdos exclusivos. Aos interessados(as), solicitar login e senha para o e-mail seletiva@recicleiros.org.br. (apenas e-mail oficiais .gov.br)

A regulamentação orçamentária como parte da coleta seletiva inclusiva

Depois de conhecer a importância da lei para a implantação da coleta seletiva como política pública, agora é hora de falar sobre a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei Orçamentária Anual. O assunto foi tema da 3ª Mentoria Técnica, encontro que faz parte da Turma de Qualificação dos municípios que desejam ser parte do Programa Recicleiros Cidades.

O objetivo do evento online era tratar da regulamentação do ponto de vista orçamentário e financeiro. O convidado foi, mais uma vez, Bruno Ruiz Segantini, Coordenador Jurídico do Instituto Recicleiros, que tem larga experiência no setor público, já que trabalhou por 15 anos na área jurídica da capital paulista.

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Lei de Diretrizes Orçamentárias e Lei Orçamentária Anual

Em sua apresentação, Bruno Segantini falou sobre a Lei de Diretrizes Orçamentárias, especialmente com relação à necessidade de prever recursos para o serviço público de coleta seletiva e reciclagem. 

Ele também abordou a importância do cumprimento da Lei Orçamentária Anual, sobretudo da importância de prever uma rubrica específica no orçamento do Município com recurso financeiro específico para atender aos objetivos do Programa Recicleiros Cidades, além das metas estabelecidas para prestação e manutenção do serviço público.

“Para tornar a política pública sólida, é preciso ter como base mecanismos legais e técnicos para que ela seja otimizada, perene, e que possa ser aprimorada com o passar dos anos”, afirmou Bruno. O coordenador jurídico de Recicleiros acrescenta que, num primeiro momento, esses recursos a serem provisionados são considerados como investimento do município, mas, conforme a curva da coleta seletiva cresce, isso muda de figura.

Investimento que se paga e gera muitos benefícios

“A maior quantidade de materiais recicláveis destinados para a Unidade de Processamento de Materiais Recicláveis significa menos lixo comum, o canal cinza, como chamamos. Portanto, há uma compensação”, diz. 

Enquanto a curva de custos com a coleta seletiva se eleva, a curva de despesas com os resíduos comuns diminui. No curto prazo, esse investimento passa a ficar equivalente ao que a prefeitura gastava antes da coleta seletiva. 

Em síntese: esse cenário pode configurar uma economia importante na gestão de resíduos sólidos da cidade. Sem falar nos ganhos ambientais e sociais que o Programa Recicleiros Cidades proporciona ao meio ambiente e aos cidadãos.

A importância da lei para a implantação de coleta seletiva como política pública

Para que a implantação da coleta seletiva e reciclagem nos municípios seja efetiva, uma legítima política pública, e não apenas uma ação de um governo, a Lei da Coleta Seletiva é essencial. Esse foi o centro da conversa da 2ª Mentoria Técnica, promovida pela Academia Recicleiros do Gestor Público, dentro do processo de qualificação dos municípios que concorrem a uma vaga no Programa Recicleiros Cidades. 

A Mentoria Técnica, cujo tema foi “Regulamentação: Lei da Coleta Seletiva”, foi conduzida por Bruno Ruiz Segantini, Coordenador Jurídico do Instituto Recicleiros, especialista da área que falou sobre a importância da promulgação da Lei da Coleta Seletiva, além das principais características e dos itens fundamentais dessa lei. 

Após a apresentação, Bruno ficou à disposição dos gestores públicos para debater os temas e esclarecer dúvidas.

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“A Lei da Coleta Seletiva tem muitos atores envolvidos. Contempla quem faz a coleta do munícipe, que, inclusive, precisa ser sensibilizado. Também tem o ponto da fiscalização, que é super importante. O intuito é criar uma política pública de estado, algo perene, não atrelado a uma gestão”, disse o Bruno Segantini.

“É claro que é muito importante para a gestão ter esse marco de implantação da coleta seletiva junto a uma política pública com rigor técnico, abraçando todas as questões possíveis. Mas, essa ação não pode terminar quando o governo acaba, por isso estamos falando de uma lei, e não de um decreto, que pode ser facilmente alterado”, acrescenta.

Por que ter uma Lei de Coleta Seletiva para participar do Programa Recicleiros Cidades?

Separamos 6 razões pelas quais é fundamental contar com uma Lei de Coleta Seletiva nos municípios para concorrer a uma vaga no maior programa estruturante de coleta seletiva e reciclagem do Brasil. Confira!

1. Participação social e dos atores envolvidos na temática, tornando a coleta seletiva política pública viva, em constante debate e evolução, modernizando e adequando a lei para as realidades que se apresentarem.

2. Fiscalização para coibir coleta irregular: retirando atores irregulares do processo de coleta e envolvendo apenas aqueles autorizados legalmente, que se beneficiarão diretamente da coleta, que são os cooperados.

3. Enquadramento de grandes geradores a partir da obrigatoriedade do Plano de Gerenciamento, essencial para coleta direta pelo sistema público.

4. Valorização dos catadores: previsão expressa de contratação de organização de catadores, gerando renda e promovendo a mobilidade de pessoas da vulnerabilidade social.

5. Criação da previsão legal, importância e roteirização, a partir do Plano de Coleta Seletiva.

6. Coleta seletiva como Lei torna qualquer gestão obrigada a manter a política ativa, afinal a revogação de uma lei ambiental é onerosa, burocrática e politicamente questionável.

Mentorias com especialistas Recicleiros qualificam gestores públicos para introduzir coleta seletiva nos municípios

Na última semana, o Instituto Recicleiros, por meio da Academia Recicleiros do Gestor Público, deu início à série de Mentorias Técnicas, que fazem parte do processo de qualificação dos municípios classificados para a terceira fase da Seletiva 2023 do Programa Recicleiros Cidades. 

O objetivo das Mentorias é esclarecer dúvidas e orientar os representantes municipais sobre os preparativos para concorrer a uma vaga no Programa Recicleiros Cidades e, assim, introduzir a coleta seletiva e reciclagem com impacto social.

Para tanto, as Mentorias conectam os gestores públicos com especialistas Recicleiros para troca de informações sobre temas diversos relacionados à implantação da coleta seletiva como, por exemplo, regulamentação, galpão, coleta e transporte, entre outras. As Mentorias acontecem semanalmente, em dez encontros, entre os meses de março e junho.

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Veja abaixo os temas das Mentorias Técnicas da Turma de Qualificação 2023:

1ª Mentoria: Abertura do Processo

2ª Mentoria: Regulamentação - Lei da Coleta Seletiva

3ª Mentoria: Regulamentação - LDO, LOA, PCS

4ª Mentoria: Dimensionamento do Sistema

5ª Mentoria: Infraestrutura: Coleta e Transporte

6ª Mentoria: Infraestrutura: Galpão

7ª Mentoria: Estabelecimento das Parcerias

8ª Mentoria: Organização de Catadores

9ª Mentoria: Mobilização e Comunicação

10ª Mentoria: Encerramento do Processo

Um pouco sobre o primeiro encontro

A 1ª Mentoria Técnica com os gestores de 25 municípios brasileiros contemplou uma apresentação abrangente sobre o Instituto Recicleiros, seus fundadores, além do Programa Recicleiros Cidades e sua equipe técnica. A agenda do dia ainda tratou sobre a dinâmica das Mentorias, assim como ressaltou a necessidade da participação efetiva de atores estratégicos da municipalidade.

O primeiro encontro tratou também das responsabilidades e o papel da administração pública na implantação da política pública de coleta seletiva e de reciclagem, seguindo as diretrizes do Programa Recicleiros Cidades.

Erich Burger e Rafael Henrique, fundadores e diretores do Instituto Recicleiros, marcaram presença no evento e deram suas contribuições, explicando, entre outras coisas, como concorrer a uma vaga no Programa Recicleiros Cidades.

“Ter vocês aqui com a gente é a demonstração que existem pessoas muito preocupadas com a gestão de resíduos no nosso país, tão impactante do ponto de vista ambiental e social, e dedicadas a trazer uma solução diferente do que a gente tem visto acontecer no país. Uma solução que vai muito além do operacional, que consegue enxergar o potencial para desenvolver cultura, boas práticas que serão referência para o país inteiro. E para desenvolver uma solução que oportuniza para as pessoas mais necessitadas, gerar trabalho, renda e empoderamento pessoal. Contem com os Recicleiros nessa jornada”, afirmou Erich Burger, diretor institucional do Instituto Recicleiros. 

Rafael Henrique, diretor de operações Recicleiros, falou sobre o legado que o Programa Recicleiros Cidades pode deixar no município.

“A palavra qualificação diz muito sobre o que vai acontecer nas próximas semanas. Para que a coleta seletiva aconteça como política pública e da maneira como a gente colocou na nossa missão, é fundamental que essa visão de construção de um legado seja imprimida desde agora. É por isso que qualificamos os municípios, preparando para que sejam solo fértil para que essa política pública nasça, permaneça e, principalmente, que a gente crie as condições para que ela seja resiliente ao longo do tempo. É uma construção de legado, é isso o que a gente propõe. Estamos aqui para trocar, ensinar e aprender”, disse Rafael.

Um dos pontos altos da 1ª Mentoria foi a participação ao vivo de representantes das Unidades de Processamento de Materiais Recicláveis (UPMRs) de Campo Largo (PR) e Garça (SP), mostrando a planta em plena operação para os gestores públicos.

Palavra de quem conhece e apoia o Programa Recicleiros Cidades

Vale citar também a presença de Isabela de Marchi, gerente de sustentabilidade da SIG Group para a América do Sul, patrocinadora semente do Programa Recicleiros Cidades.

“Trabalhamos com Recicleiros desde 2017, investindo nesse Programa que a gente acredita muito e faz parte de nossa estratégia. A gente sabe que a reciclagem é um desafio no Brasil, não só ambiental, mas social. O que a gente busca hoje com o Programa é garantir essa reciclagem ética, que todos os trabalhadores dessa cadeia vão trabalhar com equipamentos de segurança e receber uma remuneração digna. Então, nosso objetivo é maior, não é só garantir que a reciclagem seja feita, mas que seja feita da forma correta. É isso que o projeto proporciona para os municípios”, lembrou Isabela. 

As Mentorias Técnicas estão sendo gravadas na íntegra e ficarão à disposição dos representantes dos municípios, dentro do Blog na plataforma on-line da Academia Recicleiros do Gestor Público, inclusive os que não estão na lista de 25 classificados para a Turma de Qualificação da Seletiva 2023.